1961 - A luta pela emancipação política de Barra de São Miguel - PB (Parte 1)


Barra de São Miguel se emancipou politicamente em 14 de dezembro de 1961. Apesar de tornar-se Sede por um curto período no início do século XX, a região sempre esteve subordinada administrativamente ao grande município de Cabaceiras-PB. Nesta matéria trazemos um pouco das tramas e disputas políticas que estavam a acontecer no início da década de 1960, que culminariam na independência política barrense.

Imagem 1 - Jornal Correio da Paraíba, 29/11/1961. Fonte: Museu Municipal
Nesta imagem 1 encontramos o Sr. Ismael Samarco Mahon, grande entusiasta da emancipação política barrense, que foi um dos principais articuladores do movimento. A seguir, vejamos o recorte da entrevista que o mesmo concedeu ao Jornal Correio da Paraíba de 29 de novembro de 1961. 

Imagem 2 - Jornal Correio da Paraíba, 29 de novembro de 1961. Fonte: Museu Municipal
Vejamos a transcrição da entrevista:

Barra de São Miguel ex- Sede de Município quer emancipação


Luta de dez anos pela emancipação política – Governador reafirmou promessa de campanha – Todos os lideres empenhados no movimento de emancipação – Fala ao CP o sr. Ismael Samarcos mahon



A emancipação de Barra de São Miguel é a principal e mais acirrada luta que a população daquela localidade desenvolve, junto aos poderes competentes, numa aspiração delonga data para volta à sua independência política.

Barra de São Miguel pertence ao município de Cabaceiras, do qual já foi sede, há anos. Quer agora tornar-se cidade, num desejo unânime de todos os seus filhos, que se arregimentaram no movimento reivindicatório, sob a liderança do sr. Ismael Samarcos Mahon, industrial e fazendeiro na região. Não querem eles perder essa disposição de espírito dos deputados, que se juntam para criar novas unidades municipais.


Há dez anos

A campanha pela emancipação de Barra de São Miguel se iniciou há dez anos, depois de na década de 1910/20, deixar de ser a sede de Cabaceiras. Nas legislaturas passadas foi apresentado um projeto de lei à Assembleia Legislativa, que entrou em caducidade, matéria que foi renovada recentemente, com a intensificação do movimento do povo daquele distrito, o qual despertou a atenção de todos os políticos que ali acorriam durante as eleições.

A confiança de vitória aumentou quando o Governador Pedro Gondim, em campanha, prometeu apoio à independência política de Barra de São Miguel, o que foi renovado esta semana, na visita do sr. Ismael Samarcos Mahon ao Chefe do Executivo.


União de todos

Como prova da repercussão da campanha desenvolvida e o interesse de todos na emancipação do distrito, cita-se a união dos partidos políticos em torno da reivindicação, não havendo uma única discordância. As bancadas na Assembleia, consultadas sobre a questão, foram unânimes, através de vários de seus representantes, em firmar solidariedade e disposição para aprovação do projeto de lei.


Condições

Barra de São Miguel não está incluído entre aqueles distritos que constam da Ordem do Dia para serem emancipados, ou já o foram, sem contar com as exigências contidas na lei que regulamenta o assunto.

Ao contrário, está dotado de todas as condições, pois é uma das zonas mais progressistas da pecuária do Estado, onde se destacam grandes plantios de palma. Isto bastaria para lhe assegurar a independência, paralelamente a outros requisitos, como mais de oitocentas casas na área urbana, um número superior a dez mil habitantes e possibilidades de desenvolvimento que transformarão o futuro município num dos mais prósperos da região. Negar ao seu povo esse direito seria uma das mais gritantes injustiças.


Esta é a vez

A preocupação dos habitantes de Barra de São Miguel é que, não conseguindo êxito em seu movimento de agora, sejam preteridos por mais de dez anos na sua justa aspiração, em decorrência de projeto de lei que tramita na Câmara Federal, proibindo a criação de novas comunas antes deste período. Alegam, então, que se vários distritos, com possibilidades muito inferiores ao seu, estão sendo emancipados, não vê razão para que não lhes seja concedida a independência e andam otimistas, porque os anima o interesse dos parlamentares em aumentar o número de unidades municipais, como meio de levar o desenvolvimento ao interior do Estado, através do benefício decorrentes da Emenda Constitucional que dá uma cota anual de seis milhões e quinhentos mil cruzeiros à cada prefeitura.


Líder da campanha

Ontem, nossa reportagem recebeu a visita do sr. Ismael Samarcos Mahon, que lidera a campanha emancipadora. Transmitiu-nos a opinião de seus conterrâneos e a decepção que o Legislativo lhes dará, se a reivindicação não for atendida. Analisou todos os aspectos do problema, para nos mostrar que não há escapatória a alguém que queira prejudicar o projeto de lei, o que não espera, e afirmou categórico que a política desapareceu do problema, tamanha é a seriedade com que a questão foi abraçada por todos os setores representativos da localidade.


Novos rumos

Em suas considerações a este jornal, com a naturalidade do sertanejo simples mais de alta visão, afirmou em conclusão, que “a política municipalista tomou novos rumos presentemente inclusive distribuindo entre os municípios brasileiros cotas federais de seis milhões e quinhentos mil cruzeiros, garantindo, desta maneira, a base do desenvolvimento das comunas, principalmente da região nordestina, mais atingida pelo subdesenvolvimento”

“Concomitantemente a essa situação, tramita na Câmara Federal projeto de lei proibindo a criação de municípios por dez anos. Diante destes fatos, assumi o compromisso perante o povo de Barra de São Miguel de lutar sem desfalecimento e com todo esforço pela independência política do distrito”


Hoje sairá

O projeto que cria o município de Barra de São Miguel deverá entrar hoje em primeira discussão e terá sua discussão e votação sem embaraços segundo se deduz dos compromissos já firmados pelos representantes das diversas bancadas com assento no Legislativo. Possivelmente ainda esta semana subirá á sanção governamental. Esta é a esperança de todos os habitantes de Barra de São Miguel, que confiam nos parlamentares. Estão certos de que ainda este ano o distrito voltará à sua condição de cidade.



Correio da Paraíba, quarta-feira, 29 de novembro de 1961.

Percebe-se que o Sr. Ismael Mahon estava em João Pessoa atuando junto aos poderes constituídos poucos dias antes da votação na Assembleia Legislativa e próximo do dia 14 de dezembro de 1961, data da assinatura da Lei Estadual nº 2.623/1961, que enfim emancipou politicamente Barra de São Miguel - PB. Tal luta não deixaria de ser "reconhecida" localmente, afinal, o mesmo acabaria se tornando o primeiro prefeito eleito pelo voto popular, na eleição realizada em 1962.

Em breve, retornaremos a esta questão da emancipação política barrense.

João Paulo França, 27 de julho de 2017.

Fonte:

Acervo do Museu Municipal David Ferreira, Barra de São Miguel - PB. 

1962 - Fazenda Pedras Altas (Série Retratos de Família)

Nosso Portal é construído pela pesquisa histórica em diversos arquivos, públicos e particulares, todavia, as principais contribuições que sempre aguardamos advém de nossos amigos (as) leitores (as). Através do compartilhamento de informações e fotografias vamos construindo nossa teia de memórias do passado de Barra de São Miguel e região.
Agradecendo ao amigo leitor, Ricardo Pedrosa, que disponibilizou as fotografias deste post, passemos a seguir a observar um dia festivo no ano de 1962:
Fotografia 1 - Fazenda Pedras Altas - 1962. Acervo: Ricardo Pedrosa
Segundo o Sr. Ricardo Pedrosa, esta fotografia faz parte do registro das "Bodas de Ouro" de Joaquim e Francisca (Chiquinha) Elcides Pedrosa, ocorrido em 1962, na Fazenda Pedras Altas. O sr. Joaquim Pedrosa também era conhecido como "Quincas Pedrosa".

A seguir, mais uma imagem deste dia festivo:

Fotografia 2 - Fazenda Pedras Altas - 1962. Acervo: Ricardo Pedrosa
Nesta imagem 2 temos a oportunidade de observar mais próxima a família reunida em torno do casal homenageado. Segundo o Sr. Ricardo Pedrosa, esta fotografia também foi registrada na festa das "Bodas de Ouro" de Joaquim e Chiquinha Pedrosa.
Sobre a mencionada família, agradecemos também ao amigo colaborador Ginaldo Nóbrega, de Cabaceiras, que nos enviou o seguinte documento histórico:

Fotografia 3 - Convite Missa 30º dia - 1969. Acervo: Ginaldo Nóbrega
Os familiares do Sr. Joaquim Ulisses Pedrosa (Quincas Pedrosa), por ocasião de falecimento do mesmo, em 04 de fevereiro de 1969, convidam por meio deste cartão os amigos para a missa de 30º dia, que fora celebrada em Barra de São Miguel (02/03/1969) e em Campina Grande (04/03/1969). Por meio deste cartão de convite para as missas, também temos a oportunidade de conhecer mais um pouco da descendência do Sr. Joaquim, muitos dos quais devem fazer parte das alegres imagens das "bodas de ouro", celebrada sete anos antes.
Mais uma vez, reiteramos nossos agradecimentos aos amigos (as) colaboradores do Portal de memórias de Barra de São Miguel - PB.

João Paulo França, 23 de julho de 2017. Atualizado em 28 de julho de 2017.

Fonte:

Acervo e informação do Sr. Ricardo Pedrosa.
Acervo de Ginaldo Nóbrega, que gentilmente nos cedeu o original que disponibilizamos neste post.

1972 - 2017: Visão panorâmica de Barra de São Miguel

Nesta matéria temos a oportunidade de conferir a mudança na paisagem urbana de Barra de São Miguel em três momentos distintos. Observemos a entrada da cidade a partir da serra, mostrando a chegada via Campina Grande, em diferentes datas, iniciando pelo ano de 1972.

Fotografia 1 - 1972 - Acervo da Sra. Teca Mulato
Nesta imagem panorâmica, rara, do ano de 1972, segundo descrição no verso da fotografia do acervo da Sra. Teca Mulato, temos a alegria de observar a cidade de Barra de São Miguel ainda formada por poucas ruas.
Observe que é visível a entrada da cidade, via Campina Grande através do conhecido "Beco de Zezé". Apesar da qualidade técnica da fotografia, é possível identificarmos o telhado da igreja de São Miguel em sua lateral para o norte e também a frente da Escola Melquíades Tejo.  Boa parte das casas existentes no período estão praticamente enquadradas na imagem, ou seja, ao redor da praça, igreja e escola. (Não estão visíveis as casas da hoje conhecida "rua Thomaz de Aquino").
Todavia, já é visível o crescimento da cidade para a direção sudeste, na região que por muito tempo as pessoas identificavam como a "Rua Nova", hoje nomeada de "rua Francisco Pinto". No mais, onde hoje é a expansão da cidade a partir da "rua Candido Casteliano", na época tínhamos apenas matagal e grandes partidos de cercas de "aveloz", que de certo modo servia para demarcar as propriedades particulares antes do uso das cercas de arame.
A seguir, vejamos uma segunda imagem realizada em posição semelhante:

Fotografia 2 - 2004 - Acervo da Sra. Teca Mulato
Esta segunda imagem já é, segundo o verso da fotografia, de junho de 2004. Percebemos claramente que a entrada via Campina Grande continua em estrada carroçável até o "beco de Zezé" e a cidade avançava na direção sudeste e sul, com as construções até o bairro do Alto da Bela Vista. Todavia, é visível que a expansão no sentido do sudoeste ainda é incipiente.
Para finalizar, vejamos uma imagem da atualidade:

Fotografia 3 - 2017 - Acervo de Bruno Lira
Nesta fotografia 3, do acervo do repórter Bruno Lira, registrada em 07 de junho de 2017, temos uma bela fotografia panorâmica da atualidade, que nos mostra a mesma chegada da cidade, porém agora com a pavimentação asfáltica da PB-196, inaugurada em 14 de dezembro de 2016. Além do asfalto, testemunhamos também o crescimento da cidade na direção sudoeste, região dos ginásios "O Chicão" e "O Luizinho".

Tem imagens panorâmicas de Barra de São Miguel em diferentes épocas? Compartilhe conosco!
João Paulo França, 21 de julho de 2017.

Fonte:

Acervo da Sra. Theresa Ferreira de Sousa (Teca Mulato)
Acervo de Bruno Lira. Disponível em: http://www.maispb.com.br/221886/imagem-panoramica-de-barra-de-sao-miguel.html. Acesso em 21/07/2017.

Caboclo Justino, um Comediante filho de Barra de São Miguel


Por Marcondes Pinto

Os mais jovens talvez não tenham ouvido falar, mas Caboclo Justino foi uma grande figura do município. Tinha na alma a veia cômica. Sujeito simples e de voz engraçada, vez por outra soltava suas piadas ao vento (as populares “puleras”), principalmente quando era “provocado” por amigos.
Caboclo estava sempre ali, pronto a fazer dos acontecidos cotidianos um ensaio para suas piadas. De inteligência matuta, estava pronto para dar suas ácidas e rápidas respostas às provocações de amigos e daqueles que conviviam com ele, tinha sempre na ponta da língua um afiado argumento para combater seus “provocadores”.
Terra fértil para contistas e cidadãos bem humorados Barra de São Miguel sempre foi um celeiro de criatividade e de pessoas que se diferenciam por sua receptividade e notório calor humano. Como é satisfatório ir ao município e conversar nos bancos da praça (a salutar conversa de meio fio), interagir com o cotidiano dos munícipes, participar de suas emoções e passagens de vida. Talvez seja todo esse ambiente de receptividade e interação que faz de nossa terra um caldeirão de alegria e humanidade.
Caboclo marcou época e imortalizou-se nos contos populares da cidade, sempre é lembrado através de estórias e conversas de rua, que rememoram seu modo de vida cômico e brincalhão. É com imensa alegria que registro aqui está singela retratação do grande e cômico cidadão Caboclo Justino. Que Barra de São Miguel sempre mantenha em sua memória esta figura excepcional.

Praça Ismael Mahon - Imagem de Rede Social de Evandro Pinto

Marcondes Pinto é Advogado, especialista em Direito Público, Presidente da Comissão de Direito Penal da OAB/Caruaru. Atua na Advocacia Criminal no estado de Pernambuco. É filho de Barra de São Miguel.

1921 - Mais uma olhada em Cabaceiras (Série "Pela Região")

Com alegria, mais uma vez voltamos ao Município "mãe" de Barra de São Miguel, ou seja, a "velha" Cabaceiras, para conhecermos um pouco de sua arquitetura histórica.
Em nossas pesquisas, encontramos a seguinte imagem:

Revista Era Nova: 15 de setembro de 1921

Como podemos observar no recorte, na legenda se lê: "Rua Epitácio Pessoa". Esta é mais uma preciosidade que encontramos na Revista Era Nova, da então cidade da Parahyba (atual João Pessoa).
Casarões com belos frontões, calçadas delimitadas, rua sem calçamento e um bom número mudas de árvores alinhadas e protegidas por pequenas cercas, este é o cenário desta rua, pela qual certamente passaram muitas das histórias dos antepassados desta região caririzeira.

João Paulo França, 15 de julho de 2017.


Fonte:

Revista Era Nova. Edição de 15 de setembro de 1921. Disponível em: http://www.cchla.ufpb.br/jornaisefolhetins/acervo.htm. Acesso em 10 de março de 2017.

1907 - O ataque do cangaceiro Antônio Silvino a Barra de São Miguel - PB

No fim do século XIX e início do século XX o Brasil assistiu a emergência do fenômeno do cangaço, cujo expoente foi Lampião e seu bando. Todavia, na região da divisa entre Pernambuco e Paraíba o principal nome do cangaço foi o conhecido Antônio Silvino. Vejamos uma imagem do mesmo:
Imagem 1 - Antônio Silvino - Jornal do Commercio (1915)
Antônio Silvino e seu bando passaram diversas vezes pelo território do município de Barra de São Miguel- PB, como veremos nesta e em outras reportagens desta série. Contudo, o principal ataque ocorreu no dia 26 de janeiro de 1907, quando a Barra de São Miguel era ainda a Sede do município de Cabaceiras e possuía uma rentável mesa de rendas. 
A seguir, vejamos como a imprensa da época noticiou este ataque. Segue reportagem do Jornal A República de Natal - RN, que reproduz matéria do jornal paraibano A União.

Imagem 2 - Antônio Silvino - Jornal A República (1907)

 Segue a transcrição literal do relato jornalístico:

Antonio Silvino

A ultima façanha

Sobre a ultima façanha de Antonio Silvino, o ataque da villa da Barra de S. Miguel, na Parahyba, lemos o seguinte, na ,<União>:


Segundo informações fidedignas recebidas dessa villa sertaneja, eis o que se passou por ocasião da estada ali do bandido Antonio Silvino.

No dia 26 de janeiro, depois de 11 horas da noite, entrou o grupo formado de 13 cangaceiros, inclusive o chefe, na villa, onde não havia a menor noticia da sua aproximação. Cerca de uma hora antes, estiveram na casa do delegado de policia, cidadão Nicolau Vitalino Correia de Araujo, distante da villa um kilometro e obrigara o mesmo delegado a acompanha-lo e a servi-lhe de guia.

Ao entrar na villa, Antonio Silvino dirigiu-se a cada uma das residências das praças de policia, que em um número de três guarneciam a localidade e foi prendendo-as cada uma por uma vez. Tomou-lhes as armas e os fardamentos, e obrigou-as a acompanha-lo.

Presa e desarmada a ultima praça, dirigiu-se o facínora á casa de João Anastácio, ex-praça do Batalhão de Segurança, que a cerca de quatro annos sutentara fogo contra ele na povoação do Boqueirão.

A voz do delegado, prisioneiro de Antonio Silvino, João Anastacio abriu a porta, sendo subitamente amarrado pelo grupo e arrastado para a rua, onde recebeu grande numero de açoites e duas facadas.

Depois seguiu o grupo para a casa do capitão Manoel Henrique do Nascimento Araujo, escrivão da Mesa de Rendas, ao qual intimou a entregar todo o dinheiro existente na repartição, no que foi obedecido.

Assim passou ás mãos de Silvino a quantia de trezentos e tantos mil reis, único dinheiro existente na Mesa de Rendas porque o respectivo administrador major Deodato Pereira Borges, tinha vindo pouco antes á capital recolher a arrecadação do ultimo trimestre.

Os bandidos obrigaram o referido escrivão a abrir a repartição, onde se apoderaram de todos os livros, papeis e estampilhas que conduziram para a rua e queimaram completamente. Silvino recomendou então ao escrivão que da arrecadação que fizesse, guardasse-lhe cada mez 50$000, que ele viria ou mandaria buscar.

Foram d’ahi á casa do subdelegado de policia, Candido Casteliano dos Santos, contra quem Antonio Silvino estava prevenido, e que recebeu a exigência de um conto de réis, sob pena de ver incendiado o seu estabelecimento comercial.

O sr. Candido Casteliano respondeu que não dispunha de quantia tão elevada porque fizera pouco antes remessa para a praça do dinheiro apurado, pelo que Silvino aceitou a importância de 400$000, tirando porem fazendas no valor de 200$000.

Exigiu e recebeu 50$000 do cidadão Olyntho José de Vasconcelos, 1º suplente do Substituto do Juiz Seccional.

Mandou esbordoar uma praça do destacamento de nome Pedro Rodolpho, porque esta declarou que só se entregara sem resistência por ter sido sorprehendida.

Tudo se fez no maior silencio de modo que as pessoas, que se achavam agasalhadas no interior das casas não presentiam o que se passava na rua.

Antes de retirar-se, Antonio Silvino mandou bater na porta do tenente-coronel Manoel Melchiades Pereira Tejo, que até então ignorava o que se estava passando, e que despertando, abriu a porta.

D’elle exigiu Silvino café para si e seus companheiros no que foi satisfeito, retirando-se da villa ás 3 horas da madrugada.

Em breve apresentaremos os desdobramentos deste ataque de cangaceiros a Barra de São Miguel - PB.
João Paulo França, 06 de julho de 2017.

Fonte: 

Jornal A Republica. 13 de fevereiro de 1907, Natal. Ano 19, número 33

Jornal do Commercio, 02 de janeiro de 1915, Manaus. Ano 12, número 3340