1957 - A construção da "Gruta" de Nossa Senhora em Barra de São Miguel - PB

Os moradores e visitantes de Barra de São Miguel-PB com certeza muito já se encantaram ao observar no horizonte da sede do Município, por sobre uma das serras circundantes do noroeste da cidade, uma construção de pedra e cimento, pequena e de grande singeleza, que já faz parte da paisagem desde o ano de 1957.

Observemos uma imagem panorâmica da "Gruta" de Nossa Senhora em Barra de São Miguel:

Imagem 1 - Acervo pessoal - 18 de março de 2016
 Esta é a imagem atual que temos em 2016 da "Gruta", com escadaria e cruzeiro na parte esquerda da imagem. Todavia, a construção original era mais simples, com a capela com portão de madeira e a calçada inicial apenas. Observemos uma imagem aproximada do exterior e do interior da "Gruta":

Imagem 2 - Visão externa (à esquerda) e interna (à direita) da "Gruta" de Nossa Senhora de Fátima
Como podemos observar na imagem 2, a simplicidade impera neste monumento religioso de Barra de São Miguel. Segundo o Sr. José Adailton (Dau de Carminha), esta imagem que se encontra na Gruta é a original de 1957, que foi comprada pelo Sr. Zé Costa em Fortaleza- CE.
 Observemos a história que nos é contada na placa existente no interior deste templo:

Imagem 3 - Placa do interior da "Gruta" N. S. de Fátima
 "SANTUÁRIO NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
"...o meu imaculado coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus"
Construído em 1957 por Zé Costa
Inaugurado em 13/05/57
Recuperado em 1998, com o retorno de Nossa Senhora de Fátima, após 40 anos, em 13 de junho de 1988, graças ao esforço de José Adailton (Dau), com o apoio de familiares e a comunidade.
Agradecimento especial: Severino Ferreira Sobrinho"

Esta placa é importante porque nos apresenta informações preciosas, em especial, que este monumento foi construído graças a ideia e empenho do Sr. Zé Costa. Observe que a data do dia 13 de maio é celebrada na comunidade católica local como a noite da família Costa no novenário mariano. Segundo o Sr. José Adailton, para que esta construção fosse efetivada, foi aberta uma "trilha" na subida da serra ao topo, onde foi feita a roçagem da caatinga para início da construção em pedras brutas, pelos pedreiros Zé Justino, José Benjamim e Cazuza (neste momento, o Sr. Adailton afirma que outras pessoas podem ter participado desta empreitada, porém, o mesmo não recorda o nome).

Por muitos anos a "Gruta", como é carinhosamente conhecida pela população, esteve sem a devida estrutura de acesso e manutenção. Graças aos esforços do Sr. José Adailton que, após o retorno do Recife com uma graça alcançada, no caso a cura de seu filho André, o mesmo liderou uma campanha de recuperação do ambiente junto com a comunidade local, contando com o auxílio em especial do Sr. Severino Ferreira. No dia 13 de junho de 1998 foi concluída a obra e a imagem de Nossa Senhora de Fátima voltou ao local, fazendo parte deste belo patrimônio religioso e histórico do município.

Para finalizar, observemos a imagem que, do alto da Gruta, podemos apreciar:

Imagem 4 - Acervo pessoal - 18 de março de 2016
Parando na "Gruta" Nossa Senhora de Fátima, olhando para o nascente, esta é a bela paisagem que podemos contemplar da sede do Município de Barra de São Miguel - PB.

João Paulo França, 29 de julho de 2016


Fonte:

Acervo Pessoal do autor.
Informações do Sr. José Adailton

Otávio Corrêa de Araújo: um caririzeiro Governador de Pernambuco!

Uma das famílias tradicionais de Barra de São Miguel - PB possuía muitas influências no vizinho estado de Pernambuco: trata-se da família Corrêa de Araújo, que além da vivência local, também tinha ramificações em Vertentes - PE. Deste contexto surge o personagem que estamos a apresentar nesta matéria. 

Imagem 1 - Otávio Corrêa de Araújo - Acervo do Governo de PE
Otávio Corrêa de Araújo nasceu 27 de outubro de 1900, filho de Tranquilino Corrêa de Araújo e de Severina Cavalcanti de Araújo. Era irmão de Augusto Corrêa de Araújo, que nomeia uma das ruas mais antigas de Barra de São Miguel.

Como o objetivo de nosso site é trazer para os amigos leitores o máximo de informações possíveis acerca das pessoas que tiveram um pouco de seu passado ligado a Barra de São Miguel-PB, a seguir, transcrevemos a biografia de Otávio Corrêa de Araújo que consta no CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História) da FGV (Fundação Getúlio Vargas):

"CORREIA, Otávio

*gov. PE 1947-1948; dep. fed. PE 1951-1952 e 1954-1955; gov. PE 1958-1959.


Otávio Correia de Araújo nasceu em Cabaceiras (PB) no dia 27 de outubro de 1900, filho de Tranqüilino Correia de Araújo e de Severina Cavalcanti de Araújo.
Cursou o Ginásio Pernambucano e bacharelou-se pela Faculdade de Direito de Recife, em 1928.
Em 1930 foi nomeado prefeito de Vertente (PE).

Após o fim do Estado Novo (1937-1945), elegeu-se deputado constituinte estadual em Pernambuco, no pleito de janeiro de 1947, pela legenda do Partido Social Democrático (PSD). Presidiu a Assembléia pernambucana durante os trabalhos constituintes e, nessa condição, logo após a promulgação da nova Carta em julho de 1947, assumiu o governo de Pernambuco em substituição ao interventor Amaro Gomes Pedrosa. Transmitiu o cargo em fevereiro do ano seguinte a Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho, que fora eleito governador em janeiro de 1947 e cuja posse foi retardada em conseqüência de recursos interpostos por seus adversários na Justiça Eleitoral. Reassumiu interinamente o governo pernambucano em junho de 1949.
No pleito de outubro de 1950 elegeu-se deputado federal por seu estado na legenda da Coligação Democrática Pernambucana, formada pela União Democrática Nacional (UDN), o Partido Republicano (PR), o Partido de Representação Popular (PRP), o Partido Democrata Cristão (PDC), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Libertador (PL). Iniciando o mandato em fevereiro do ano seguinte, licenciou-se de dezembro de 1952 a julho de 1954 para ocupar a Secretaria do Interior e Justiça de Pernambuco durante o governo de Etelvino Lins (1952-1954).
No pleito de outubro deste último ano elegeu-se deputado estadual em Pernambuco na legenda da Aliança Social Democrática, constituída pelo Partido Social Progressista (PSP) e o PL. Deixou a Câmara dos Deputados em janeiro de 1955, para assumir no mês seguinte o mandato no Legislativo pernambucano. Durante o governo do general Osvaldo Cordeiro de Faria em Pernambuco (1955-1958), assumiu interinamente o Executivo estadual em diversas ocasiões, na condição de presidente da Assembléia Legislativa. Em 1957 foi eleito pela Assembléia Legislativa, por votação indireta, para o cargo de vice-governador. Em novembro de 1958, Cordeiro de Farias deixou o governo e Otávio Correia o substituiu até janeiro do ano seguinte, quando transmitiu o cargo ao governador eleito, Cid Sampaio. Em outubro de 1958 reelegeu-se deputado estadual, na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), exercendo o mandato até o final da legislatura. Não logrou eleger-se pela terceira vez consecutiva no pleito de outubro de 1962, quando se lançou candidato pelo Partido Social Trabalhista (PST), obtendo apenas a terceira suplência.
Em 1963 começou a trabalhar como assessor jurídico do Ministério da Agricultura, nomeado pelo então ministro Osvaldo Lima Filho.
Com a cassação dos mandatos de alguns deputados, de acordo com o Ato Institucional nº 1 (AI-1), de abril de 1964, baixado pelos militares após a deposição do presidente João Goulart (31/3/1964), veio a assumir uma vaga na Assembléia Legislativa pernambucana. Em 1966, foi candidato a suplente de senador pela legenda do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar, mas não foi eleito.
Aposentou-se em 1970, quando ocupava o cargo de assessor jurídico do Ministério da Agricultura.
Faleceu no dia 24 de maio de 1993, em Recife.
Era casado com Maria Elizabeth Navais Correia de Araújo, com quem teve cinco filhos.


FONTES: CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados brasileiros (1946-1967); CÂM. DEP. Deputados brasileiros. Repertório (1951-1955); CÂM. DEP. Relação dos dep.; CISNEIROS, A. Parlamentares; CORRESP. GOV. EST. PE; Diário Oficial; Encic. Mirador; INF. FAM.; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (1, 2 e 3)


A seguir observemos o print da página da Assembleia Legislativa de Pernambuco, que o coloca na galeria dos ex-presidentes daquele poder.

Imagem 2 - Print da página eletrônica da ALEPE em 07 de julho de 2016

A seguir, mais um print, desta feita da página do Governo do Estado de Pernambuco, onde mais uma vez é destacada a atuação de Otávio Corrêa de Araújo como Governador do Estado:

Imagem 3 - Print da página eletrônica do Governo de Pernambuco em 07 de julho de 2016
Entre as diversas imagens de jornais onde Otávio Corrêa de Araújo aparece, destacamos uma a seguir, onde o mesmo recepciona a líder argentina Evita Perón:

Imagem 4 - Otávio Corrêa recepciona Evita Peron
Vejamos trecho da reportagem de Wagner Sarmento sobre este evento:

"JANTAR

Findada a improvisada coletiva de imprensa, Eva Perón foi para o Palácio do Campo das Princesas, onde foi recebida com um jantar de gala organizado pelo então governador Otávio Corrêa de Araújo e esposa. O encontro contou com a presença de secretários de Estado e seus familiares. Evita estava acompanhada do irmão, Juan Ramón Duarte, secretário privado de Juan Perón.

“Madame Perón, em nome do governo do Brasil e de toda a nação, com imensa alegria eu saúdo a vossa excelência e ao grande povo argentino”, afirmou Corrêa na ocasião. Evita tomou champanhe e, ao puxar o brinde, exclamou: “Pelo Brasil, pelo presidente Eurico Gaspar Dutra e pela felicidade do povo brasileiro!”. Fotografias do encontro, publicadas no jornal Folha da Manhã, enriquecem as prateleiras do Arquivo Público de Pernambuco e afiançam a história."

Com certeza muitas outras passagens da vida de Otávio Corrêa ainda estão por ser conhecidas pelas novas gerações caririzeiras e procuraremos apresentar neste espaço.

João Paulo França, 27 de julho de 2016.


Fonte:

http://www.alepe.pe.gov.br/museu/ . Acesso em 07 de julho de 2016.
http://www.pe.gov.br/governo/galeria-de-governadores/otavio-correa-de-araujo/ . Acesso em 07 de julho de 2016.
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/otavio-correia-de-araujo . Acesso em 10 de julho de 2016.
http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/mundo/internacional/noticia/2012/07/21/evita-peron-no-recife-49860.php. Acesso em 10 de julho de 2016

1980 - A História do Náutico Futebol Clube de Barra de São Miguel (Parte 3)

Uma história tão bela como a do Náutico Futebol Clube de Barra de São Miguel também contém fragmentos de sementes de futuro. Assim, dedicamos esta postagem as equipes mirins, de base, que foram organizadas por Livaldo, muitas destas crianças inclusive foram iniciadas no futebol barrense na equipe alvirrubra.

Para iniciar, apresentamos uma equipe que na verdade é uma mescla de atletas experientes com jovens da cidade. Segundo Livaldo, este seria um 2º quadro da equipe que jogou no Distrito de Mororó de Barra de Santana:

Imagem 1 - Náutico contra a equipe do Distrito de Mororó - Acervo do Sr. Livaldo
Em pé, da esquerda para a direita: Livaldo, Lucinho, Henrique (Goleiro), Berg, Jailsom, Severino Dantas e Derivam. Agachados: Luizinho, "Chama", João Paulo de "Popô", Rafael, Paulo de Rita, Toinho de Andrade e Dinda de Pedro Né.

A seguir, uma verdadeira relíquia, que luta contra a ação do tempo:

Imagem 2 - Náutico infantil - Acervo do Sr. Livaldo
Em pé, da esquerda para a direita: Livaldo, João Paulo de Zé de Bibi, Bamba, Henrique (Goleiro), Shirley, Miguel de Noberto e Rodrigo de "Santa". Agachados: Wilton, Miguelzinho, Paulinho de Petronila, Toinho de Andrade, Junior de Plínio e Paulo de "Rita".

E esta história continua. A seguir, observemos uma formação da equipe no ano de 2015, na cidade de Barra de Santana:

Imagem 3 - Náutico em 2015 - Acervo do Sr. Livaldo
 Em pé, da esquerda para a direita: Chico, Mike, Kenedy, Muma, Felipe, Carlinhos (Goleiro), Alisson e Livaldo. Agachados: David, Juninho, Kiel, Rafa, Carlinhos de "Dida" e Eliseu. Também em 2015, na cidade de Riacho de Santo Antônio, temos mais uma imagem:

Imagem 4 - Náutico em 2015 em Riacho de Santo Antônio - Acervo do Sr. Livaldo
Em pé: Neguinho de João Borges, (?), Fernando, Mike, Lé, Ariel, Boquinha, Jonathan e Livaldo. Agachados, Emanel, Bila, Bê, Eliseu e Juninho.

Esta história com certeza ainda continua, firme e forte nos campos de terra batida deste Cariri paraibano. Nossos parabéns e agradecimentos ao Sr. José Livaldo de Moura, que continua a construir, junto com seus atletas as emoções do futebol nesta região. Em breve, publicaremos uma entrevista que o mesmo nos concedeu, mostrando um pouco desta caminhada e dos planos futuros para o Náutico de Barra de São Miguel-PB.

João Paulo França, 24 de julho de 2016.


Leia também:

1980- A História do Náutico Futebol Clube de Barra de São Miguel (Parte 1)

1980 - A História do Náutico Futebol Clube de Barra de São Miguel (Parte 2)


Fonte:

Imagens e informações de José Livaldo de Moura.

Procissão de São Miguel em Barra de São Miguel no ano de 2015

Nesta data unimos diversos símbolos da história, cultura e memória dos barrenses. Publicado em 28 de setembro de 2015, por Claudiana Maria do Bomfim, este vídeo com duração de 8:20 minutos nos mostra não só a saída da centenária procissão de São Miguel Arcanjo de Barra de São Miguel, mas também outros sons característicos da cidade.
 
Escutemos as badaladas inconfundíveis do sino tocando festivamente na saída da procissão... passemos ao lado do andor de São Miguel, caminhemos pelas ruas Tenente Pedrosa e Thomaz de Aquino enquanto escutamos a centenária Filarmônica São Miguel entoar a tradicional marcha de procissão "Nossa Senhora do Carmo", tão conhecida e apreciada pelos fiéis.

Veja o vídeo aqui.


Em breve continuaremos a publicar mais imagens do cotidiano de Barra de São Miguel - PB.

João Paulo França, 22 de julho de 2016


Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=M6N3N-Qp2NY

Século XIX - Vamos à "Barra de São Miguel" ou "Barra de Ignácio Tavares"?

Hoje, voltamos aos jornais e fontes de época no século XIX para tentarmos compreender como a localidade, atualmente nomeada por Barra de São Miguel, era conhecida no período.

Percebemos pelas fontes pesquisadas que duas nomenclaturas eram utilizadas, ou seja, as pessoas se referiam tanto a "Barra de São Miguel", quanto a "Barra de Ignácio Tavares". Vejamos um exemplo do uso dos dois nomes, encontrado em um jornal pernambucano:


Imagem 1 - Diário de Pernambuco de 29 de outubro de 1880
Neste trecho de uma longa reportagem do Diário de Pernambuco de 29 de outubro de 1880, que trata da "Estrada de ferro do Limoeiro", percebe-se na parte destacada, que as denominações para o lugar da, hoje cidade de Barra de São Miguel, era feito a partir de duas designações. Vejamos:

"É bom de notar que oito leguas acima do Limoeiro, encontra-se com a estrada que passa nesta villa, a que vem de Vertentes, de Taquaretinga; essa estrada entra também na provincia da Parahyba, pelo lugar denominado Barra de Ignácio Tavares, a que outros chamam Barra de S. Miguel, e indo a S. Thomé, importante povoação da Parahyba."

Como destacamos na transcrição, o autor cita o "lugar denominado Barra de Ignácio Tavares, a que outros chamam Barra de São Miguel", como sendo sinônimos da mesma povoação da província da Parahyba, naqueles idos de 1880, o que de certo modo nos apresenta pistas que as duas denominações eram utilizadas sem distinção clara ainda neste período.

A seguir, apresentamos uma parte da lei de criação do Município de Cabaceiras - PB, primeiro documento até o presente momento de nossa pesquisa que cita a "Barra de Ignácio Tavares" textualmente. Vejamos:

Imagem 2 - Correio Official do Império - 27 de outubro de 1835
Até 14 de dezembro de 1961 o lugar da Barra de São Miguel pertenceu ao Município de Cabaceiras - PB. Esta relação vem de longa data, no mínimo 1835, quando da criação da "Villa Federal de Cabaceiras". Note-se na descrição dos limites que o lugar denominado como Barra de Ignácio Tavares é citado textualmente na lei que aprovou a criação do Termo de Cabaceiras.

Se inicialmente, o lugar Barra de Ignácio Tavares foi citado na Lei de criação da Villa Federal de Cabaceiras, esta nomenclatura foi perdendo espaço para outro nome, pois na Lei de criação do Distrito, o nome apresentado é outro. Vejamos:

"Distrito criado com a denominação de Barra de São Miguel, pela lei municipal nº 2, de 06-05-1866, subordinado ao município de Cabaceiras". (IBGE)

Mesmo que o nome que prevalecera na criação do Distrito em 1866 tenha por menção a "Barra de São Miguel", percebe-se pela imprensa da época que a antiga denominação de Barra de Ignácio Tavares também tinha lugar. 

Na reportagem intitulada 1862 - Cólera em Barra de São Miguel - PB. (Acesse Aqui) percebemos que a imprensa nacional ao se referir a epidemia de Cólera que assolou a região, hora se referia a Barra de São Miguel (Jornal "A Regeneração"), ora se referia a Barra de Ignácio Tavares (Jornal "Diário de Pernambuco"), o que mais uma vez nos mostra que ambos os nomes eram utilizados.

A denominação da "Barra de Ignácio Tavares" era usada principalmente a partir da capital pernambucana. Observemos o anúncio a seguir, de 1872:


Imagem 3 - Diário de Pernambuco de 06 de julho de 1872
Manoel Joaquim Dias, localizado a "rua da Imperatriz n. 78, loja", disponibiliza seus serviços de cobrança de dívidas. Textualmente, lemos: 
- O abaixo assignado tendo de ir ao centro da provincia cobrar suas dividas nos lugares seguintes: Limoeiro, Vertentes, Barra de Ignacio Tavares, S. Thomé, S. José de Pajeú, Lagôa do Monteiro, Afogados da Ingazeira, Bom Conselho, S. José do Piancó, Baixa-Verde e Serra do Teixeira, offerece-se a alguns commerciantes que tiverem dividas para os mencionados lugares e que sejam cobraveis, e as queiram mandar receber, mediante uma modica porcentagem (...)

Além de também ser conhecida por Barra de Ignácio Tavares, este anuncio claramente reforça nossa compreeensão que a "Barra" era lugar de passagem entre Vertentes e o Sertão Pernambucano.

Além dos exemplos citados acima, vejamos mais uma citação da nomenclatura da "Barra" no século XIX:


Imagem 4 - Jornal do Commercio de 30 de novembro de 1879
Nesta notícia de 30 de novembro de 1879 do Jornal do Commercio, encontramos mais uma vez a denominação da "Barra". Neste caso, o bando de Adolpho-meia-noite estava a aterrorizar a região e nesta notícia assaltou os portadores das "malas eleitorais" que seguiam para o Sertão Pernambucano, via "Barra de Ignácio Tavares".

Vale lembrar que muito já se falou em Barra de São Miguel acerca de outros nomes que este lugar já foi conhecido. "Potira" é o mais famoso, todavia, este nome foi oficial somente no século XX, especificamente, entre 1943 e 1960. Percebemos pelas inúmeras fontes pesquisadas que inicialmente a povoação era conhecida por "Barra de Ignácio Tavares" e, ao longo do século XIX foi se consolidando a atual nomenclatura de "Barra de São Miguel", preferido por 56% dos que acessaram a enquete criada por este site no mês de maio último (O resultado completo está visível no lado direito).

João Paulo França, 20 de julho de 2016

Fonte

Correio Official do Império de 27 de outubro de 1835
Diário de Pernambuco de 29 de outubro de 1880
Diário de Pernambuco de 06 de julho de 1872
Jornal do Commercio de 30 de novembro de 1879
Site do IBGE. Disponível em http://www.cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=250170&search=|barra-de-sao-miguel. (Acesso em 03 de maio de 2016).

O time "Ouro Preto": do Sítio Logradouro para toda a Barra de São Miguel - PB (Parte 1)

Certamente os amigos leitores já ouviram falar e viram esquadrões tradicionais de times de futebol amador desfilar pelos campos de terra batida de Barra de São Miguel - PB. Todavia, neste post vamos encontrar um time que marcou época em nosso Município: o time do "Ouro Preto", do Sítio Logradouro, região localizada à nascente da sede da cidade.

Vejamos, a seguir uma bela imagem desta equipe:

Imagem 1 - Time do "Ouro Preto" - Acervo do Sr. Fernando de "Paca"
Em pé, da esquerda para a direita: Pedro "Paca", Fernando "Paca", Manoel de "Francelino", Zé de Silva (Goleiro), Deda Doutor, Miro de "Simplício". 
Agachados, da esquerda para a direita: Osvaldo de "Euclides", (Desconhecido), Fernando de "Biu Toco", Mista (Zezé de Antônia Pereira) e Assis de Zé Paca.

Pelos sobrenomes, percebe-se que o time era uma verdadeira família. Segundo o Sr. Fernando "Paca", nascido em 1950, o mesmo recorda que nesta fotografia ainda era solteiro e teria entre 23 e 24 anos de idade, ou seja, seria uma fotografia da década de 1970, por volta de 1973 ou 1974. O mesmo recorda que começou a jogar na equipe quando tinha por volta de 15 anos de idade e o time já existia, ou seja, antes de 1965.

Nascido em 1958, o Sr. Zé de "Paca" nos informa que por volta dos 16 anos de idade (aproximadamente em 1974) participou de tardes festivas de futebol. Esta equipe, do Logradouro, chegou a formar grande número de jogadores, inclusive, em determinadas épocas tinha 1º e 2º quadro, além de um campo de futebol lá no sítio, que recebia times de diferentes localidades, além de saírem para enfrentar outras equipes nos campos das mesmas.

O Sr. Zé de "Paca" lembra que chegou a enfrentar equipes da cidade de Barra de São Miguel, como o "time de Heleno de Pretinha", além de jogos no Sítio Macaco, Sítio Teú, Sítio Travessão, Distrito do Pará. O Sr. Fernando de "Paca" acrescenta jogos no Riacho Fundo, Pata, Serra dos Bois, Bandeira e Jerimum. 

Para o Sr. Fernando Paca, um jogo que marcou foi no Sítio Travessão, próximo ao Pará, nas terras de "Deda Colírio", onde a equipe, mesmo desfalcada, empatou o jogo em 3x3, com dois gols de cabeça de Manoel de Francelino, a partir de escanteios. O mesmo era muito bom em "fazer gols de cabeça".
Sobre a formação geral da equipe em diversos jogos, lembra que "Zé de Silva" era o goleiro. Já "Deda" e "Miro" era os dois de trás (zagueiros). O atacante era "Zezé", que "jogava direitinho" e era bem "jeitoso" com a bola.

Para o Sr. Fernando de "Paca", a ideia do nome "Ouro Preto" foi do principal incentivador inicial da equipe, o Sr "Zé de Silva Máximo", que vivia da Barra para São Paulo e trouxe uniforme e bola para a formação do time.

Segundo o Sr. Zé de "Paca", o "enfrentante" da equipe por aqui era o Sr. Manoel de Francelino. A bola e o uniforme "vermelho e branco" foi trazido por Sr. "Zé de Silva Máximo", que reside ultimamente na cidade de Toritama-PE.

O Sr. Zé de "Paca" lembra que nos domingos que havia jogo no "Logradouro" era dia de festa e iam pessoas de diferentes localidades, desde o Sítio Macaco até a região das Pedras Altas. Era uma grande confraternização e alegria com tanta gente da região, inclusive de Barra de São Miguel, dos plantios do açude, que desciam para o para o Sítio Logradouro.
Para concluir, passamos ao nome de alguns atletas lembrados pelo Sr. Zé de Paca: Assis de Zé Paca, Fernando Paca, Manoel de Francelino, João Francelino, Antônio Francelino, Osvaldo, Pedrosa de João Dudu. Miro de Simplício, Mané de Zé de Paca. Zé de Silva, Roberto de José Francelino e o próprio Zé de Paca, que foi Goleiro do time.

Imagem 2 - Os irmãos "Fernando e Zé de Paca"
De certo modo, após a geração inicial, outros jovens continuaram a levar o futebol no Sítio Logradouro à frente. Como exemplos, são lembrados Tonca, Manoel de Francelino, Paulo, dentre outros que jogaram no Sítio até a década de 1980.

Nossos agradecimentos aos Srs. José Francisco da Silva e Fernando Antônio da Silva, por nos proporcionar esta alegria de conhecer mais um pouco do passado das alegrias do futebol amador do Município de Barra de São Miguel - PB.

João Paulo França, 17 de julho de 2016


Fonte:

Acervo e informações do Sr. Fernando Antônio da Silva, em entrevista em 13 de julho de 2016
Informações do Sr. José Francisco da Silva, em entrevistas dias 25 de junho e 13 de julho de 2016

1987 - Frei Damião de Bozzano em Barra de São Miguel - PB (Parte 3)

Encerrando a disponibilização do belo acervo sobre a passagem de Frei Damião por Barra de São Miguel - PB em 1987, apresentamos nesta terceira parte mais sete imagens que mostram um pouco do frade capuchinho em contato com os moradores locais. Vejamos:

Imagem 1 - Frei Damião e fiéis locais chegando pelo lado da Rua Tenente Pedrosa à Igreja
Esta fotografia de certo modo mostra como o Frei Damião era acessível por onde passava.

Imagem 2 - Frei Damião ao lado da casa Paroquial
Na imagem 1, vários moradores locais acompanham Frei Damião rumo a Igreja de São Miguel. Destaco na imagem as pedras que formavam o alicerce do antigo cemitério ao lado da igreja, que hoje está coberta pela praça existente no local. Ao fundo, no lado direito, temos também uma visão da antiga forma da casa paroquial da cidade.

Nesta fotografia número 2 ao lado, vemos saindo da casa paroquial Frei Damião amparado por jovens e pelas autoridades locais no período. A direita, de camisa branca temos o Sr. Pedro Pinto da Costa, ex-prefeito do município por quatro vezes. Ao lado deste, está a Sra. Dora, esposa do Sr. José Lupércio Corrêa de Araújo, que se encontra atrás de Frei Damião. A esquerda identificamos a jovem Mônica, filha do Sr. Miguel Costa e da Sra. Zefinha.

 A seguir as imagens 3 e 4:












Estas imagens 3 e 4, mostram mais uma vez Frei Damião e Padre Paulo na procissão com o ostensório pelas ruas da cidade. A princípio não identificamos os locais exatos das fotografias, todavia, as mesmas também fazem parte deste rico acervo que mostra os detalhes desta missão que ocorreu em 1987 na cidade paraibana de Barra de São Miguel.

Imagem 5 - População acompanha a Celebração na Calçada da Igreja
 Nesta fotografia número 5 temos uma imagem feita da frente da Igreja de São Miguel voltada para a Praça Ismael Mahon. Destaque-se a força policial na parte direita a acompanhar toda a movimentação.

Imagem 6 - Chegada de Frei Damião a calçada da Igreja local
Nesta imagem número 6 destacamos a vitalidade de Frei Damião que caminha rumo a Igreja de São Miguel, após a procissão pelas ruas da cidade.

Imagem 7 - Frei Damião indo embora?
Para finalizar esta bela série de imagens, temos Frei Damião sentado a frente em um veículo. Pelo ambiente, na altura da metade da Rua Tenente Pedrosa e disposição corporal das pessoas ao redor do carro, conjecturamos que esta fotografia apresentaria a despedida de Frei Damião da cidade de Barra de São Miguel. Pelas informações que temos até o presente momento, esta seria sua última passagem pela cidade.

Mais uma vez o nosso agradecimento ao jovem Bartô Pinto pela cooperação com nossa história.

João Paulo França, 15 de julho de 2016.


Leia também:




Fonte:

Acervo de Bartô Pinto

1985 - Memória da Semana Santa escrita por Pe. Gabriel

Por anos a fio a comunidade Católica de Barra de São Miguel - PB fez parte da Paróquia de São Pedro de Caraúbas-PB. Esta por sua vez passou muito tempo sem a assistência direta de um pároco residente na mesma, contando com a administração do saudoso Padre Paulo Roberto, que era o vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Sumé - PB.
Neste contexto, os barrenses certamente lembram do acompanhamento religioso que passou a receber dos irmãos da Congregação Redentorista. O desbravador neste caminho foi o Padre Gabriel, que do alto de seus 80 anos, em 2013, narrou um pouco de suas memórias no livro Histórias que eu conto aos 80, editado pelo Padre Francisco de Assis Gabriel, CSsR.
Vejamos uma imagem deste padre tão querido da comunidade católica barrense:

Imagem 1 - Batizado na Igreja de Barra de São Miguel, ministrado por Pe. Gabriel - Acervo da Sra. Áurea Vieira
Esta imagem, não datada é apenas uma amostra do longo trabalho de evangelização empreendido pelo Pe. Gabriel, onde o mesmo levou a pia batismal da Igreja de São Miguel diversos filhos desta terra nascidos a partir da década de 1980. Nesta imagem 1, entre outras pessoas, observamos em primeiro plano a Sra. Maria de Tereza, o Sr. Antônio Bernardo, o Pe. Gabriel e a Sra. Áurea Vieira.
A seguir, destacamos a capa do livro Histórias que eu conto aos 80, escrito em 2013:

Imagem 2- Capa do livro autobiografia de Padre Gabriel
Segundo a autobiografia do Padre Gabriel Hofstede, o mesmo nasceu em 09 de abril de 1933 em Schipluiden, na Holanda. Viveu as agruras da 2ª Guerra Mundial (1939-1945). Entrou para a vida religiosa em 1952 e em 04 de outubro de 1955 chegou ao Rio de Janeiro, vindo em um navio com mais de 1300 passageiros.
Estudou em Juiz de Fora e foi ordenado Padre em 1959 nesta cidade mineira.
Após uma volta para a Europa, em 1965 chegou ao Recife, onde passou a atuar na sua ação missionária.
Em 1983 foi indicado para iniciar um trabalho junto aos leigos no cariri paraibano, vindo a residir na cidade de Monteiro - PB. Daí passar a vir a Barra de São Miguel foi um instante apenas.
Assim, dentre as belas histórias contadas por Pe. Gabriel, o mesmo recorda com carinho a celebração da Semana Santa de 1985. Neste sentido, o mesmo escreve:

Imagem 2 - Página 137 do livro Histórias que eu conto aos 80 - Pe. Gabriel
Esta história segue na página seguinte:

Imagem 3 - Página 138 do livro Histórias que eu conto aos 80 - Pe. Gabriel

Pela narrativa da aventura que foi atravessar diversos riachos para esta celebração da Semana Santa de 1985, percebe-se como foi um momento que marcou o Padre Gabriel, sendo esta uma das 80 histórias que foram narradas no livro base que estamos a utilizar como fonte desta matéria.
Para finalizar, vejamos a imagem da Igreja de Barra de São Miguel que Padre Gabriel se refere em sua escrita:

Imagem 4 - Senhor Morto - Matriz de São Miguel de Barra de São Miguel - PB
Segundo José Raimundo (Zé de David), o mesmo foi o encarregado de adquirir a imagem do Senhor Morto, inclusive, é uma das poucas imagens da centenária igreja de Barra de São Miguel que é datada a sua aquisição, ou seja, em março de 1985, para que a comunidade celebrasse a partir de então a Semana Santa.

João Paulo França, 12 de julho de 2016.


Fonte:

HOFSTEDE, Padre Gabriel. Histórias que eu conto aos 80. Edição: GABRIEL, Padre Francisco de Assis. Garanhuns: 2013.
Informações de José Raimundo Ferreira (Zé de Davi)
Acervo da Matriz São Miguel de Barra de São Miguel - PB

"Fagulhas" da História do Botafogo de Barra de São Miguel - PB

Neste domingo nossas memórias se voltam mais uma vez para o futebol amador na cidade de Barra de São Miguel - PB. Muito da diversão em uma comunidade tão pequena passava pelos campos de terra batida onde a juventude e a população em geral se encontrava, geralmente aos domingos, para receber visitas de equipes de outros lugares, ou ver as disputas locais.

Neste cenário, recordamos hoje uma equipe que já não desfila pelos campos barrenses, o Botafogo, mas conhecido como o Botafogo de "Heleno de Pretinha".

Homem simples, agricultor, mas que cultivava a paixão pelo futebol, o Sr. Amaro José de Lima, ficou conhecido em Barra de São Miguel como "Heleno de Pretinha" (Pretinha, sua esposa, que por muitos anos foi a zeladora da Escola Melquíades Tejo). O mesmo nasceu em 02 de setembro de 1944 e faleceu em 09 de março de 2013. Com outros jovens barrenses, Heleno comandou a equipe do Botafogo, que ainda temos muito por conhecer sobre sua história.

A seguir, vejamos a única imagem que até o presente conseguimos deste esquadrão:

Imagem 1 - Botafogo de Barra de São Miguel - PB - Acervo de Rosinaldo (Nenenca)
Após dialogar com alguns barrenses, conseguimos as seguintes informações acerca desta fotografia:
Em pé, da esquerda para a direita temos: Zezé Quixabeira (Ex-vereador), (Desconhecido), Biu de Zeca Félix, Irineu Pessoa, Heleno Diniz, (Desconhecido), Manoel de Tetê. 
Agachados: Tonho de Gersom, Heleno de Pretinha, Chico de Zezinho Caruaru, Tião de Cazuza, Juscélio e Zé de Peteuza. 
Reconheceu mais alguém? Nos informe, será um prazer completar este quadro.

Quanto ao período que esta equipe existiu, não temos informações precisas, conjecturamos ser nas décadas de 1970 e 1980. O jovem Rosinaldo (Nenenca) nos informa que seu pai, o Sr. Heleno já comandava este time quando o mesmo nasceu, em 1976. Também nos informa que o seu pai chegou a formar três quadros da equipe, sendo o Botafogo o primeiro, o Grêmio o segundo e o Palmeiras, da "meninada", que Nenenca jogou, o terceiro quadro.

Outra pista que nós temos da existência do Botafogo vem do Sr. José Livaldo de Moura. Em história já contada neste site, na reportagem 1980 - A História do Náutico Futebol Clube de Barra de São Miguel (Parte 1).

Segundo o Sr. Livaldo, em 1981, o mesmo organizou o primeiro campeonato municipal e entre as equipes participantes estavam o Botafogo, de "Heleno de Pretinha", além das equipes do Logradouro, do Santa Cruz de "Peba", do Palmeiras do "Macaco" e o Náutico, que havia sido fundado no ano anterior pelo mesmo.

Dentre as equipes participantes, o esquadrão do Botafogo se destacou, em especial com o seu artilheiro, o jovem à época, Zé de Peteuza. Livaldo fala com saudosismo, ao lembrar a boa vontade de Heleno de Pretinha, ao lembrar do diálogo com um atleta da equipe: "Ô cumpadre, marque qualquer um que passar aí do seu lado!". Livaldo lembra também alguns atletas da equipe do Botafogo, como os Srs. Cláudio de Zé Pequeno, Zé de Mané, Irineu Pessoa, Inácio de Zé de Santo, Edmilsom de João Belé, Heleno Diniz e Zé de Peteuza.

A decisão deste campeonato de 1981 foi uma espécie de "melhor de 3", quando o Botafogo de Heleno de Pretinha enfrentou o Náutico de Livaldo.

O primeiro jogo foi empate e, necessitando pela questão da pontuação corrida, de vitória nas últimas partidas, Livaldo lembra que o Náutico conseguiu êxito de "virada", vencendo por 2x1 no último jogo que ocorreu em um sábado de manhã, no campo menor, próximo ao cemitério. O árbitro da partida foi Paulo de Otacílio (Paulo do Bar). 

Nesta partida decisiva o Botafogo saiu na frente, fazendo 1x0. Todavia, o rápido Manoel de Nilde empatou o jogo. O Botafogo teve mais uma vez o título em suas mãos com um pênallti a seu favor, mas seu principal atleta acabou colocando a bola por sobre a trave, próxima do cemitério.  Faltando menos de 05 minutos para o fim, o Sr. Livaldo lembra que houve uma falta na proximidade da área e o jovem "Kika" (Luciano de Biino) cobrou com seu "kichute" e converteu, dando o título ao Náutico.

Com o vice-campeonato de 1981 o Botafogo de certo modo também marcou a história do futebol amador de Barra de São Miguel-PB, e muito ainda temos por conhecer acerca de sua trajetória. Se tiver mais alguma imagem ou informação será um prazer compartilhar neste espaço.

João Paulo França, 10 de julho de 2016.



Fonte:

Acervo de Rosinaldo Claudenor (Nenenca)
Cemitério São Miguel, de Barra de São Miguel.
Informações de Antônio de Pádua de Lima (Tonho Garcia)
Informações de José Francisco da Silva (Zé de Paca)
Informações de José Livaldo de Moura.

Memórias de uma festa de São Miguel na década de 1920?

A cada pesquisa temos a alegria de encontrar um pouco do passado de Barra de São Miguel - PB. Com certeza muitas centelhas pretéritas podem vir a luz do presente a partir dos registros que foram deixados por nossos antepassados, seja por meio de imagens, seja por meio memórias ou mesmo de registros escritos, como o que encontramos publicado no jornal Diário de Pernambuco de 1950.

Antes de analisarmos a matéria mencionada, observemos uma imagem de um importante filho de Barra de São Miguel-PB:

Imagem 1 - Otavio Corrêa de Araújo - Acervo da ALEPE
Este é o Sr. Otavio Corrêa de Araújo, filho da conhecida família Corrêa de Araújo, radicada em Barra de São Miguel e que fez carreira política no Estado de Pernambuco. Foi Deputado Estadual e Presidente da Assembleia Legislativa pernambucana, no período de 1947 a 1950.

Por duas ocasiões, entre 1947-1948 (quando era Presidente da Assembleia Legislativa) e 1958-1959 (quando era vice-governador) ocupou o cargo de Governador do Estado de Pernambuco. Muitas outras informações estamos colhendo acerca deste barrense que ocupou importantes lugares políticos no vizinho estado pernambucano. Em breve esporemos aqui em nosso site.

Por hora, voltemos ao tema central de nossa publicação, qual seja as memórias de Luiz do Nascimento. Vejamos o Diário de Pernambuco de 27 de agosto de 1950.

Imagem 2 -Parte do Diário de Pernambuco de 27 de agosto de 1950


Trata-se de uma publicação do articulista Luiz do Nascimento que nos dá a pista to tempo que escreve, mas rememorando suas aventuras de cerca de trinta anos antes, por volta de 1922, quando residiu na cidade de Vertentes - PE e rodou por toda a região, como Taquaritinga, Surubim e Santa Cruz em Pernambuco, além de uma festa de São Miguel na Barra de São Miguel, onde foi recepcionado por pessoas nascidas no lugar, como Otavio Corrêa de Araújo, que a época da festa era estudante e quando a memória está ser publicada, o mesmo já era Deputado e Presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Vejamos um zoom na parte direita onde cita a Barra de São Miguel:

Imagem 3 - Ampliação na imagem 2
 Vejamos a transcrição da imagem 3:

Já vão longas estas memórias, mas ainda lhes conto, por alto, a visita que fizemos a São Miguel da Barra, vila do município paraibano de Cabaceiras, para assistir aos festejos em honra do respectivo orago. Lá estavam os Correia de Araújo, inclusive o atual presidente da nossa Assembléia Legislativa, nascido por aquelas bandas e então estudante. Poucas festas do interior atraíam tanta gente, que afluía de toda redondeza, de muitas léguas de distancia.
Pois bem. Foram os irmãos do meu amigo deputado quem me preveniu duma cilada armada contra mim, ficando ao meu lado para o que désse e viesse. Tudo isso porque Mariana se apaixonára subitamente por mim, e seu irmão, um fazendeiro de cara feia, não topou com minha cara. Mas os Correia de Araujo fizeram-se diplomatas e o fazendeiro, que tinha a estampa do sr. Alarico Serra ter (ilegível) me abraçando e convidou-me, finalmente, para visitar-lhe na fazenda.

Esta transcrição nos apresenta um pouco das vivências dos moradores da vila de Barra de São Miguel, que Luiz do Nascimento chama de "São Miguel da Barra". O mesmo, passados quase trinta anos de quando escreve, 1950, cita entre suas aventuras por Vertentes, Taquaritinga, Limoeiro, Surubim, enfim, diversos lugares por onde passou enquanto morou em Vertentes, os "festejos em honra ao respectivo orago", ou seja, festa em honra de São Miguel, na Barra. O mesmo crava: "Poucas festas do interior atraíam tanta gente, que afluía de toda redondeza, de muitas léguas de distancia".
Talvez a memória de Luiz do Nascimento ainda registre o fato pelo "aperto" que levou no lugar, graças a uma aventura amorosa, "Tudo isso porque Mariana se apaixonára subitamente por mim, e seu irmão, um fazendeiro de cara feia, não topou com minha cara". 
Apesar da diplomacia dos Correia de Araújo e do final feliz da história, afinal, o "sr. Alarico Serra ter (ilegível) me abraçando e convidou-me, finalmente, para visitar-lhe na fazenda", este tipo de narrativa de memória pode nos dar certas pistas de como "as vezes" forasteiros poderiam ser aceitos ou não em determinados eventos na vila de Barra de São Miguel - PB, na primeira metade do século XX. 

João Paulo França, 07 de julho de 2016.


Fonte:

Diário de Pernambuco de 27 de agosto de 1950.
http://www.alepe.pe.gov.br/museu/ . Acesso em 07 de julho de 2016.
http://www.pe.gov.br/governo/galeria-de-governadores/otavio-correa-de-araujo/ . Acesso em 07 de julho de 2016.