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  • Artigo: Patrimônio cultural no Cariri da Paraíba: contribuições para inventário patrimonial de Barra de São Miguel

    Neste dia 17 de agosto, data que se comemora no Brasil o "Dia Nacional do Patrimônio Histórico", apresentamos nossa contribuição para esta temática, a partir do Artigo intitulado: "Patrimônio cultural no Cariri da Paraíba: contribuições para inventário patrimonial de Barra de São Miguel", uma comunicação oral apresentada no III Seminário Nacional História e Patrimônio Cultural da ANPUH – Associação Nacional de professores de História, GT História e Patrimônio Cultural, realizado no ano de 2021. A seguir, imagem da apresentação, resumo e link do artigo completo.


    Resumo: 

    A cidade de Barra de São Miguel está localizada no semiárido brasileiro, precisamente no Cariri paraibano, distante aproximadamente 230 quilômetros da capital do estado, João Pessoa. Trata-se de uma área limítrofe com o estado de Pernambuco, o que contribui para aspectos de sua construção histórica, identitária e cultural, que procuramos captar por meio da presente pesquisa. Desta forma, o objetivo geral foi realizar apontamentos para construção futura de inventário participativo do patrimônio cultural de Barra de São Miguel, destacando suas potencialidades e necessidades, bem como possíveis caminhos a serem trilhados nesta obra coletiva. A partir de pesquisa na legislação municipal, arquivos de instituições públicas e privadas, bem como pesquisa qualitativa, com questionários previamente elaborados, procuramos captar os conhecimentos da população residente, bem como sua compreensão acerca da existência de bens culturais e sua importância para o patrimônio cultural local. Como resultado, temos apontamentos que podem auxiliar no desenvolvimento da comunidade de Barra de São Miguel em sua construção histórica e identitária, por meio de um futuro inventário participativo, bem como os poderes públicos constituídos em suas políticas de gestão e preservação do patrimônio cultural.

    Palavras-chave: Patrimônio Cultural; Inventário; Barra de São Miguel-PB.

    O texto completo pode ser acessado neste link AQUI

    Ainda temos um longo caminho a percorrer no sentido de conhecer, preservar e divulgar nosso patrimônio cultural, todavia, esta é uma ação que desde já deve ser abraçada por toda a sociedade de Barra de São Miguel, para que assim as próximas gerações possam ter acesso ao tesouro patrimonial construído pelos antepassados e pela geração do tempo presente.

    João Paulo França, 17 de agosto de 2022.

    Sociedade São Miguel: Música, cultura e História em Barra de São Miguel, Paraíba

    Neste dia 26 de abril parabenizamos a Sociedade Musical São Miguel, fundada em 1964 por moradores da cidade de Barra de São Miguel, pequeno município do cariri paraibano. Para saudar a passagem desta data, disponibilizamos nesta matéria parte da exposição que faz parte do acervo permanente da instituição, localizada em sua sede, na Rua Thomaz de Aquino, Centro da cidade.

    Em 06 de agosto de 2021 foi entregue pela Prefeitura de Barra de São Miguel a revitalização e ampliação da Sede da Sociedade Musical. Deste dia, temos este registro da atual geração de músicos:

    Filarmônica São Miguel, em 06 de agosto de 2021

    Os sons harmoniosos da apresentação desta data podem ser acompanhados por meio de live que está disponível no YouTube da prefeitura de Barra de São Miguel, que no contexto da pandemia do Covid-19 passou a realizar estes eventos de maneira híbrida.

    Todavia, a parte mais aguardada da noite foi a liberação do acesso dos presentes ao interior da Sede da Sociedade Musical São Miguel e o consequente conhecimento da exposição que foi montada.

    Interior da Sede da Sociedade São Miguel

    Com os esforços do Maestro Severino Sergio de Moura, que há muitos anos se faz presente à frente da Filarmônica, gerações de músicos não só são formados e lapidados em seus talentos com a música, como também são apresentados à noções importantes de cidadania, respeito e conhecimento pela cultura em geral e, de Barra de São Miguel, em particular. 

    Com auxílio dos secretários Bartolomeu Pinto, de Cultura e José Clemilton Truta, de Finanças, a prefeitura de Barra de São Miguel, por intermédio do gestor, João Batista Truta, empreendeu importantes esforços para revitalizar este equipamento cultural do municipio. E o resultado pode ser conferido todos os dias, com o carinho e zelo que os músicos e integrantes da Sociedade Musical fazem uso do espaço.

    O Maestro Sérgio e o cotidiano de ensaios

    Poucas são as pessoas em Barra de São Miguel que em algum momento de suas vidas não participaram das atividades da Sociedade Musical. Seja na qualidade de principiante que pouco vai além das lições teóricas, passando por aqueles mais persistentes, que chegam a fase de aprendizagem com os instrumentos, até os que efetivamente passam a fazer parte da Filarmônica nas apresentações pelas festividades da região. Em todo este caminho, uma coisa é certa: o conhecimento da música se entrelaça com a cultura e a história da comunidade, de forma que novas gerações continuam a entoar belas melodias pelas ruas de Barra de São Miguel!

    Não esqueçamos: A música e a Filarmônica de Barra de São Miguel são centenárias! No mínimo, remontam ao ano de 1907 as primeiras melodias feitas por músicos desta terra, com instrumentos e sob a batuta de um maestro do lugar. Infelizmente, por razões ainda desconhecidas, aquela chama inicial foi ficando em fogo brando nas décadas seguintes, de forma que nos anos 1940 e 1950 já não tínhamos compassos e notas musicais a serem executados pelos nossos moradores. A revitalização e novo impulso veio na década de 1960, com homens e mulheres de fibra que desta feita não só adquiriram instrumentos e contrataram um maestro, como ergueram este patrimônio físico que é a Sede da Sociedade Musical. É este momento festivo que lembramos nesta data! É esta história que devemos compartilhar e sedimentar cada vez mais nossa cultura de Barra de São Miguel! 

    28º Título de Sócio Fundador da Sociedade Musical São Miguel

    Parabéns Sociedade Musical! Vida longa à nossa Filarmônica! Perseverança a toda nossa juventude!

    João Paulo França, 26 de abril de 2022

     

    Acesse as imagens da Exposição Permanente da Sede da Filarmônica AQUI.

    Acesse a Galeria de Maestros da Filarmônica AQUI.

    Acesse a Live de reinauguração da Sede da Filarmônica AQUI.

    Acesse outras matérias deste Portal de Memórias sobre a Filarmônica AQUI


    Exclusivo! Apresentação da Filarmônica São Miguel na UFPB.

    No dia 26 de abril tradicionalmente saudamos a passagem da data da fundação da Sociedade Musical São Miguel, de Barra de São Miguel, Paraíba. Para comemorar disponibilizamos em nosso canal do YouTube a apresentação desta filarmônica na Sala de Concertos Radegundis Feitosa - CCTA/UFPB, em João Pessoa no ano de 2018, realizada dentro da programação do 6º Encontro do Projeto "a Banda de Música na Academia", da Universidade Federal da Paraíba.
    Na pessoa do atual Maestro Severino Sérgio de Moura saudamos todos os componentes da banda, de ontem e de hoje, que juntos constroem esta história.


    Acesse o Canal no YouTube AQUI.

    Filarmônica na Apresentação na UFPB em 2018
    Aproveitamos este momento para parabenizar toda a Sociedade Musical São Miguel pela passagem de mais um aniversário. Lembro que em 26 de abril de 1964 uma banda de música local voltava a ecoar os acordes da música instrumental em nossa cidade.
    Como sempre ressalto, a tradição musical em Barra de São Miguel remete a mais de um século. Desde 1907 já temos registro de uma Filarmônica nesta povoação, porém, esta iniciativa pioneira acabou por ser desfeita por volta da década de 1930, o que leva a este hiato na história musical local. Por isto, a pompa e o festejo em torno da data de 26 de abril de 1964, quando o Maestro Braz Ferreira Campos e os músicos de primeira hora desfilaram pelas ruas da cidade.

    Conheça um pouco mais desta história no artigo que escrevi intitulado "Uma memória esquecida: Fragmentos da centenária História da Banda de Música de Barra de São Miguel - PB", disponível na nossa Biblioteca Virtual.



    João Paulo França, 27 de abril de 2020.

    Vídeo - Filarmônica São Miguel de Barra de São Miguel - PB

    Está no ar nosso mais novo vídeo do Canal do Portal de Memórias de Barra de São Miguel-PB. A homenagem desta vez é a centenária Filarmônica São Miguel. Confira:


    Se quiser conferir os outros vídeos do Canal do Portal de Memórias acesse AQUI.

    Barra de São Miguel-PB, 25 de novembro de 2018.

    Lula do Clarinete (Série Biografias - nº 05)¹


    Lula do Clarinete - Acervo da Banda Novo Século - SCCapibaribe

    Luiz Gonzaga de Moura nasceu na cidade de Santa Cruz do Capibaribe-PE em 22/07/1939, filho de Izaías Amâncio de Moura e Maria Dantas de Lira, aos 13 anos de idade ingressou na Sociedade Musical Novo Século e através de sua dedicação e notável desenvolvimento musical, mais tarde tornara-se Maestro da referida banda musical, função que ocupara por duas vezes, através da qual conseguiu grande respeito e reconhecimento no meio musical da cidade e também do Estado Pernambucano. 
    Ao encerrar suas atividades naquela cidade, ele passa a morar em Barra de São Miguel, Estado da Paraíba, onde construiu residência e família. Neste mesmo período trabalhara como auxiliar do Maestro Braz Ferreira Campos na Sociedade Musical São Miguel. 
    Com o falecimento do Maestro Braz, ele ascende ao posto de Maestro, onde permanecera até a chegada do Sr. Gonzaga, mas no final de 1988 volta a assumir o posto de maestro que deixara há alguns anos atrás. Portanto permaneceu no cargo até julho de 1994, quando por motivos de saúde, precisou se afastar da Filarmônica São Miguel. 
    Faleceu em 03 de setembro de 1997 deixando seu nome escrito nos dobrados que as gerações posteriores a sua partida continuam fazendo ecoar nas ruas e praças de Barra de são Miguel. 
    Sendo filho de músico levando consigo a arte de tocar, também deixou o gosto pela música nos seus filhos e netos que continuam dando prosseguimento na história musical da família MOURA.


    Fontes: Rita Farias de Lima (Esposa),
    Roberta L. Moura Bomfim (Filha), Hellen Gabrielly de Moura Bomfim (Neta).
    Alunos Pesquisadores: Jardelson, José Felix, Jackson, Julhyermes (EEMT).

    1 - Esta Biografia e as demais desta série foram produzidas pela Secretaria Municipal de Educação de Barra de São Miguel para a V FLIBARRA - Festival Literário de Barra de São Miguel - realizada entre os dias 17, 18 e 19 de maio de 2018. Agradecemos a Sanção Lins que gentilmente nos cedeu as pesquisas apresentadas no evento.

    Barra de São Miguel na década de 1950 (Parte 2)

    Mais uma vez nosso site volta ao passado de Barra de São Miguel - PB por meio de uma bela fotografia panorâmica da vila, provavelmente na década de 1950. Com atenção, observemos o cenário que muitos barrenses viveram no passado da comunidade:

    Imagem 1 - Panorâmica da Vila de Barra de São Miguel - PB
    Infelizmente não temos a data exata desta bela fotografia, nem o autor da mesma, todavia, vale a pena observar o cenário, em suas diferentes posições, como faremos nos destaques a seguir. Ressaltamos mais uma vez que se trata de uma imagem de antes de 1959, ano que já não existia o cemitério ao lado da igreja, que tivera suas paredes e túmulos retirados deste local central da vila.

    Imagem 2 - Destaque para o lado direito da imagem 1
     Neste lado direito da fotografia, vemos de costas uma banda de música, com seus músicos a marchar em direção à igreja de São Miguel. Destaque-se o fardamento, inclusive com quepe, além dos dois reluzentes tubas, que se apresentam na paisagem. Vários populares e crianças caminham ao lado da filarmônica, de onde vemos ser este um costume de longa data.
    Nos chama a atenção no horizonte, o grande telhado da antiga Casa Paroquial, além de um prédio, que provavelmente seria o local onde ficou o motor a diesel que gerou a energia para a localidade, que ficava ao lado do Grupo Melquíades Tejo, inaugurado em 1949.
    Também está na imagem um caminhão, que comparado com imagens de época, provavelmente se trata de um Chevrolet ano 1945 ou 1946 (As imagens consultadas ainda não nos permitem concluir com exatidão).

    Imagem 3 - Destaque para o lado esquerdo da imagem 1
    Por fim, esta imagem 3 nos mostra a população se dirigindo para o templo religioso. Alguns populares já se encontram na frente e conversam descontraídos, seja sentado no batente do cruzeiro da calçada, seja abaixo da árvore que ali existia.
    Nos chama a atenção as roupas de época, os homens com terno e gravata, já as senhoras com seus vestidos, inclusive, uma se desloca com a vestimenta totalmente preta, o que conjecturamos tratar-se de alguém que poderia ser viúva ou estar celebrando o luto. Muitas crianças também se locomovem na paisagem, algumas, inclusive, vestidas de maneira bem simples.

    João Paulo França, 13 de junho de 2017.

    Fonte:

    Acervo de José Clemilton Truta
    Site http://antigosverdeamarelo.blogspot.com.br/2009/02/
    http://wp.clicrbs.com.br/memoria/2015/09/23/na-estrada-desde-1950/?topo=87

    Veja também:  Barra de São Miguel na década de 1950 (Parte 1)

    Festa de São Sebastião em Barra de São Miguel-PB (Década de 1940?)

    A música e a religião sempre fizeram parte da história de Barra de São Miguel - PB. Nesta matéria voltamos a nossa atenção para esta junção entre a religiosidade local e musicalidade que emanava nesta região. Já é conhecida da população local a seguinte imagem da Banda Novo Século de Santa Cruz do Capibaribe-PE em terras barrenses:

    Imagem 1 - Fotografia com a Banda Completa.
    Como podemos observar na legenda escrita à mão na própria fotografia, esta seria uma "Lembrança da festa de São Sebastião na Barra de S. Miguel". Segundo informação do acervo da Banda Novo Século, esta imagem seria de 20 de abril de 1944, o que nos leva a questionar: o dia de São Sebastião é oficialmente comemorado em 20 de janeiro... estaria a data do acervo equivocada, ou naquele período a festa de São Sebastião seria realizada em data diferente da celebrada oficialmente pela igreja?
    Segundo a Sra. Maria do Perpétuo Socorro Pedrosa (Totô), a Festa de São Sebastião era organizada em especial pela Sra. Júlia e Abílio Pedrosa.
    A seguir, vejamos a mesma imagem, dividida em partes, com os nomes dos personagens da época, constantes na fotografia do acervo da Banda Novo Século:

    Imagem 2 - Centro da Imagem 1
    Além de personalidades santacruzenses e diversos músicos da Banda Novo Século que são reconhecidos, como o Senhor Malaquias Cardoso Aragão, João Balbino, José Rufino, Zuza Balbino, Pedro Aragão, aparecem no centro da imagem personagens históricos de Barra de São Miguel, a exemplo do Vigário local, o Cônego Bandeira, o sr. Olinto Vasconcelos e os irmãos Agnelo e Abílio Pedrosa.
    Vejamos o lado direito da imagem 1:

    Imagem 3 - Lado direito da 1
    Nesta imagem vemos em destaque músicos e cidadãos das cidades de Barra de São Miguel e Santa Cruz do Capibaribe. Vale lembrar que este instante congelado pelo desconhecido fotógrafo foi registrado na hoje conhecida rua Thomaz de Aquino, na frente da casa dos "Pedrosas".

    Imagem 4 - Lado Esquerdo da Imagem 1
    Por fim, podemos observar os detalhes do lado esquerdo da imagem. Além das pessoas identificadas, vemos que há senhores, senhoras e crianças que também estão registrados na fotografia, mas que ainda não são conhecidos seus nomes.
    Por fim, é importante ressaltarmos que provavelmente neste período, década de 1940 e 1950, temos um momento da história da cidade em que a banda de música barrense está desativada, por isto, a lembrança dos moradores locais se reportarem as participações das filarmônicas de Santa Cruz do Capibaribe-PE, Taquaritinga do Norte-PE, Gravatá de Ibiapina-PE, Brejo da Madre de Deus - PE e Caruaru-PE.

    João Paulo França, 01 de junho de 2017.

    Fonte:

    Acervo da Banda Musical Novo Século, de Santa Cruz do Capibaribe- PE
    Acervo de José Clemilton Truta
    Entrevista com a Sra. Maria do Perpétuo Socorro Pedrosa (Totô)

    A Filarmônica de Barra de São Miguel é centenária! (Parte 5)

    No mês de abril, época em que tradicionalmente a filarmônica de Barra de São Miguel comemora seu aniversário de fundação, rememorando a data de 26 de abril de 1964, nosso portal de memórias volta a esta temática, para mais uma vez apresentar elementos que alargam este período temporal e reafirmar a nossa compreensão que a música nesta cidade na realidade está completando 110 anos de história neste ano de 2017.
    Vejamos mais uma evidência da origem da banda musical barrense. Trata-se de um processo-crime. Antecipadamente agradecemos a contribuição do amigo pesquisador Ginaldo Nóbrega, que no arquivo do Fórum da Justiça de Cabaceiras encontrou a seguinte passagem no processo acerca do assassinato do cidadão João Rodrigues de Oliveira "Purgão", mais conhecido por "João Purgão". Este depoimento  se dá aos 27 dias do mês de fevereiro do ano de 1908, e o escrivão é o conhecido Manoel Melchíades Pereira Tejo. Observe:

    Processo Crime - Fórum de Cabaceiras-PB, parte da páginas 15 e seu verso.
    Estes recortes são do final da página 15 e seu verso do referido processo. Conseguimos fazer a seguinte leitura deste depoimento da 1ª Testemunha:

    Francisco de Assis Pereira Tejo Sobrinho, com idade de trinta e um anos, artista, casado, morador desta vila, de onde é natural e aos costumes nada disse: testemunha jurada aos Santos Evangelhos, em um livro (?), em que pos sua mão direita e prometeu dizer a verdade do que soubesse e lhe fosse perguntado. E, sendo inquirido sobre o facto constante da denuncia de folhas (?), que (?) lhe foi lida e bem declarada, dizer que as oito horas, pouco mais ou menos da noite do dia vinte sete de setembro ultimo, sahindo da novena que ali se fasia, com a banda de musica que maestrava e tendo esta feito circulo entre a casa do Conselho Municipal e o estabelecimento de Candido Casteliano dos Santos, ouviu do lado desta os estampidos de dois tiros e logo se debandaram os músicos, que precisando saber o que havia, foi logo informado de que os soldados denunciados Angelino Soares de Figueiredo e Jose Teixeira de Brito, haviam atirado em João Rodrigues de Oliveira Purgão; que apesar de achar-se em pequena distância não viu os mesmos denunciados porque sendo (?), a sua vista não alcançava, sabendo que o dito purgão foi atingido pelos projectus, de cujos ferimentos faleceu de madrugada na mesma noite. (...) (Grifo nosso)
     
    O ano é 1907, no dia 27 de setembro, ou seja, na antevéspera do dia da Festa de São Miguel (29 de setembro). Este depoimento é fulminante para conhecermos um pouco das sociabilidades daquele período. Temos, pela palavra de Francisco de Assis Pereira Tejo Sobrinho, por volta das 08:00 horas da noite, uma novena (provavelmente em alusão a Festa de São Miguel), e saindo desta, o mesmo, com a banda de música que maestrava, fez um percurso muito parecido com o que a filarmônica faz até os dias de hoje: tendo esta feito circulo entre a casa do Conselho Municipal e o estabelecimento de Candido Casteliano dos Santos. Vale ressaltar que este estabelecimento de Cândido Casteliano fica onde hoje é a primeira casa da Rua Thomaz de Aquino, em frente ao prédio da prefeitura.

    Como era de se esperar, quando se ouviu do lado desta (a banda) os estampidos de dois tiros, logo se debandaram os músicos. Com certeza, aquele ano de 1907 não estava fácil para os moradores de Barra de São Miguel: não esqueçamos que, em 26 de janeiro, Antônio Silvino e seu bando atacaram a Vila e já no mês de setembro, dia 17, a Lei 264 voltava a sede do Município e Termo para Cabaceiras. Agora, com este assassinato, provavelmente, a festa já não teria o mesmo brilho.
    Assim, no dia seguinte, 28 de Setembro, a "Subdelegacia de Polícia do Distrito de Barra de São Miguel", por intermédio de Amaro Samuel de Castro (Subdelegado – 2º Suplente), abria o inquérito com as seguintes informações: "Tendo sido ferido á balas, hontem as 10 horas da noite, o infeliz João de Tal, conhecido por João Purgão, o qual, em consequência de taes ferimentos, faleceu as duas horas da madrugada do dia de hoje (...)" (p. 5 do processo-crime). Esta foi a abertura do inquérito para realizar o respectivo "corpo de delicto". Ao longo do processo ficamos sabendo que os acusados foram os próprios "soldados do batalhão de segurança destacado na villa, de nomes Angelino Soares de Figueiredo e José Teixeira de Brito". Em sentença de 23 de março de 1908, o Presidente do tribunal Faustino Cavalcante Albuquerque, em conformidade das decisões do júri, absorveu os réus.

    Voltando ao centro de nossa discussão, ou seja, a banda de música de Barra de São Miguel, observamos que foram chamadas cinco testemunhas para o caso e, destas, três declaravam como profissão serem "artista", o que nos leva a reforçar a compreensão que tais pessoas eram na verdade músicos da banda que presenciaram ou pelo menos ouviram os "estampidos" dos tiros. Vejamos quem eram estes:

    1ª Testemunha: Francisco de Assis Pereira Tejo Sobrinho, com idade de trinta e um anos, artista, casado, morador desta vila, de onde é natural (p. 15 do processo-crime)
    4ª Testemunha: José Gomes Henriques, com vinte seis anos de idade, solteiro, artista, morador nesta vila. (verso da p. 19 do processo-crime)
    5ª Testemunha: Salviano Pereira de Oliveira, com quarenta e quatro anos de idade, viúvo, artista, morador nesta vila. (verso da p. 20 do processo-crime)

    Observe que, além de se declarar "artista", tais pessoas também deixam claro que são "morador nesta vila" (Barra de São Miguel), o que reforça a nossa compreensão que são músicos da Barra que, consequentemente, faziam parte dos pioneiros da filarmônica local.

    A pesquisa histórica é importante para compreendermos o nosso passado. De certa forma, este processo-crime confirma que a banda de música de Barra de São Miguel é do ano de 1907, conforme já publicou o Sr. Agnelo Pedrosa, na escrita de suas memórias. Vejamos:

    Imagem 2 - Livro "História lendária de Barra de São Miguel"

    Nosso intuito não é descaracterizar e muito menos diminuir a importância histórica dos inúmeros cidadãos e cidadãs que contribuíram para a reabertura da banda de música na cidade de Barra de São Miguel em 1964. Antes, porém, temos o desejo de fazer justiça com os pioneiros moradores da pequena Vila de Barra, que nas primeiras décadas do século XX criaram e mantiveram uma banda de música nesta cidade.

    Por fim, mais uma vez afirmamos que a banda de música de Barra de São Miguel é centenária, assim como outras agremiações musicais da região, como as bandas Dom Luiz de Brito e Padre Ibiapina, ambas de Taquaritinga do Norte-PE e a banda Novo Século de Santa Cruz do Capibaribe- PE.

    João Paulo França, 19 de abril de 2017


    Fonte:

    Arquivo do Fórum de Cabaceiras-PB. Processo-crime do assassinato de João Rodrigues de Oliveira "Purgão" (1907).
    Jornal A República. Antônio Silvino- A última façanha. Dia 13 de fevereiro de 1907.
    PEDROSA, Agnelo.  História Lendária de Barra de S. Miguel - Recordações de Agnelo Pedrosa. São Paulo: Ingral Indústria Gráfica Ltda. 
    Relatórios dos Presidentes dos Estados Brasileiros - Mensagem do Presidente Walfredo Leal. Ano 1908


    Leia também:

    A filarmônica de Barra de São Miguel é centenária (parte 1)

    A filarmônica de Barra de São Miguel é centenária (parte 2)

    A filarmônica de Barra de São Miguel é centenária (parte 3)

    A filarmônica de Barra de São Miguel é centenária (parte 4)


    Procissão de São Miguel em Barra de São Miguel no ano de 2015

    Nesta data unimos diversos símbolos da história, cultura e memória dos barrenses. Publicado em 28 de setembro de 2015, por Claudiana Maria do Bomfim, este vídeo com duração de 8:20 minutos nos mostra não só a saída da centenária procissão de São Miguel Arcanjo de Barra de São Miguel, mas também outros sons característicos da cidade.
     
    Escutemos as badaladas inconfundíveis do sino tocando festivamente na saída da procissão... passemos ao lado do andor de São Miguel, caminhemos pelas ruas Tenente Pedrosa e Thomaz de Aquino enquanto escutamos a centenária Filarmônica São Miguel entoar a tradicional marcha de procissão "Nossa Senhora do Carmo", tão conhecida e apreciada pelos fiéis.

    Veja o vídeo aqui.


    Em breve continuaremos a publicar mais imagens do cotidiano de Barra de São Miguel - PB.

    João Paulo França, 22 de julho de 2016


    Fonte:

    https://www.youtube.com/watch?v=M6N3N-Qp2NY

    A Filarmônica de Barra de São Miguel é centenária! (Parte 4)

    Nesta data recorremos as memórias dos moradores de Barra de São Miguel para apresentarmos mais argumentos que justificam a tese que a Filarmônica desta cidade tem mais de 100 anos de musicalidade.
    Sobre este período, analisemos o trecho de livro publicado pelo barrense Agnelo Pedrosa, em data próxima aos seus 80 anos, em fins da década de 1970. É uma citação do livro História Lendária de Barra de S. Miguel - Recordações de Agnelo Pedrosa:

    O Sr. Agnelo Pedrosa não deixa margem a dúvidas ao afirmar do alto de suas recordações próximas aos 80 anos de idade, que "quando a nossa Barra pertencia ainda a Cabaceiras no ano de 1907, foi organizada uma sociedade e criada uma Banda Musical sobre a regência do Dr. João Jorge Pereira Tejo". Esta informação já havíamos exposto na publicação 01 desta série, onde encontramos a informação no Jornal "O malho" do Rio de Janeiro de 25 de dezembro de 1909, que o Sr. J.J. Pereira Tejo era o diretor da Banda de Música de Barra de São Miguel.

    Agnelo Pedrosa amplia nosso conhecimento sobre este período ao afirmar que "na década de 1920 tivemos a Charanga São Miguel" (Segundo o Dicionário de Sinônimos de Antenor Nascentes, Charanga é Conjunto de músicos que só tocam instrumentos metálicos de sopro, se diferenciando da filarmônica pelo caráter associativo desta última). Esta banda dos anos 1920 teria a "regência do grande clarinetista Severino Gonçalves", que segundo as memórias do Sr. Luiz de Biino, teria tocado aqui e ido também para Caruaru-PE, onde teria se destacado à frente de bandas de músicas daquela cidade.

    O livro deixado pelo Sr. Agnelo Pedrosa ainda cita um músico que não nos deixa dúvida da existência desta banda de música de Barra de São Miguel. Trata-se do Sr. "Zé do Bombo". Este, segundo vários relatos de moradores locais teria este nome pelo fato do mesmo ser o tocador do fuzileiro da banda, popularmente conhecido como o "bombo". Deste e outros músicos trataremos em breve nesta nossa busca por apresentar elementos que comprovem a tese que a banda de música de Barra de São Miguel é centenária.

    João Paulo França, 13 de junho de 2016. Atualizada em 21 de maio de 2017.

    Leia aqui:

    A filarmônica de Barra de São Miguel é centenária (parte 1)

    A filarmônica de Barra de São Miguel é centenária (parte 2)

    A filarmônica de Barra de São Miguel é centenária (parte 3)

    Fonte:

    PEDROSA, Agnelo.  História Lendária de Barra de S. Miguel - Recordações de Agnelo Pedrosa. São Paulo: Ingral Indústria Gráfica Ltda.

    http://www.recantodasletras.com.br/gramatica/3831189

    A Filarmônica de Barra de São Miguel é Centenária! (Parte 3)

    Esta matéria trazia uma imagem que faz parte do acervo da Banda de Música Novo Século, da cidade de Santa Cruz do Capibaribe - PE. Apesar da informação do referido acervo fazer referência a Barra de São Miguel, em pesquisa posterior percebemos que há dúvidas acerca desta informação, o que nos fez retirar tal imagem de nosso site. Pedimos desculpas aos nossos leitores pela informação anteriormente apresentada.

    João Paulo França, 11 de junho de 2016. Atualizada em 21 de maio de 2017.

    Leia aqui:

    A filarmônica de Barra de São Miguel é centenária (parte 1)

    A filarmônica de Barra de São Miguel é centenária (parte 2)


    Série o que vivi, ouvi e senti na História: entrevista com a Sra. "Mira de Biino".

    Estamos iniciando hoje este espaço onde pretendemos apresentar entrevistas com os moradores de Barra de São Miguel acerca de suas memórias sobre a cidade. Por isto, intitulamos esta coluna como a "Série o que vivi, ouvi e senti na História". Neste primeiro encontro, apresentamos um trecho, não literal, da entrevista de 59:00 minutos que gravamos no dia 10 de maio de 2016, com a Sra. Ermira Maria de Fátima Pinto, conhecida como "Mira de Biino", nascida em 08 de outubro de 1953 e amante da história local, além de possuidora de belo acervo de imagens e material de Barra de São Miguel.

    A vida da Sra. Joseja Gonçalves Pedrosa (conhecida Zefinha de Biino, mãe de Mira) é o mote principal de nossa conversa, passando pela influência da Sra. Zefinha de Biino na fundação do "Aití" ou "Haití" Clube, nas festas e igreja local, bem como o apoio a Banda de Música de Barra de São Miguel, além de um pouco da história do Sr. "Zé do Bombo" (Avô da Sra. Mira). Iniciemos:

    Sra. Mira, nos fale um pouco sobre a participação de sua mãe, Zefinha de Biino na reativação da banda a partir de 1964.

    Ela tinha adoração por esta banda, ela se empenhou para esta banda. Ela dizia: "eu não quero que a banda morra". Ela tinha uma frase muito bonita: "eu daria minha vida mil vezes para essa banda não se acabar". Quando a banda estava em aperto ela saia no mato mais Paulo meu irmão e voltava com um "garajal" de galinhas nas costas, ovo, bode...ela vendia e entregava o dinheiro ao mestre para comprar coisas como bocal, palheta, aqueles cremes, fardamento.... toda vez que a banda estava em apuros ela caia em campo pra não deixar "cair".

    Sra. Zefinha de Biino (1913-1997)
    Alguém na família era músico?
    Sim, Paulo, Luiz, Fernando, Raimundo, todos os filhos homem.

    Ela chegou a juntar outras pessoas pra dar força a ela?
    Sim, chegou a ter uma associação com padrinho Otacílio, Zezé de Joca, Tetinha, e outras pessoas de condição formaram uma associação, mas depois foi esfriando e parou. Mas ela continuou ajudando. As vezes Braz (o mestre) falava que tava difícil sair na festa de São Miguel, ela ia e fazia rifa e arrumava uma forma qualquer e ajudava.

    Que outras festas, além da de São Miguel havia tocadas?
    Procissão do menino Deus, Festa de São Miguel, mês de maio, retretas... lembro também a Festa de São Sebastião, dia 20 de janeiro...já assisti muita procissão tocada pela banda. Lembro também da festa de todos os santos, que era Chiquinha de João Justino que fazia dia 01 de novembro.

    Voltando para a banda, tem lembrança de que locais ela tocou?
    Cabaceiras, Campina, Santa Cruz, Riacho Fundo... se deslocava muitas vezes em cima de um caminhão mesmo. Lembro de um Fó laranja e branco de Chico de Nô que a banda viajava.

    Sua mãe contribuiu até que época da vida com a banda?
    Até depois que Paulo meu irmão foi para Caruaru. Teve umas coisas e ela esfriou com a banda, mas mesmo assim, enquanto pode ela contribuiu com a banda. Ela era tão apaixonada por banda que todos os anos ela trazia a banda do 4º Batalhão de Caruaru para a Festa de São Miguel. Ela acolhia os músicos em sua casa.

    Banda do 4º Batalhão de Caruaru que vinha tocar em Barra de São Miguel. O Primeiro a frente é o Sr. Maurício Silva de Araújo, e o 3º a frente é o Sr. Paulo, filho da Sra. Zefinha de Biino.

    A gente agora vai falar sobre um time de futebol que sua mãe fundou. O que você tem a falar sobre isto?
    Ela contava que tinha fundado um time de futebol com muito sacrifício. Comprou um rádio pra fazer uma rifa e pra isto ter condição de comprar o padrão, a bola pra eles jogarem. E organizou este time neste mesmo campinho atrás do cemitério. Muita gente jogava: meu pai era o "quipa" (goleiro) do time. Ela fez um hino pra o time. Eu acho, se não me falha a memória que o nome do time era Haiti Clube ( ou Aití?). Ela que colocou este nome.

    Este  time teve quanto tempo de duração?
    Ah, eu não sei dizer...durou muito tempo...eu não era nem nascida...ela era solteira. Vinha uns times de fora jogar aqui. Ela nasceu em 1913 e organizou este time quando era solteira. Ela casou por volta  de 1942. Casou com uns 28 a 30 anos. Este time funcionou nos anos 1930. O povo era muito animado, o campo enchia de gente.

    Que outros atributos você considera para sua mãe?
    Ela era muito decidida. Ela organizava bailes no mercado e nas casas, como por exemplo na casa que foi de Zilda Pedrosa, onde era o sindicato...também no salão onde era a padaria. Ela era solteira ainda e organizava e ia pra casa, por que seu irmão, Leocádio, era muito brabo, aí ela mandava os outros pedir pra ele deixar ela ir, como se ela não tivesse organizado nada. Ela era também cantora da Igreja e ajudava muito nos pavilhões, na arrematação ali onde hoje é a praça. Ela tinha coragem e partia para organizar as coisas. Mãe morreu com 84 anos (1997) mas morreu com uma cabeça muito “moderna”, não ignorava nada.

    Bem, ela ajudava no futebol, na igreja, nas festas e depois na banda...já que estamos voltando aos anos 30 ou 40, ela falava se trazia alguma banda de fora?
    Não, porque havia a banda daqui na época. Até meu avô, “Zé do Bombo” tocava. Ele morava na Lagoa do Mel, todos os filhos nasceram lá, ele era marchante e ajudava muito as pessoas... antes dele perder a visão, ele veio para a Barra e morava ali vizinho a Luiz (Rua Thomaz de Aquino hoje). Terminou cego, mas antes disso, na juventude ele tocou na banda.

    Por que este nome “Zé do Bombo”?
    O nome dele era José do Nascimento, mas como ele tocava na banda, o bombo, acabou recebendo este apelido por causa da carreira que deu na briga dos “perrepistas e liberais”. Ele correu e entrou “debaixo” da cama com o bombo. Daí até o resto da vida as pessoas o conhecia como “Zé do Bombo”, era uma pessoa de um coração muito bom.

    Você chegou a conhecer ele?
    Sim, ele já era cego, inclusive eu era criança e me lembro dele sentado na janelinha do meio da casa, com o capote (Era uma peça de roupa, como se fosse uma capa). Esse gosto de música dele acabou passando pros outros.

    Sra. Mira de Biino conosco no dia 10 de maio de 2016, durante nossa conversa para este post.

    Muitos outros assuntos tratamos com a Sra. Mira de Biino, todavia, por questões de espaço fizemos esta seleção. Nosso agradecimento pelas informações e inclusive imagens que temos apresentado neste site, como também sua forma de contribuir para o conhecimento do passado de Barra de São Miguel.

    João Paulo França, 29 de maio de 2016.


    Fonte:

    Entrevista e imagens cedidas pela Sra. Ermira Maria de Fátima Pinto.