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  • Livro: "Família Bomfim e sua genealogia: O passado revelado no presente"

    No dia 04 de fevereiro de 2023, o Distrito de Riacho Fundo de Barra de São Miguel, Paraíba, parou para acompanhar o lançamento do livro "Família Bomfim e sua genealogia: O passado revelado no presente", fruto de pesquisa de mais de duas décadas de Geraldo Fausto Cordeiro, autor da obra. 

    Livro "Família Bomfim e sua genealogia"

    A bela capa do livro, com destaque para a 'casa grande' de Eduardo e Ana Rolim, dos primórdios de Riacho Fundo, é de início um ótimo convite à leitura da obra. Após as pesquisas em livros de igrejas, cartórios, documentos particulares e inúmeras entrevistas, Geraldo Fausto concretizou sua escrita com a finalização do livro. O convite para o lançamento em Riacho Fundo, foi amplamente divulgado por intermédio das redes sociais:

    Convite virtual para o lançamento da obra


    Atendendo ao convite, centenas de "primos", como carinhosamente Geraldo Fausto se dirige aos familiares das distintas famílias de Riacho Fundo e região, se fizeram presentes e lotaram o espaço no lançamento da obra.

    Recinto do Recanto das Águas, lotado

    A alegria e entusiasmo dos presentes no evento era visível, afinal, parentes de Cabaceiras, Boqueirão, São João do Cariri e de toda a "beira-do-rio" Paraíba se fizeram presentes, tendo a oportunidade de adquirir a obra e encontrar informações preciosas sobre a genealogia da família Bomfim e das demais famílias que se originaram de João Francisco do Bomfim e Mônica Sousa Rolim, tronco inicial até onde o autor conseguiu retroagir em suas pesquisas.

    Autor autografando o livro 

















    Mesa de Apresentação junto ao autor

    Geraldo Fausto Cordeiro, autor da obra, ao longo dos últimos anos uniu distintas pessoas em suas pesquisas. Entre os presentes, inúmeras pessoas, a exemplo de Márcia Bomfim e Everaldo Truta, destacados pelo autor como exemplo dos familiares que auxiliaram com dados para o livro. Também contribuiu para a coleta de informações orais o casal José Clemilton Truta e Lívia Costa Lima Truta, presentes no lançamento, na imagem a seguir, ao lado do sr. João Truta Costa.

    O autor com parte da família do sr. João Truta Costa



    Agradecemos o convite para auxiliar na apresentação da obra na festa de lançamento, fazendo parte da mesa de honra, junto do autor. Ao lado do prefeito João Batista Truta e vice-prefeito Fábio José Maia de Miranda, "primos" de Geraldo Fausto, fizemos o registro seguinte.

    Nossa saudação ao autor

    Também participaram da solenidade o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Boqueirão, professor Laudemiro da Costa Lopes e o professor Carlos José Duarte Pereira, de Ribeira de Cabaceiras, representando o Instituto Histórico e Geográfico do Cariri, ambos descendentes dos Bomfim, portanto "primos" do autor.

    O autor e mais "primos" com a obra

    Por fim, destaco que o livro pode ser adquirido diretamente com Geraldo Fausto Cordeiro, por intermédio do contato em rede social, na conta "Bomfim Sousa Varjão" que o mesmo mantém no Facebook e @geraldofc no Instagram. Esta é uma obra fundamental para o conhecimento das raízes familiares da região da "beira-do-rio" Paraíba, não só de Barra de São Miguel, mas de todo o Cariri paraibano e até Pajeú pernambucano, conforme apresenta o autor, a partir das migrações e entrelaçamentos familiares dos "Bomfim".

    João Paulo França, 06 de fevereiro de 2023

    São João e o Distrito Riacho Fundo de Barra de São Miguel-PB

    Nesta data em que o Nordeste se transforma em um grande palco em homenagem a São João, voltamos nosso olhar para o município de Barra de São Miguel, Paraíba, e procuramos encontrar um pouco desta tradição em suas comunidades.
    Entre os santos juninos, São João é o mais festejado e no município é o padroeiro do Distrito de Riacho Fundo, que fica às margens do Rio Paraíba, já na Bacia do Açude Epitácio Pessoa.
    Para conhecer um pouco da história deste Distrito e da devoção à São João Batista, recorremos as fontes disponíveis até o momento. Vejamos a imagem do padroeiro de Riacho Fundo:

    Imagem 1 - São João de Riacho Fundo.
    Sem dúvidas, uma das personalidades que mais eram identificadas como conhecedora da história da Comunidade de Riacho Fundo era a professora Beta. Em 1999 a mesma escreveu um interessante relato, que o transcrevemos a seguir. Vejamos uma imagem da querida professora e seu texto:

    Imagem 2 - Professora Beta
    Eis o texto:
    Fundação de Riacho Fundo - 1918

    Sei muito pouco a esse respeito. Os dados que pude captar são um pouco evasivos. Sei apenas, que Riacho Fundo foi fundado no ano de 1918, pelo então saudoso “Eduardo de Sousa Rolim”, um homem íntegro, dotado de uma personalidade austera e muito forte, apesar de não ter instrução.

    Fundou esse lugar construindo em primeiro plano: a casa que é hoje do seu filho Adauto Rolim. Só que antes, nessa casa funcionou um vapor, tipo fábrica, para descaroçar algodão. Essa invenção de vapor é muito arcaica, mas existiu. Era uma máquina manual, mas de grande utilidade, pois na época o trabalho era todo manual, a tecnologia só veio há pouco tempo atrás. Em seguida construiu essa habitação, a que hoje chamamos de “Casa Grande”, pois ela é a maior de todas, histórica, não por riquezas materiais e sim por sua “história”. Essa casa conta tudo que nos interessa. Aqui vieram os nossos antepassados. Nela foram abrigadas pessoas muito carentes, que vieram de vários lugares, até mesmo de Pernambuco, nosso estado vizinho. Após a “Casa Grande” foi construída outra casa, onde foi fundada a primeira casa de negócio, a qual naquela época chamávamos de Mercearia. A “Casa Grande” teve uma grande família, que hoje é ainda considerada a maior entre todas as famílias que existe. Ela é considerada a grande família. Família essa, que está espalhada por várias partes do nosso país, como por exemplo, Nordeste, Sudeste, como Rio, São Paulo, etc. Filhos, netos, bisnetos, tios, sobrinhos...

    Riacho Fundo teve início como um sítio, depois tornou-se uma fazenda. Com o passar dos tempos (ou décadas) tornou-se um arraial, porque nele existia apenas uma família, “a Família Rolim”. Depois foram se misturando as famílias, daí foi criado o povoado, Vila e atualmente é considerado um Distrito ainda não oficializado pertencente ao município de Barra de São Miguel, a nossa cidade. Anteriormente, pertencíamos ao município de Cabaceiras, mas depois foi desmembrado e formado o município de Barra de São Miguel.

    Na década de 40 foi fundada uma capela, que tem como patrono, a imagem de São João Batista, o nosso padroeiro. Essa imagem foi doada pelo nosso saudoso Padre Inácio Cavalcante de Albuquerque, que veio de São João do Cariri, a cidade mais antiga e mais histórica do cariri, aqui na Região Nordeste. A capela foi fundada no ano de 1947 e o seu primeiro [DOCUMENTO CORTADO] dade de Cabaceiras, para construir essa obra. Infelizmente ele não teve tempo de concluir, pois antes disso, ele viera a falecer de um ataque cardíaco. Fora dormir bem e ao acordar estava morto, falecera durante a noite.
    Imagem 3 - Relato da Professora Beta

    As pessoas que mais contribuíram para edificar essa obra foram, sem dúvidas: Nenem Rolim,  filha de Eduardo de Sousa Rolim que também já falecera e a nossa professora Cicelina Gomes de Lacerda, (Vulgo Cilé Gomes) que veio da cidade de Boa Vista, que na época pertencia a Campina Grande. Ela veio para aqui se sediar e aqui lecionar, no ano de 1937, onde permanecera durante 14 anos.

    A capela foi construída também com a ajuda de todos os habitantes daqui e de outros setores circunvizinhos, também em 1947 foi fundado o Cemitério de São Vicente de Paula tendo como encarregado, o então saudoso Severino Pereira Maia, mais conhecido por Severino Paulino, onde se abrigam os mortos, não somente daqui, mas de lugares circunvizinhos. O primeiro morto a se sepultar aqui foi um senhor de um sítio aqui vizinho que se chamava João Rodrigues, mas que o chamavam de João Preto.

    O fundador daqui falecera no dia 22 de junho de 1937, picado por uma cobra venenosa, a cascavel. Morrera prematuramente, nos deixando uma lacuna impreenchível.



    Esses foram os únicos dados que pude colher.

    Narradora: Bernadete Maria do Bonfim Azevedo (Beta)

    Riacho Fundo, 18. 02. 99

    Com muito carinho para o primo Belarmino Mariano C. do Bomfim

    Sem dúvidas, esta é uma interessante fonte para o conhecimento da história da comunidade. Ressaltamos que transcrevemos o documento em sua integralidade, o que não o torna uma "verdade absoluta", apenas faz interessantes apontamentos para novas pesquisas. Entre as correções necessárias, destacamos que desde 1976, Riacho Fundo já era um Distrito, reconhecido inclusive através da Lei Estadual nº 3.892/76 (Veja Matéria neste Link AQUI). Vejamos a seguir algumas imagens de cenários e personagens apontados pela sra. Beta:

    Imagem 4 - A "Casa Grande"
    Imagem 5 - A Igreja de Riacho Fundo
    Imagem 6 - Cemitério São Vicente
    Imagem 7 - Professora Celecina
    Além desta fonte oral, representada pelas palavras escritas da professora Beta, em 1985, o Padre Léo Dénis de Cabaceiras lançou a obra "Cabaceiras 1835-1985" e  na mesma consta a seguinte informação sobre a comunidade e a devoção católica à São João Batista:

    Fundação da Capela de Riacho Fundo (Texto fornecido por Oseni Bonfim)


    Eduardo Rolim e Ana da Conceição foram quem deram início à fundação de Riacho Fundo, mais ou menos no ano de 1918.

    Morrendo este no ano de 1937, a capela foi iniciada sua construção no ano de 1943 pela comunidade tirando esmolas.

    Foi dado o nome de Riacho Fundo por haver bem próximo um riacho muito fundo, por onde passava a estrada antiga. Os meios de transporte eram cavalo e caminhão.

    Criava-se gado, jumento e cabra. Cultivava-se o milho, o feijão, o algodão, o jerimum e a batata, que eram transportados em burros para serem vendidos na cidade de Campina Grande por tropeiros.

    Havia também na época um motor a vapor para descaroçar algodão, que pertencia ao senhor Eduardo Rolim. Ele negociava em tecidos, feijão, algodão, milho e gado.

    Riacho Fundo fica às margens do Rio Paraíba que derrama suas águas no açude Epitácio Pessoa. Este açude teve sua primeira enchente no ano de 1957, mas só em 1961 é que veio favorecer os agricultores da região com a sua maior enchente, obtendo-se maiores lucros.

    Em 1971 foi plantado o primeiro plantio de tomates, dando com isso mais oportunidades de emprego a muitos pais de família, que não tinham como ganhar o pão de seus filhos.

    Já em nossos dias planta-se o pimentão, a cenoura, a beterraba, a cebola e outras verduras, que são entregues nas Ceasas de Campina Grande, João Pessoa e Recife. (DÉNIS, 1985,p. 52)

    Não temos maiores informações acerca das fontes de Oseni Bonfim, porém, fica evidente que sua descrição se aproxima bastante das descrições prestadas pela professora Beta, na correspondência que a mesma guardava consigo que transcrevemos inicialmente. Cremos que uma fonte complementa a outra, obviamente com ambas necessitando de maiores detalhes e confirmações.
    Por fim, entre os dados mais recentes, destacamos trecho da obra "O Antigo Termo de Cabaceiras", em que o Padre João Jorge Rietveld faz a seguinte anotação sobre a comunidade:

    1949 – Capela de São João Batista de Riacho Fundo

    A primeira vez que a capela de Riacho Fundo foi registrada num batismo no dia 03 de julho de 1949. Padre Léo resgatou uma parte de sua história. “Eduardo Rolim e Ana da Conceição foram quem deram início à fundação de Riacho Fundo, mais ou menos no ano de 1918. Morrendo este no ano de 1937, a capela foi iniciada sua construção no ano de 1943 pela comunidade tirando esmolas. Foi dado o nome de Riacho Fundo por haver bem próximo um riacho muito fundo, por onde passava a estrada antiga”. A capela foi dedicada a João Batista (RIETVELD, 2017, p. 299).

    Desta fonte destacamos a informação acerca deste ano de 1949, em que a Igreja de Riacho Fundo já passa a figurar nos documentos oficiais da Matriz de Cabaceiras.
    Certamente a história religiosa, cultural e econômica desta importante comunidade ainda está por ser escrita. Que novos desbravadores possam assumir esta tarefa é o nosso desejo. Por hora, saudemos Riacho Fundo, saudemos o São João e caminhemos sempre nesta busca pelo melhor conhecimento do patrimônio material e imaterial desta região.

    João Paulo França, 23 de junho de 2020.

    Fonte:

    DÉNIS, Léo. Cabaceiras 1835-1985. Cabaceiras, s/e, 1985.
    RIETVELD, João Jorge. O Antigo Termo de Cabaceiras". Queimadas: Cópias e papéis, 2017.
    Imagem de rede social da Comunidade "Riacho Fundo" do Facebook
    Imagem de rede social da Paróquia de São Miguel Arcanjo de Barra de São Miguel.
    Imagem de rede social de Florêncio Bonfim Costa Leonardo.