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  • Livro "Barra de São Miguel: Registros e Dados dos Sessenta Anos de Emancipação Política (1961-2021)"

    Já está disponível para a comunidade de Barra de São Miguel e região mais uma obra de cunho histórico, que auxilia na compreensão do percurso político do município desde sua emancipação de Cabaceiras, em 1961, até os dias atuais. Trata-se do livro "Barra de São Miguel: Registros e Dados dos Sessenta Anos de Emancipação Política (1961-2021)", de autoria de João Paulo França.

    Imagem da Capa e Contracapa

    Aproveitando a passagem dos 60 anos de emancipação política de Barra de São Miguel, o autor apresenta uma obra dividida em três partes que registram dados sobre a história política local: na primeira, os bastidores e ações desenvolvidas na década de 1960 que culminaram na emancipação do município. Em seguida, são apresentadas duas galerias de imagens e informações sobre os poderes executivo e legislativo de Barra de São Miguel durante os sessenta anos de administração local. Por fim, na terceira parte, as 15 disputas eleitorais do município são apresentadas, com os dados oficiais em forma de tabelas com os resultados e pequenas notas de explicação do contexto das referidas disputas.

    Este é o quarto livro do autor, sendo o segundo que aborda especificamente o município de Barra de São Miguel. Foi diagramado e impresso pela Editora Gráfica Cópias e Papeis, de Queimadas e conta com o apoio cultural do Supermercado São José, a Loja Blitz e a Farmácia São Miguel, que com suas colaborações permitiram o barateamento da obra para o acesso mais amplo da comunidade.

    Para adquirir, entre em contato com autor pelos seguintes meios:

    Telefone e WhatsApp: (83) 988019451

    Email: joaopaulo_franca@yahoo.com.br

    O livro adquirido junto ao autor tem o preço simbólico de 10,00. 

    Também pode ser adquirido em lojas físicas do centro de Barra de São Miguel, Paraíba.

    Como toda obra de cunho histórico, esta não trás respostas definitivas ou sana dúvidas significativas do passado local, todavia, não deixa de ser uma importante contribuição para auxiliar a ampliar o conhecimento sobre Barra de São Miguel e sua gente.

    Boa leitura!

    João Paulo França, em 18 de julho de 2022

    1948 - Estudos para construção do Açude Riacho do Bichinho

    O Açude Riacho do Bichinho, localizado ao nascente da sede do município de Barra de São Miguel foi construído no final da década de 1940. Nesta matéria trazemos uma série de documentos que apresentam estudos técnicos desta obra que foi conduzida pelo DNOCS - Departamento Nacional de Obras contra a Seca.

    Página 1 e 2 do documento

    Entre as informações pertinentes, destacamos que trata-se de um arquivo em PDF com 16 páginas, agregando mais de um documento. Inicialmente temos a "Ficha Técnica de Açude", datado de 22 de junho de 1995 e em seguida a "Memória Justificativa do Projeto" de 18 de setembro de 1948, assinado por Severino Nunes Lins, "Engº [enheiro] Encº [arregado] dos Serviços de Estudos".

    Na "Ficha Técnica de Açude" há, por exemplo, a informação que em 19 de setembro de 1949 foi o início da construção e em 28 de julho de 1961 a conclusão. Já no documento "Memória, Justificativa do Projeto" trás o seguinte histórico: "Os estudos, projeto e orçamento do açude foram requeridos pelo Governo do Estado em 17 de julho de 1946, sendo os estudos autorizados pelo sr. Diretor Geral segundo ofício nº 403-T, em 19 de setembro do mesmo ano. A caução foi feita em 24 de outubro seguinte. Os estudos foram executados pelo Mestre XV Diogo Ribeiro Rocha, tendo sido iniciados em 28 de julho de 1947 e concluídos em 22 de outubro do mesmo ano. (...)

    O documento completo pode ser acessado neste link AQUI.

    Agradecemos ao jovem pesquisador David Lima que conseguiu e nos forneceu este material, que socializamos com os prezados leitores.

    João Paulo França, 19 de abril de 2022.

    Série "60 anos de Emancipação Política" - Barra de São Miguel - 2021

    Neste ano de 2021, precisamente a partir de 14 de dezembro, Barra de São Miguel comemora os 60 anos de autonomia política e administrativa. Para marcar esta data, por meio da Biblioteca Virtual de Barra de São Miguel, editei três pequenas obras, que juntas formam a "Série 60 anos de Emancipação Política".

    Imagens Ilustrativas das 3 obras

    Em cada Link abaixo você poderá acessar cada um dos 3 volumes desta série comemorativa. Fique a vontade para baixar e compartilhar, afinal, nosso objetivo é democratizar o acesso ao conhecimento histórico de Barra de São Miguel e região.

    Volume 1 - Emancipação Política de Barra de São Miguel-PB 

    Volume 2 - Galeria de Gestores e Gestoras do Município de Barra de São Miguel-PB

    Volume 3 - Resultados de Eleições Municipais de Barra de São Miguel-PB 

     

    João Paulo França, 31 de dezembro de 2021

    2021 - Especial de 60 anos de Emancipação Política de Barra de São Miguel-PB (Parte 2)

    SESSENTA ANOS DA EMANCIPAÇÃO DE BARRA DE SÃO MIGUEL
     
    Por Paulinho de Cabaceiras* 

    Imagem 1 - Vila de "Potira", na década de 1950

        Segundo o professor e historiador João Paulo França, no seu compêndio, "APONTAMENTOS PARA A HISTÓRIA DE BARRA DE SÃO MIGUEL-PB.", (obra que recomendo para fins de pesquisa historiográfica), quando e como surgiu o povoado de Barra de São Miguel, ainda é objeto de estudo, pelo fato de não ter sido encontrado uma fonte primária e segura.
        Entretanto, conclui-se que, os primitivos habitantes da terra (os aborígenes, provavelmente os Carnoios), concertaram uma aliança com a Bandeira do Capitão-MOR Antônio de Oliveira Ledo e a 35 km. Para o sul da aldeia (CABACEIRAS), lançaram os primeiros fundamentos de um novo núcleo habitacional, edificando-se uma capela de pau-a-pique, sob a proteção de São Miguel, por ser o dia 29 de setembro de 1766.
     
    Imagem 2 - Igreja de São Miguel com cemitério ao lado
     
    Imagem 3 - Igreja de São Miguel com a lateral sem o cemitério

        E o vocábulo Barra, considerando-se a pequena cordilheira, servindo como uma barra de proteção, contra os ventos do norte.
        O povoado de Barra de São Miguel, foi elevado a categoria de distrito, por força da Lei Municipal n° 2 de 6 de maio de 1866 e através da Lei Estadual 2.623, de 14 de dezembro de 1961, desmembrou-se de CABACEIRAS.
        Vale salientar que, miss Paraíba de 1956, Margarida Vasconcelos, nasceu na zona rural da Barra, então município de CABACEIRAS. E o Tenente-Coronel Manoel Melchíades Pereira Tejo, nosso segundo prefeito, faleceu na Barra de São Miguel, no dia 28 de novembro de 1916, sendo sepultado no cemitério local. 
     
    Imagem 4 -Margarida Vasconcelos - Miss Paraíba 1956

    Imagem 5 - Manoel Melchiades Pereira Tejo

        Parabéns para todos os munícipes da BARRA DE IGNÁCIO TAVARES, DA POÉTICA POTYRA, QUE SOB A PROTEÇÃO DE SÃO MIGUEL...CAMINHA A PASSOS LARGOS PARA O FUTURO.
     
    Imagem 6 - Veículo de Eduardo do "Misto"

        Meus sinceros agradecimentos ao amigo, confrade do IHGCP, Professor e historiador JOÃO PAULO FRANÇA, pela sua valiosa contribuição, na elaboração dessa matéria historiográfica.
     
     
    Acervo fotográfico: Museu David Ferreira Barbosa, Eduardo do "Misto", João Paulo França e Paulinho de Cabaceiras.
     
    *Historiador, Poeta e Assessor Especial do DECTUR.

    1969 - Obras atrasadas para a chegada da luz elétrica em Barra de São Miguel - PB

    Muito já falamos sobre a inauguração da energia elétrica de Paulo Afonso em Barra de São Miguel na data de 26 de abril de 1970. Confira no fim dessa matéria o link para mais uma nota sobre esse dia inesquecível para a população local.
    Todavia, hoje queremos chamar atenção para a nota a seguir do Jornal Diário de Pernambuco do ano de 1969, que nos mostra que o sofrimento da população poderia ter sido abreviado se as obras não tivessem atrasadas. Vejamos:


    Fica claro pela leitura que as obras deveriam ter sido concluídas antes do mês de setembro de 1969. Porém, o próprio "General Massa" já admitia que iria haver um atraso de "apenas 15 dias", o que sabemos que não ocorreu, afinal, a tão sonhada modernidade só foi inaugurada quase sete meses depois.

    João Paulo França, 24 de março de 2021


    Fonte:

    Diário de Pernambuco, 22 de julho de 1969.

    Veja Também:

    1970 - Chegada da Luz elétrica da SAELPA em Barra de São Miguel - PB (Parte 3)

    Economia de Barra de São Miguel: os plantios no Açude Riacho do Bichinho

    Trazemos aqui uma imagem interessante de nossa história econômica: os plantios nas várzeas do Açude Riacho do Bichinho. Vejamos este registro de uma das propriedades do sr. João Cabral:


    Nesta fotografia nos chama atenção a preparação do terreno, com seus sulcos cavados, formando trilhas por onde corria a água abundante da época.
    Em diálogo com moradores da cidade, encontramos em suas memórias referencias aos grandes plantios que eram feitos nas várzeas do açude: plantios de tomate, pimentão, feijão e outros produtos que eram comercializados em Campina Grande e Caruaru. Também é descrita a grande movimentação que tais plantios causavam na cidade e na região, pois vinham trabalhadores de outras localidades distantes para a lida nestas terras. Assim, nos fins de semana, principalmente quando era data de pagamento, se percebia o maior movimento na feira e nas bodegas e bares da cidade, ou mesmo os lazeres das partidas de futebol nos sítios adjacentes, como o Logradouro, por exemplo.
    Entre os produtores, lembramos aqui o sr. João Cabral, que foi proprietário desta fazenda registrada na foto e sempre se destacou por seu empreendedorismo.

    João Paulo França, 07 de dezembro de 2020.


    Fonte

    Imagem do acervo do sr. Joca Cabral

    1961 - A luta pela emancipação política de Barra de São Miguel - PB (Parte 4)

    Após trazermos três matérias sobre as ações e lutas que levaram a emancipação política do município de Barra de São Miguel em 14 de dezembro de 1961, nesta data, rememoramos a concretização deste sonho: a instalação do município no dia 08 de abril de 1962, ou seja, o momento efetivo em que a localidade passava a guiar seus destinos de maneira autônoma. Vejamos a ata deste dia:

    Página 1
    Segue a transcrição do documento:

    Ata da instalação do Município de Barra de São Miguel



    Aos 8 dias do mês de abril do ano de 1962, na cidade de Barra de São Miguel, no edifício onde funcionará a Prefeitura Municipal, pelas 11 horas, presentes: o Exmº Sr. Governador do Estado Dr. Pedro Moreno Gondim; os Exmºs Srs. Deputados José Braz do Rêgo e Antonio Vital do Rêgo, Economista Aluísio Afonso Campos, Srs Ernesto Heráclito do Rêgo, Abílio Ferreira Pedrosa, Ismael Samarcos Mahon e demais pessoas teve início o ato solene de instalação deste Município. Primeiramente usou da palavra o Deputado José Braz do Rêgo que em nome do prefeito Ramiro Maia agradeceu a presença de todos e consultou – digo convidou os munícipes a cooperarem para o progresso da nova comuna. Em seguida, falou o Dr. Aluísio Campos congratulando-se com os habitantes de Barra de S. Miguel pela sua emancipação. Com a palavra o Deputado Vital do Rêgo fez um retrospecto da batalha pela criação do Município. Encerrando falou o Governador Pedro Gondim que ofereceu sua cooperação. Foi lavrada a presente ata que vai assinada por todos os presentes.
     (...)

    Seguem as assinaturas que podem ser melhor observadas pelos prezados leitores:

    Página 1 - segunda parte
    Vejamos a seguir o prosseguimento das assinaturas dos presentes:

    Página 2
    São estas as páginas principais que concretizaram os anseios e lutas de muitos anos dos moradores de Barra de São Miguel que procuraram lutar pela emancipação política local.

    João Paulo França, 14 de julho de 2020.

    Fonte:
    Acervo da Câmara Municipal de Barra de São Miguel - PB.

    Veja também:

     1961 - A luta pela emancipação política de Barra de São Miguel - PB (Parte 3)

    1970 - Chegada da Luz elétrica da SAELPA em Barra de São Miguel - PB (Parte 4)

    Considerando que a chegada da luz elétrica fornecida pela CHESF em Barra de São Miguel foi um importante feito para a história do município, dedicamos mais uma matéria a este tema em nosso portal de memórias.
    A seguir, vejamos a continuação da cobertura do Jornal  Diário da Borborema, que trata do dia 26 de abril de 1970 e os festejos realizados na época, bem como os bastidores da recepção que foi realizada para as autoridades estaduais e a população local:



    FATOS E NOTÍCIAS
    GRAZIELA INFORMA

    Realização
    A cidade de Barra de São Miguel, acordou no último domingo em meio à grande alegria e expectativa: até a terra árida recebia dos seus céus a chuva que caía como bênçãos de Deus.
    A residência do sr. Ismael Mahon, cedida à SAELPA, estava regorgitando de pessoas que foram participar do grande acontecimento daquele dia, que era a inauguração da energia elétrica.
    Os componentes do Ginásio Comercial Tomaz de Aquino, Grupo Escolar Melquíades Tejo e Alzira Pedrosa, permaneceram perfilados durante a manhã na artéria principal em frente à praça e local de recepção.
    O Governador João Agripino, acompanhado de grande comitiva, fez revista aos educandários presentes e visita ao Grupo local, ao som da Banda de Música de Barra de São Miguel.
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    Na oportunidade, o Chefe do executivo, inaugurou o Posto de Saúde local e o Grupo Escolar de Riacho Fundo a poucos quilômetros daquela cidade. 
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    A convite do prefeito sr. José Pinto, o Governador e outras autoridades almoçaram na residência do dirigente municipal. 
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    Enquanto isso, em todas as dependências todos os presentes saborearam um delicioso churrasco. 
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    No pavimento superior da casa, almoçando entre outras pessoas, a sra. Lourdes Bonavides Maia, esposa do Governador João Agripino (um encanto de simplicidade e simpatia) sra. Noemi Mariz (?) do Sec. Antônio Mariz), (?) do casal João Agripino e seu noivo José Maia a jovem sra. Zélia Albuquerque, esposa do eng. Armando Carvalho sra. Carmesia Tinoco, sra. General Massa, sra. Divaneide Santos e inúmeras pessoas.
    Supervisionando tudo, com muita solicitude e distinção, a Assistente Social da SAELPA, srta. Miriam Dias.
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    A organização das festividades esteve a cargo do Coronel Moacir Amynthos, diretor administrativo da SAELPA que naquela cidade chegou com 8 dias de antecedência, acompanhado de sua esposa Eliete e filha Carmem Lúcia. 
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    Tivemos oportunidade de conversar longamente com a figura distinta e simpática do eng. Acindo Aguiar, que veio do Rio de Janeiro para as comemorações. Ele é o diretor da Divisão Econômica do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, representando o diretor geral do DNAEE.
    Também o general Octávio Massa, diretor presidente da SAELPA, figura das mais empreendedoras e dinâmicas
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    Registramos as presenças dos diretores da SAELPA: Eng. José Mariz, eng. Sérgio Massadir, eng. Celso de Barros, chefe do Escritório Regional do Litoral, eng. Water Santos, Artur Tinoco, Rinaldo Ferras, de Chefia do Escritório Regional do Cariri, prof. Manoel Batista, procurador Jurídico da SAELPA, Suderil Aguiar (representando o Departamento Nacional de Obras e Energias), Geraldo Oliveira, (Departamento Comercial), Sulamir Carapajó (representando a Diretoria da Eletrobrás, Hildebrando Assis, Procurador da SAELPA, Roberto Paulo Soares. Ainda: Noaldo Dantas, Sec. da Administração Antônio Escorer, Sec. Antônio Mariz, Álvaro Gaudêncio, Dep. Teotonio Neto, dep. Plínio Lemos, Francisco Pedrosa Mahon, presidente do Sindicato Rural Agnelo Pedrosa ex-prefeito de Barra de São Miguel, médico Alexandre Gusmão, Dão Silveira, pref. De S. Bento, Edson Carneiro de Araújo, ex-prefeito de Cabaceiras; sr. José Pedrosa, José Lupércio Correia de Araújo, médico Hélio Pinto, sr. José Aureliano de Farias, Padre Manoel Batista. Procurador da SAELPA: Padre Loureiro, sr. Esaú Catão, médico Raul Dantas (prefeito em exercício em Campina Grande) Tarcizo Telino, chefe do Gabinete da Prefeitura deste Município), Assistentes Sociais: Maud Brasil e Luzieta Pinto, Tereza Pedrosa Marly Souza Miranda, Sec. da Procuradoria da SAELPA; Recepcionistas: Maria das Neves Cardoso, Mariinha de Oliveira e Diva Silva. 
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    Conhecemos vários familiares do médico Sebastião Pedrosa, filho daquela terra entre eles: Aluízio Pedrosa, José Pedrosa, Corsina, Zuleusa, Zilda Pedrosa, todos distintíssimos.
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    Representando os “Diários e Emissoras Associadas” João Bosco Lélis, José Bezerra, Marcelo Marcos, Severino Quirino, que fez a transmissão com a categoria de sempre, em gravação e esta cronista De O NORTE o jornalista Gonzaga Rodrigues. 
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    Ás 17 horas, todas as personalidades visitantes convidados e o povo de Barra de São Miguel reunidos, assistiram à conclusão do plano do Governo do Estado de eletrificação de todos os municípios da Paraíba através da SAELPA.
    Houve, no momento, uma demonstração da execução dos levantamentos dos postes em tempo recorde, conseguindo o 1º lugar a equipe de Patos, que recebeu uma taça, 2º lugar Guarabira, 3º Campina Grande.
    Na oportunidade saudara o Governador João Agripino (?) José Pinto, esta cronista, de improviso, saudou em nome dos Diários e Emissoras Associados; o General Octávio Massa, em nome da SAELPA Eng. Sulamir Carapajó, representante da Eletrobrás e, finalizando com um longo e vibrante discurso, o Governador João Agripino, que foi calorosamente aplaudido.
    Jantar
    Todas as personalidades visitantes retornaram a Campina Grande, e alguns participaram de um jantar oferecido pela SAELPA no Clube Médico.
    Entre os presentes: Eng. Sadenil Carapajó, eng. José Mariz, eng. Geraldo Oliveira, eng. Sergio Massa; dep. Milton Cabral Dão Silveira, Sec. Antônio Escorel, General Octávio Massa. Sec. Noaldo Dantas, Cônsul José Noujahim, vereador Francisco Anselmo Casais: Raimundo (Nair) Luz Manoel Donizzeti) Patrício, João Bosco Lélis, José Bezerra, Marcos Albuquerque, Marcelo Marques e Severino Quirino.  

    João Paulo França, 16 de dezembro de 2018.

    Fonte:

     
     

    1951 - Inauguração do Açude Riacho do Bichinho no Diário de Pernambuco

    21 de janeiro de 1951: uma data histórica para a população do pequeno Distrito de "Potira", cuja população abraçava a nomenclatura histórica de Barra de São Miguel - PB. Carros oficiais e não oficiais, secretário de Agricultura estadual, políticos paraibanos e pernambucanos, além de representantes das mais diferentes camadas sociais se encontravam para a inauguração oficial da maior obra construida até então na localidade: o Açude Riacho do Bichinho.
    Toda esta movimentação foi registrada no Diário de Pernambuco de 01 de março de 1951, por meio da escrita do barrense Valfredo de Lisboa. É esta narrativa, com os pormenores das solenidades daquele dia festivo, que passamos a expor a seguir. Antes, vejamos uma bela fotografia da década de 1950 feita por Zeca Cabral, registrando, a partir da serra, a parede do açude e a vila de Potira ao fundo.

    Aspecto da parede do Açude Riacho do Bichinho e Vila de Barra de São Miguel na década de 1950.
    Segue a matéria completa no Diário de Pernambuco:


    CABACEIRAS

    (Paraíba)

    Inaugurado no município de Cabaceiras o grande açude “Riacho do Bichinho” situado no prospero distrito de Barra de São Miguel.



    No dia 21 de janeiro próximo findo, a vila de Barra de São Miguel, o mais importante distrito do município de Cabaceiras, viveu horas de alegria quando da inauguração da grande barragem “Riacho do Bichinho” construída em cooperação entre o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas e o governo do Estado da Paraíba.

    O grande açude “Riacho do Bichinho”, com capacidade para 2.533.000 metros cúbicos dágua custou aos cofres da Nação e do Estado a quantia de Cr$ 600.000,00.

    A obra foi iniciada nos governos do gal. Eurico Dutra e do dr. Osvaldo Trigueiro e concluída na gestão do sucessor deste último, ex-governador José Targino. Muito Contribuiu para o início e bom andamento dos trabalhos o ex-prefeito do município, hoje deputado eleito pelo povo de Cabaceiras, Ernesto Heráclito do Rêgo. É, também, digna de nota a cooperação do atual prefeito do município, sr. Abílio Pedrosa, filho de Barra de São Miguel.

    Carros oficiais e não oficiais encheram a vila sertaneja. As solenidades foram iniciadas com missa festiva celebrada na capela de São Miguel e oficiada pelo vigário da paróquia, Cônego Bandeira Pequeno. O ato religioso foi assistido pelo povo e autoridades presentes, inclusive a comitiva do secretário da Agricultura, Viação e Obras Públicas, sr. José frutuoso Dantas, representante do governo do Estado.

    Ás 17 horas, deu-se inicio ao ato inaugural, que foi precedido de uma solenidade litúrgica, presidida pelo cônego Bandeira Pequeno.  

    O secretário da Agricultura cortou a fita simbólica. Falou o sr. José Aurélio Arruda saudando a comitiva do representante do governo e agradecendo em nome do prefeito Abílio Pedrosa aquela obra de tanta utilidade para um povo de há muito torturado pelo flagelo de implacáveis estiagens, de anos de seca a fio, tão comuns nos sertões cariris. Em prosseguimento, falou o prof. Valfredo de Lisboa, filho daquela terra, que externou a gratidão do povo de Barra de São Miguel aos poderes públicos, enaltecendo os nomes dos srs. Eurico Dutra, Osvaldo Trigueiro e Ernesto Heráclito do Rêgo. Encerrando, discursou o dr. Frutuoso Dantas, que em nome do governador José Targino, facultou o açude concluído à serventia pública.

    Entre as pessoas presentes, achavam-se os srs. Ernesto Heráclito do Rêgo, Ascendino Moura, Celso Pedrosa, diretor do saneamento de Campina Grande, José Barbosa, ex-prefeito do município, Sebastião Pedrosa, acadêmico de Medicina, filho de Barra de São Miguel, todos os fazendeiros do distrito e pessoas de destaque social procedentes de João Pessoa, Campina Grande, Cabaceiras, Santa Cruz, Taquaretinga e Vertentes.

    A noite, as festas populares e um excelente baile coroaram as solenidades.


    Para finalizarmos, vejamos a imagem desta matéria no Diário de Pernambuco, na coluna "Pelos Municípios":

    Diário de Pernambuco com a notícia da inauguração do Açude Riacho do Bichinho.
    João Paulo França, 11 de julho de 2018.

    Leia também:

    Açude e leito do "Riacho do Bichinho" pelas lentes de Zeca Cabral nos anos 1950.
    Açude e leito do "Riacho do Bichinho" pelas lentes de Zeca Cabral nos anos 1950 (Parte 2)
    Barragem "Riacho do Bichinho" nos anos 50 do século XX

    Fonte:
    Acervo de João Antônio Miranda Cabral.
    Diário de Pernambuco, de 01 de março de 1951.

    Novena de Santo Antônio do Sítio Pinhões: uma tradição religiosa de Barra de São Miguel - PB

    O município de Barra de São Miguel possuí diversas tradições religiosas que de certo modo são únicas na região do cariri paraibano. Entre estes eventos, a Festa de Santo Antônio do sítio Pinhões é um dos que mais se destacam.
    Distante aproximadamente 4 km da sede do município, o sítio Pinhões acolhe há mais de meio século os devotos de Santo Antônio que se dirigem todos os anos, no dia 12 de junho, para a comunidade. É um pouco desta tradição que passamos a relatar nesta matéria, afinal, você sabia que existia uma procissão dos Pinhões à Barra de São Miguel com a imagem de Santo Antônio? Que a novena era celebrada em residências, antes da construção do templo? Que a igreja dos Pinhões foi erguida entre os anos de 1962 e 1963? Que o sr. Antônio Miguel Assis, conhecido por Antônio de Simeão foi o incentivador da construção? Estas e outras informações nos foram legadas por moradores do sítio Pinhões que nos auxiliaram a conhecer um pouco do passado desta tradição barrense.
    De início, vejamos uma imagem deste templo católico da zona rural de Barra de São Miguel:

    Igreja de Santo Antônio do Sítio Pinhões em 2018 - Acervo Pessoal.
    Esta capela foi construída no início da década de 1960, sendo que a primeira festa de Santo Antônio na igreja foi celebrada no ano de 1963. Todavia, a devoção ao santo se perde no tempo e remete aos familiares do Sr. Antônio de Simeão. Para compreendermos um pouco dessa história, entrevistamos alguns moradores da comunidade, que nos presentearam com diversos detalhes acerca desta devoção. É um pouco desta história, captada por meio da memória dos moradores do Sitio Pinhões que passamos a observar a seguir.

    Sr. Inácio Brasiliano da Silva: Festa de Santo Antônio, uma tradição que se perde no tempo...

    Nascido em 1955, casado com a sra. Maria de Assis, filha do sr. Antônio Miguel de Assis (Antônio Simeão), o  sr. Inácio Brasiliano da Silva, mais popularmente conhecido como Inácio do Bujão é o atual proprietário das terras onde foi erguida a igreja dos Pinhões no ano de 1963. O terreno do templo foi doado à Diocese no ano de 2002.
    Conversamos com o sr. Inácio do Bujão, que reside na antiga casa onde a novena de Santo Antônio foi celebrada antes da construção da Igreja. O mesmo nos diz:  

    “Essa festa de Santo Antônio, ela foi em vários cantos...foi aqui...(olhando para o nascente )eu tenho um barreiro aqui, tem um umbuzeiro ali, ali tinha uma casa velha, foi ali...depois, quer dizer, do que eu sei...depois lá naquele alto ali tem uma tapera, foi lá também, no outro lado deste pátio (apontando para o poente). Depois foi entregue para meu sogro, aí ele ficou aqui. Em 1963 já havia a festa, mas no mesmo lugar”.

    Sr. José Miguel da Silva e sr. Inácio Brasiliano, conosco na entrevista.
    O sr. Inácio nos informa que a devoção da família à Santo Antônio começou bem antes de seu sogro, o sr. Antônio Simeão. Na realidade começou com um parente chamado Miguel da Cruz, que provavelmente era o bisavô de seu sogro. Miguel da Cruz passou a imagem para Simeão, este a deixou para Miguel Simeão, que faleceu em 1976 e era o pai de Antônio Simeão, que passou a ser o "guardião" da imagem de aproximadamente 15 cm, que provavelmente pode ter vindo de Lisboa, nas palavras do sr. Inácio.

    Sr. Antônio Miguel de Assis

    Sobre a Festa de Santo Antônio, o sr. Inácio lembra que era um dia só, 12 de junho e não tinha "forró", ou seja, era celebrada a novena sem a parte social, como nos dias atuais. Todavia, no começo tinha uma banda de pífano, que vinha de Caruaru-PE. Apesar de não ter transporte, vinham muitas pessoas de outros lugares: "vinha de jumento, bicicleta, a pé. Hoje não, o pessoal só anda de carro, moto... daqui pra Barra é 4 km. Vim muito pra festa, naquela época de 1974 pra 1975".
    Entre os devotos tradicionais, o sr. Inácio lembra dos “velhos”, em especial o Sr. Zé Beco, que sempre contribuiu para a festa. Além de moradores da comunidade mesmo, como o pessoal dos "Pintos". 
    Por fim, o sr. Inácio lembra que só faz uns 20 anos que começou o "forró", "de 1995 pra cá", inclusive, seu Zé Beco era "muito contra". Depois é que a prefeitura começou a auxiliar na festa, principalmente depois de João Tarcísio. Em relação a esta organização o sr. Inácio nos diz que o sr. Antônio de Simeão sempre auxiliou na festa, mesmo depois que a igreja passou para a diocese e que apesar de desentendimentos a festa sempre foi realizada: "uma coisa que não admito é política em um evento como este", nos diz.

    Sra. Maria José Leite (Eliete): "A Festa de Santo Antônio está para os Pinhões como a Festa de São Miguel para a cidade". 

    Nascida em 03 de maio de 1943, no sitio Andrade, a sra. Maria José Leite é mais conhecida por Eliete. A mesma casou em 1963, com o sr. Damião Pinto (ex-presidente da Câmara de Vereadores de Barra de São Miguel), na casa de seu pai no sítio Andrade, indo morar no sitio Pinhões em 1964 nesta casa que o seu marido construiu entre 1958 ou 1959. O casal teve seis filhos.
    Sobre seu primeiro contato com a Festa de Santo Antônio dos Pinhões, a sra. Eliete nos diz:

    “Eu conheci ela (a festa) feita na casa de Antônio Simeão, de Inácio do Bujão (hoje). Era feita noutra casa, mas depois desmancharam a casa, esse tempo eu não conheci porque era lá de outra comunidade e o povo de primeiro para uma moça sair de casa era o maior sacrifício, tinha que ter um acompanhamento e tal e tal...Eu já conheci essa comunidade eu já noiva, namorada eu não vim nenhuma festa não. Aí eu conheci ela feita na casa de Inácio. Aí Antônio de Simeão com o pai dele que era velhinho, assim desses velhinhos "rancioso", quando queria uma coisa, conseguia...aí resolveu fazer a igreja com a comunidade ai cada um ajudava, uns davam as linhas, outros batiam os tijolos, então fizeram a igreja...”.

    A sra. Eliete nos informa que a novena de Santo Antônio era feita por um livro que tinha “novena de todos os santos”, a “ladainha” e quem “tirava a novena” (presidia) era o sr. Miguel Simeão (pai de Antônio Simeão). Textualmente nos diz:

    “No tempo dele, ele não entregava pra ninguém, ele se preparava como um padre, ele era bem inspirado pra tirar essa novena”, ainda conheci ele, "cansado", ele tinha um “puxado”, ainda mais nesse tempo frio da novena, ele dizia (voz baixa): “licença que eu estou muito cansado, mas com Deus eu chego lá”. 
    Entre os moradores locais que presidiram a novena, a sra. Eliete lembra também da sra. Luzia e de Maristela, além da própria, que chegou a ficar com esta missão por dois ou três anos. Sobre a participação dos devotos, a sra. Elite no diz que:


    "No tempo passado o povo era muito devoto, era muita gente que o pátio não cabia. Vinha muita gente da Barra, de Cacimba de Baixo, logo que Miguel Simeão enviuvou e casou de novo com uma mulher da Barrinha (município de Santa Cruz do Capibaribe)".

    Tinha também uma arrematação. O responsável saia pelo sítio pedindo prendas e o povo doava galinha, melancia, girimum, bode, queijo de coalho... nos diz:

    "Tinha uma zabumba que vinha do Travessão...aí depois através de um tio de Albaneide vinha um zabumbeiro de Riacho das Almas...era uma banda de pífano...tocava antes e depois da novena. Durante a novena acompanhavam a ladainha.. Não tinha baile, era só a festa religiosa, a “novena de Santo Antônio”.
     
    Sobre a devoção anterior à construção da igreja, a sr. Eliete lembra que:

    "Teve um tempo que tinha procissão da Barra pra cá...não tinha padre no sítio, aí teve um padre que proibiu a novena aqui no sítio, aí levaram o santo pra Barra, mas o "velho" ficou muito aperreado, sempre persistindo que pra aqui voltasse...aí começou a vir a procissão da Barra pra cá...no começo teve êxito, mas depois foi afracando até que trouxeram o santo pra cá..."

    Passados muitos anos foi incorporado a festa religiosa o forró, segundo a sra. Elite, na época de Joãozinho, que deu uma avivada na festa..."ele trazia Lucia de Tonheira que fazia a novena, a celebração... quando João foi prefeito aí teve uns moídos e em um ano o baile fizeram aqui (próximo a sua casa)".

    Nos chama a atenção a preparação da comunidade dos Pinhões para a Festa de Santo Antônio. Eis o relato da sra. Eliete:

    "A festa de Santo Antônio para a comunidade dos Pinhões era como a “Festa de São Miguel para o povo da Barra”. Aí o povo fazia roupa nova. Eu era a costureira da comunidade e as pessoas viam aqui pra casa fazer roupas novas e cortar o cabelo das moças. Eu me virava pra poder dar conta do trabalho e da casa... Desde o mês de maio que as pessoas encomendavam suas roupas. Todos iam de roupa nova para a festa. Quando vim morar na comunidade eram 28 casas e as noites das novenas de maio era muito cheia a igreja. Eram pessoas da Pedra Branca, do Gabriel e dos Pinhões que celebravam juntas. Do Gabriel via o “povo de Adalto”, da Pedra Branca tinha a casa de Maria Frazão, Sebastião Frazão, Jota, João de Zuza, Dedé Isidoro, Nelson... cuidava da janta e recebia o pessoal da Pedra Branca, que já vinham cantando pelos caminhos".


    Por fim, a sra. Eliete lembra que muitas pessoas tinham promessa para Santo Antônio, que é um santo que é "muito forte para coisas perdidas", inclusive a mesma também faz suas promessas para o padroeiro da comunidade.

    Altar de Santo Antônio 2018.
    Sra. Maristela Clemente Pinto: Os desafios da vida em Comunidade.

    A sra. Maristela nasceu no dia 05 de janeiro de 1948, no sítio Andrade. Assim como sua irmã, Eliete, também casou com um morador do sítio Pinhões, o sr. Manoel Pinto da Silva, conhecido por Manezim, no dia 28 de maio de 1972. Ao todo geraram seis filhos.
    Sobre a Festa de Santo Antônio, nos diz a sra. Maristela:

    “Eu tenho notícia desta festa dos Pinhões quando Eliete se casou logo, antes eu vim de lá (do sitio Andrade) pra essa festa...choveu muito... nesse tempo não tinha transporte e mamãe (dizia): "nós não vamos não, que tem muita lama e não sei o que"...não mamãe nós vamos, depois quando voltar, a lama tem acabado, vamos, vamos ...eu com interesse de vir né, isso foi em 1963...eu vim pra qui, eu era solteira, aí viemos pra festa e Eliete ainda não morava aqui não, veio também, mas não morava aqui...nesse tempo eu tinha pai, tinha  mãe, tinha tudo, era tudo aquela beleza pra nós vir pra festa, todo mundo, aí nós vinha a cavalo, outros na garupa e assim vinha tudinho, a família era meio grande. Foi a primeira festa da igrejinha em 1963”.

    Sobre esta data da primeira festa na igreja dos Pinhões, não há dúvidas por parte da sra. Maristela, pois lembra que: "Eliete veio grávida do primeiro filho em 1963 e ele nasceu em 06 de agosto de 1963, por isso não tenho dúvida".

    Sobre a devoção a Santo Antônio, antes da igreja, a sra. Maristela nos informa que era uma novena na casa de Antônio Simeão, inclusive a mesma chegou a ir umas duas vezes. Nesta novena lembra que não tinha forró, a diversão é que depois tinha umas "rainhas", Luzia organizava. Aí fazia uma arrematação, depois tinha a coroação da rainha. “Quando arrematava dizia “tanto pro cordão vermelho”, "tanto pro cordão azul”. Fazia aquela arrematação até umas 11 horas, meia-noite.
    A sra. Maristela lembra que "o povo mais antigo de Barra de São Miguel, assim, como Maria de Zé Pinto, Mira de Biino", e muitas pessoas participavam da festa. Questionamos acerca da  procissão da Barra para os Pinhões e a mesma sabe que houve, "mas não é de seu tempo. Era no tempo de seu Miguel Simeão, quando o mesmo tinha saúde". Ela sabe porque o povo dizia, a mesma  era criança no período. Continua a sra. Maristela: "Esta novena começou na casa da mãe do finado Miguel Simeão, Dona Aninha dos Pinhões como era conhecida. Quem contava muito isso era meu cunhado, Damião Pinto".
    Sobre a organização da festa de Santo Antônio, a sra. Maristela nos diz que o "forró" deve ter uns 15 anos, mais ou menos. A mesma ficou como encarregada, por uns oito anos, mas não fazia o baile. A mesma colocava os noiteiros da festa e estes vinham para os Pinhões. Lembra ainda que organizava um lanche para acolher estes visitantes. Todavia, por conta de "moídos", deixou de fazer esta organização. Na época, quem lhe auxiliava eram seus filhos mais novos que viviam em casa e ajudavam a arrumar a igreja. Sobre este período a sra. Maristela toma como lição que "o trabalho em comunidade é difícil porque tem que combinar direitinho com todos".
    A Igreja dos Pinhões funcionava também no mês de maio, no novenário de Nossa Senhora. Era no tempo de Dona Maria Frazão, conhecida por "Alia". Antes da sra. Maristela era ela que cuidava e zelava da igreja. A sra. Alia passou de 6 a 8 anos tomando conta da novena. "Ela chegava logo cedo, organizava umas florzinhas. Aí depois dela foi Luzia que tomou conta. Aí depois foi que eu tomei conta. Eu tava bem entrosada no mês de maio com outras meninas aqui da comunidade"
    No período que a igreja dos Pinhões foi doada à diocese pelo sr. Antônio Simeão, a sra. Maristela lembra que foi com "Dom José Luiz" (à época Pe. Zé Luiz) que passou a ter muita reunião. "Ele explicou bem direitinho assim como era o espírito da igreja, aí ele passou eu a ser ministra da eucaristia. Eu pelejei e incentivei outras meninas mais novas pra também ser".
    Apesar de ficar triste porque adoeceu e não pode participar mais da comunidade (há quase três anos ela luta contra uma doença), a sra. Maristela não deixa de estar presente, quando pode, nas celebrações, além de fazer suas orações na igreja dos Pinhões.
    Por fim, a sra. Maristela lembra que a novena de Santo Antônio sempre foi realizada, nunca deixando de ser celebrada, mesmo com doença ou morte de pessoa da comunidade: O pessoal tem uma grande devoção, inclusive, uma senhora fez um Santo Antônio de tecido pra pagar uma promessa e doou.

    Igreja de Santo Antônio do Sítio Pinhões em 2018 - Acervo Pessoal.
    Sr. Manoel Pinto da Silva: "Eu fui buscar a madeira da igreja no Jaques, em uma junta de carro-de-boi".

    Finalizando nossa investigação acerca da devoção à Santo Antônio da Comunidade dos Pinhões, temos importantes informações reveladas pelo sr. Manoel Pinto da Silva, conhecido por Manezim, esposo da sra. Maristela. De início, o mesmo nos faz uma interessante revelação:

    “Eu mesmo, aquela igreja, eu fui buscar a madeira dela, não tinha nem carro nesse tempo, fui buscar no Jaques, em uma junta de boi, eu fui buscar, eu não conhecia nem Maristela neste tempo, eu "coisa" novo de 15 anos por ali (...) Eu fui buscar mais o finado Júlio daqui dos Pinhões, sogro de Biu da lenha, fomos buscar a madeira no Jaques e nós não levamos comer, quando chegou em João Pinto do Mulungu, nós passamos lá umas 11 horas do dia e ele foi quem deu umas melancia pra gente chupar, aí nós fomos buscar as madeiras de imburana pra fazer essas portas aí, nesse tempo não tinha serraria, serrava em cima de duas furquias, com o serrote pra fazer a tábua (...). Nós saímos tão tarde com os bois que no caminho eles cansaram".
     
    O sr. Manezim é natural do sitio Pinhões e por isto o mesmo tem detalhes interessantes da construção da igreja, bem como da devoção da comunidade à Santo Antônio. Segundo o mesmo:

    "Os tijolos foram batidos ali perto da igreja...foi Antônio Simeão quem levantou aquela igreja... agora Santo Antônio foi na época... tinha uma casa do finado Miguel Simeão...levava de procissão pra Barra que a Festa de Santo Antônio era na Barra... Era muita gente que vinha pra festa de Santo Antônio, mas vinha pra levar ele pra Barra, quando passava a Festa de Santo Antônio era outra procissão pra vir trazer, como a de Menino de Deus”.
    Ainda sobre este tempo, o sr. Manezim lembra:
    “Na casinha pequena, mamãe levava a gente para as novenas do mês de maio na casa pequena de Miguel Simeão, uma casinha pequena, era ele rezando o terço dentro de casa e o povo tudo no terreiro (...). Pra Barra fui muitas vezes, quando era novo, saindo da casa do "velho", era na época de Cônego Bandeira. Ia soltando muito fogo pelo caminho".

    O mesmo recorda que tinha uma banda de pífano que vinha das "bandas de Caruaru e quem enfrentava (organizava) era Alia". A iluminação da festa era uma fogueira no terreiro e o candeeiro na casa...lembra que até brincavam de "pular" a fogueira.
    Para a novena vinham pessoas de todo lugar, de Caruaru, do Distrito do Pará e da Barra.
    Sobre os desafios da igreja, lembra da queda do telhado, em uma chuva que fez a linha cair. Como as pessoas da comunidade eram "pobre, não tinha condições", pessoas de outros lugares auxiliaram, a exemplo de "Julio do Taquari", que deu a madeira pra reformar o telhado da igreja.
    O sr. Manezim e sua sua esposa Maristela lembram que Joãozinho (ex-prefeito) ajudou muito na festa, inclusive a estátua da frente da igreja quem doou foi o sr. Hélio, de Vitória de Santo Antão, por intermédio dele, antes mesmo de ser prefeito da Barra.

    Estátua de Santo Antônio em frente à Igreja dos Pinhões. Arquivo Pessoal
    Com alegria, nesta matéria procuramos apresentar um pouco da memória coletiva dos moradores do Sitio Pinhões de Barra de São Miguel - PB e suas percepções acerca da devoção à Santo Antônio, desde as novenas iniciais celebradas nas casas da comunidade, passando pela construção da igreja, até um pouco da organização dos festejos. Com certeza, muito ainda há por conhecermos acerca desta tradição religiosa barrense, mas por hora reflitamos acerca dos caminhos aqui apontados.
     
    João Paulo França, 13 de junho de 2018.

    Atualização em 14 de junho de 2018 - Em nossa rede social, o amigo colaborador Miguel Belé nos acrescenta as seguintes informações sobre a Festa de Santo Antônio:

    "Eu tenho grandes recordações dessa festa principalmente da arrematação que tinha como leiloeiro oficial o Sr Amaro do Ó que com a sua irreverência era uma atração a parte, do Sr Pedro do Gabriel que era o responsável pela contabilidade da arrematação que se estendia por quase toda a noite, dada a grande quantidade de prendas ofertadas a Santo Antônio.
    Lembrança do encontro dos filhos ausentes (eram muitos) que religiosamente uma vez por ano se encontravam nessa festa em uma grande confraternização.
    Recordo da proibição aos namorados e encalhados de virar Santo Antônio de ponta cabeça para casar ou arranjar casamento, que por sinal muitos namoros e casamentos tiveram início naquela comunidade com as bênçãos do santo casamenteiro."

    Fonte:

    Entrevista com os Srs. Inácio Brasiliano da Silva e José Miguel da Silva, em 09 de junho de 2018.
    Entrevista com a Sra. Maria José Leite (Eliete), em 09 de junho de 2018.
    Entrevista com Sra. Maristela Clemente Pinto, em 09 de junho de 2018.
    Entrevista com o Sr. Manoel Pinto da Silva (Manezim), em 09 de junho de 2018.
    Imagens de arquivo pessoal e rede social de Bartô Pinto e Manoel Edvam.