Bloco do Boi - Por Aila Samira

 

Bloco do Boi
onde a esperança é renovada,
e a chama da alegria reacesa,
para mais uma jornada.

No primeiro dia do ano,
no pingo da mei-dia,
a Barra acorda para pular e celebrar com muita euforia.

Divertimento e liberdade,
fé num ano melhor,
e a confiança de se embriagar de tanta alegria.

Na frente da casa de Luiz de Biino
cerveja ainda gelada,
caldo de mocotó, frutas, bolo e a concentração começa a ser formada.            
Com extensão ao antigo bar de Paulo,
onde muitos ainda tentam curar sua ressaca.

Vão se juntando os foliões,                                       
com fantasia trabalhadas                         
outras até desengonçadas/engraçadas.
De alguns tentando se equilibrar no salto alto
e andar sem jeito
com a maquiagem borrada                                      
e peruca mal colocada.

O baton de Manezin de Euclides,
mais no bigode do que nos lábios.
Os extraordinários músicos da espetacular Orquestra de frevo Cariri,
tocam seus primeiros acordes                                    
misturando frevo com dobrado                                               
sob a batuta de Sérgio Moura, o maestro.

Já com o sol escaldante, o frevo vassourinha,
leva a todos a euforia de pular/saltitar no pingo do meio-dia.

O boi se envolve de cores,
os seus movimentos são controlados,
as vezes por Sebastião Bezerra, Assis, Sandro, Rodrigo, Ranieri e tantos outros que ficaram e ficam embaixo do danado, responsáveis por da vida, e movimentos ao personagem central,                
que também anuncia o carnaval.

A Burrinha o segue e participam igualmente da festa os "cavaleiros" que puxam suas rédeas
e fazem parte do espetáculo,
não posso esquecer Zé de Branco, Ailton Belé,Marcos de Nita e Dedé de Dora (todos in memória),
Tataí, Rafa, Rinaldo,Rômulo,Jailson Belé, Temilson,Nenê de Luiz de Biino, e tantos outros fizeram da Burrinha saltitante, personagem indispensável nesse bloco tão importante.

Também não podemos esquecer do papa figo que fez muito menino chorar de medo,
correr até perder os chinelos e arrancar a cabeça de dedos.

Faço homenagem a todos na pessoa de Hermes,
que foi o quem mais fez menino correr
com velocidade pra ganhar uma São Silvestre.
Com uma meia molhada, dava uma lapada da peste.

É dada a largada
com seu idealizador Sílvio Gomes,
de guarda-sol e maquiagem já borrada pelas lágrimas
da emoção de vê o bloco do boi e sua animação no primeiro dia do ano
que pra os sãomigueleses,
virou uma tradição popular.
Homem vestido de mulher,
mulher vestida de homem.
E quem não usa fantasia  também pula,
brinca, se diverte.

O bloco é integração,
um abraçamento que cabe a todes,
sem distinção de sexo,
cor e julgamentos.

A única lei é brincar, respeitar e dividir esse momento.
E crer que mais um ciclo se inicia
e com o boi se brinda a união, paz e muita saúde,
força, luz e alegria.

Hoje na organização Liano, Bartô Pinto, Adriano Diniz e Diana Cumarú
e tanta gente que nesse texto não caberia.

Chegamos a rua Cândido Casteliano,
primeira parada na frente das casas de Baêta, Chico e Luci Costa,
onde é ofertada bebida, caldo e a orquestra faz sua folia.
Berduega, Soró Muela e Primo fazem as suas coreografias.
Cada um disputando a sombra
do pé de algaroba, bem em frente as casas onde a mesa é posta com muita alegria.
Seguimos até o antigo bar de Zé do Gago,
onde hoje é uma morada,
mas nem por isso a orquestra deixa de fazer mais uma parada.
Chegamos na encruzilhada das ruas Cândido Casteliano e Francisco Pinto
e o antigo bar de Zé Amaro (in memória) onde com muito zelo e cuidado,
os motoristas Genivaldo e Murilo Pinto (in memória) deram o ponta pé nessa parte da festa que hoje Paulinho, Miguel Cumarú, Sandro,Lúcio, Marivam e Maycon, seguem essa meta.
Precisamente já estacionados os carros pipas
(símbolo de levar a esperança em meio a seca)
nesse dia da um banho de alegria
lava a alma,
o suor
e faz crer na certeza que teremos um ano bom.

Cada captura de imagens e registros fotográficos  feitos com muito amor, carinho e zelo
por André Costa
que deixa guardado pra história cada movimento, cada emoção
e um acervo dessa nossa tradição.
Seguimos pela quadra e adentramos na rua São Miguel,
onde a primeira parada é na casa de um grande homem:
íntegro, empreendedor e que amava dançar frevo. Com a sua peruca assanhada,
Zezé da Bomba, sinônimo de alegrias e muitas risadas
que até o fim dos seus dias,
ainda cantava "Cigana" e grandes serestas e serenatas.
Eita saudades,
essa dói a ainda nos traz lágrimas.
Passando poucas casas o seu compadre
e grande amigo de muitas festas/farras, Sr.Biu Tôco,
homem simples de coração gigante e poucas palavras,
responsável por bater no sino,
chamando para missa e outras vezes anunciando o final destino
dos que percorrem seu último passeio
ao som do badalar triste e forte dos sinos.
Nessa parada
não podemos ficar sem ouvir o seu dobrado,
que sempre foi o seu preferido
e por todos os músicos respeitado.
Aplausos aos músicos no final dessa exibição.
Há poucos metros,
vamos chegando ao largo da praça e da prefeitura.
Onde a tradição é mantida e cada vez mais animada.
O bloco se despede e planta uma semente
que passa mais ano germinando,
aguardando ser brotada, na próxima edição do boi, quando o outro ano tomar chegada.
Não podemos esquecer de homenagear, tanto(a)s que já partiram para uma outra dimensão.
Mas que a cada saída do boi, vem na nossa mente a saudade de toda essa gente.A quem saúdo a todo(a)s nas pessoas de Lúcio Moura e Zé Miguel, figuras pitorescas,criativas e cheias de histórias que fazem sorrir e não saem da nossa memória.

Viva o Bloco do Boi,
Viva nossa tradição popular,
Viva a Barra onde nessas terras encantadas, seguimos firmes a cada primeiro de Janeiro ,
dia mundial da paz.

Não esqueçamos de aplaudir a Orquestra
e organização desse grande evento
que a cada ano se renova e faz com que o coração bata mais depressa, produzindo nas novas gerações,
esse zelo e conservação na tradição.
O Bloco do Boi, arrastando o folião
que pula alegre,
com um sorriso na alma e coração.

Abra um largo sorriso,
você que está lendo esse texto,
sinta alegria
e chegue junto para fazer parte dessa folia
que já já vira o ano
e é chegado o dia.

                                             Aíla Samira¹

Barra de São Miguel, Paraíba, em 31 de outubro de 2023

 

Imagem: Alísson Nascimento, Bloco do Boi no ano de 2011

¹ Aila Samira da Costa Pinto é graduada em Comunicação Social pela Universidade Estadual da Paraíba. Atua nas áreas de Produção de Eventos, Produção Executiva para Audiovisual, Marketing e Gerenciamento de Carreira Artística Musical.


Festival Literário de Barra de São Miguel - Ano de 2023 - IX FLIBARRA

"Sob os céus do Cariri o empreendedorismo é social, o vaqueiro se moderniza e o interior vira rota turística": com este amplo tema, o IX FLIBARRA - Festival Literário de Barra de São Miguel - será vivenciado nos dias 09, 10 e 11 de novembro de 2023, na destacada cidade de Barra de São Miguel, no Cariri paraibano. 

Cartaz da FLIBARRA 2023

Confira a seguir a programação completa do IX FLIBARRA:

Dia 09 de novembro - Quinta-feira - Manhã

Dia 09 de novembro - Quinta-feira - Tarde e Noite

Dia 10 de novembro - Sexta-feira - Manhã

Dia 10 de novembro - Sexta-feira - Tarde e Noite

Dia 11 de novembro - Sábado - Manhã

Dia 11 de novembro - Sábado -Tarde e Noite

Neste ano de 2023, entre as diferentes atividades, destacamos atrações culturais que farão parte do IX FLIBARRA. Na sexta-feira, dia 10 teremos:

 Por fim, no sábado, dia 11 de novembro, destacamos:

O FLIBARRA é um Festival Literário que surgiu no ano de 2014 e tem a realização da Prefeitura de Barra de São Miguel, por intermédio da Secretaria de Educação e escolas do município. A cada ano o evento se consolida como importante fomento cultural no Cariri da Paraíba. Informações de Edições anteriores do FLIBARRA podem ser acessadas aqui no Site neste Link AQUI.

Barra de São Miguel é um município do Cariri paraibano, localizado na fronteira com o Estado de Pernambuco, com os seguintes acessos em asfalto: Via PB-196, a partir da BR-104, ficando a 230 km de João Pessoa, 90 km de Campina Grande. Via PB-160, fica a 30 km de Santa Cruz do Capibaribe - PE (por estrada carroçavel). Junte sua turma e não deixe de participar!

João Paulo França, 31 de outubro de 2023.