Coral São Miguel canta a "Regina Coeli"

Neste último dia do mês de maio temos a oportunidade de continuar nossa visita ao passado por meio da música sacra que ouvimos no presente. Neste vídeo disponível no Youtube, podemos ouvir uma das mais belas melodias que ainda ecoam pela centenária Igreja de São Miguel Arcanjo.

A letra, simples é a que segue:
Regina Caeli (Latim)




Regina caeli laetare, Alleluia,
Quia quem meruisti portare, Alleluia,
Resurrexit sicut dixit, Alleluia.
Ora pro nobis Deum. Alleluia.


O vídeo foi publicado em 10 de set de 2012 pela produtora Quebra Panela. A Música faz parte do DVD "Ora pro Nobis" e tem a duração de 2:58 minutos.

Veja e ouça este hino em latim, "Regina Coeli", cantada pelo Coral São Miguel de Barra de São Miguel - PB. Clique no vídeo para assistir:


Vozes da esquerda para a direita:

Vera Lucia do Ó
Maria Edite do Nascimento (Maria de Tereza) (In memorian)
Josefa do Nascimento Costa (Zefinha Costa)
Marilene Dantas Diniz
Edizia Pinto  
Maria da Conceição (Lica) 
Maria do Socorro Costa (Socorro de Osvaldo)
Maria Margarida do Socorro (Guida Hóstio) 
Maria do Socorro Costa e Silva

Órgão: Alisson França do Nascimento

Direção: André da Costa Pinto

Em breve continuaremos a publicar vídeos do youtube que mostram um pouco da cultura e história de Barra de São Miguel- PB.

João Paulo França, 31 de maio de 2016.


Fonte:

https://www.youtube.com/watch?v=cb4b5DQXt7c
https://www.letras.mus.br/catolicas/regina-coeli-latim/

1877 - "Febres de Mau Caracter" ou "Febre Amarela" em Barra de São Miguel

No século XIX a pequena vila da Barra de São Miguel, enfrentou não só o surto do cólera em 1862 (Acesse aqui o post). Quinze anos após, em 1877, de junho a setembro encontramos diversos recortes de jornais que tratam das "febres de mau caracter" ou "febre amarela" na mesma povoação sendo notícia nos diversos jornais do Império, do Ceará passando pela Bahia até, inclusive, a capital federal, o Rio de Janeiro.

Iniciemos, observando o Jornal "O Cearense", de 10 de junho de 1877:


Na parte das notícias da "Parahyba", se lê:

" -Na Barra de S. Miguel desenvolveram-se febres de mau caracter que já tem feito mais de 15 victimas e tinham muitas pessoas atacadas". 

Percebe-se que mais uma vez a vila está acometida de uma peste que já dizimou "mais de 15 victimas", e com "muitas pessoas atacadas". Observemos a seguir o jornal baiano "O Monitor" de 07 de julho de 1877, onde se lê:


Este jornal baiano reproduz notícia do jornal "O Dispertador" que diz:

"- Diz o Dispertador que a febre amarella continua a fazer victimas na povoação da Barra de São Miguel".

Aqui temos a confirmação que "a febre amarella continua a fazer victimas" no pequeno povoado paraibano. Vale ressaltar que esta é uma notícia replicada do jornal paraibano "O Despertador". A seguir vejamos que as notícias já chegavam a capital do império, o Rio de Janeiro, através do "Jornal do Commercio" de 10 de julho de 1877. Observemos:

 
Lê-se na notícia:

"PARAHYBA - A febre amarella continua a fazer victimas na povoação da Barra de São Miguel."

Percebe-se que esta nota do Jornal do Commercio é semelhante à anterior e mais uma vez menciona que, na Paraíba, a febre amarela continua a "fazer victimas".

Confirmando esta epidemia e apresentando algumas providências das autoridades, O Diário de Pernambuco dos dias 02 e 03 de julho de 1877 noticia que o Governo finalmente estava a enviar remédios para o Município de Cabaceiras, o que conjecturamos servir também a Vila da Barra de São Miguel, pertencente no período àquele território. Observemos:


Nas notícias se lê:                                

"PARAHYBA

- Foi remetida para Cabaceiras outra ambulancia com medicamentos para as pessoas affectadas de febres de mao caracter." (Dia 02 de julho de 1877)



- Para o termo de Cabaceiras, onde reina febres de mao caracter fez S. Exc. o Sr. Dr. Esmerino seguir uma segunda ambulancia de remedios homeopathicos segundo as prescripções do Dr. inspector da saude publica, a ser entregue a respectiva commisão. (Dia 03 de julho de 1877)

Pelo que as fontes nos permitem afirmar, tais "medicamentos", as astúcias dos moradores e o "tempo" resolveram a questão, já que no mês de setembro, tem-se a impressão que a febre estava cedendo. Vejamos mais uma vez o "Jornal do Commercio" de 08 de setembro de 1877.


A nota é pequena no tocante a Barra de São Miguel, mas bastante elucidativa. No último parágrafo lê-se:

PARAHYBA - (...)
"Tinhão cessado as febres na Barra de S. Miguel."

Desta forma, percebemos que a povoação da Barra de São Miguel enfrentou e venceu mais uma epidemia no século XIX. Haveria nestas lutas medicinais alguma relação com festas religiosas no município? Continuamos nossas investigações.

João Paulo França, 30 de maio de 2016.


Fonte:

Jornal "O Cearense", de 10 de junho de 1877, ano XXXI, nº 49.
Jornal "O Monitor" de 07 de julho de 1877, ano II.
Jornal do "Commercio" de 10 de julho de 1877 e de 08 de setembro de 1877.
Jornal "Diário de Pernambuco" dos dias 02 e 03 de julho de 1877.



Série o que vivi, ouvi e senti na História: entrevista com a Sra. "Mira de Biino".

Estamos iniciando hoje este espaço onde pretendemos apresentar entrevistas com os moradores de Barra de São Miguel acerca de suas memórias sobre a cidade. Por isto, intitulamos esta coluna como a "Série o que vivi, ouvi e senti na História". Neste primeiro encontro, apresentamos um trecho, não literal, da entrevista de 59:00 minutos que gravamos no dia 10 de maio de 2016, com a Sra. Ermira Maria de Fátima Pinto, conhecida como "Mira de Biino", nascida em 08 de outubro de 1953 e amante da história local, além de possuidora de belo acervo de imagens e material de Barra de São Miguel.

A vida da Sra. Joseja Gonçalves Pedrosa (conhecida Zefinha de Biino, mãe de Mira) é o mote principal de nossa conversa, passando pela influência da Sra. Zefinha de Biino na fundação do "Aití" ou "Haití" Clube, nas festas e igreja local, bem como o apoio a Banda de Música de Barra de São Miguel, além de um pouco da história do Sr. "Zé do Bombo" (Avô da Sra. Mira). Iniciemos:

Sra. Mira, nos fale um pouco sobre a participação de sua mãe, Zefinha de Biino na reativação da banda a partir de 1964.

Ela tinha adoração por esta banda, ela se empenhou para esta banda. Ela dizia: "eu não quero que a banda morra". Ela tinha uma frase muito bonita: "eu daria minha vida mil vezes para essa banda não se acabar". Quando a banda estava em aperto ela saia no mato mais Paulo meu irmão e voltava com um "garajal" de galinhas nas costas, ovo, bode...ela vendia e entregava o dinheiro ao mestre para comprar coisas como bocal, palheta, aqueles cremes, fardamento.... toda vez que a banda estava em apuros ela caia em campo pra não deixar "cair".

Sra. Zefinha de Biino (1913-1997)
Alguém na família era músico?
Sim, Paulo, Luiz, Fernando, Raimundo, todos os filhos homem.

Ela chegou a juntar outras pessoas pra dar força a ela?
Sim, chegou a ter uma associação com padrinho Otacílio, Zezé de Joca, Tetinha, e outras pessoas de condição formaram uma associação, mas depois foi esfriando e parou. Mas ela continuou ajudando. As vezes Braz (o mestre) falava que tava difícil sair na festa de São Miguel, ela ia e fazia rifa e arrumava uma forma qualquer e ajudava.

Que outras festas, além da de São Miguel havia tocadas?
Procissão do menino Deus, Festa de São Miguel, mês de maio, retretas... lembro também a Festa de São Sebastião, dia 20 de janeiro...já assisti muita procissão tocada pela banda. Lembro também da festa de todos os santos, que era Chiquinha de João Justino que fazia dia 01 de novembro.

Voltando para a banda, tem lembrança de que locais ela tocou?
Cabaceiras, Campina, Santa Cruz, Riacho Fundo... se deslocava muitas vezes em cima de um caminhão mesmo. Lembro de um Fó laranja e branco de Chico de Nô que a banda viajava.

Sua mãe contribuiu até que época da vida com a banda?
Até depois que Paulo meu irmão foi para Caruaru. Teve umas coisas e ela esfriou com a banda, mas mesmo assim, enquanto pode ela contribuiu com a banda. Ela era tão apaixonada por banda que todos os anos ela trazia a banda do 4º Batalhão de Caruaru para a Festa de São Miguel. Ela acolhia os músicos em sua casa.

Banda do 4º Batalhão de Caruaru que vinha tocar em Barra de São Miguel. O Primeiro a frente é o Sr. Maurício Silva de Araújo, e o 3º a frente é o Sr. Paulo, filho da Sra. Zefinha de Biino.

A gente agora vai falar sobre um time de futebol que sua mãe fundou. O que você tem a falar sobre isto?
Ela contava que tinha fundado um time de futebol com muito sacrifício. Comprou um rádio pra fazer uma rifa e pra isto ter condição de comprar o padrão, a bola pra eles jogarem. E organizou este time neste mesmo campinho atrás do cemitério. Muita gente jogava: meu pai era o "quipa" (goleiro) do time. Ela fez um hino pra o time. Eu acho, se não me falha a memória que o nome do time era Haiti Clube ( ou Aití?). Ela que colocou este nome.

Este  time teve quanto tempo de duração?
Ah, eu não sei dizer...durou muito tempo...eu não era nem nascida...ela era solteira. Vinha uns times de fora jogar aqui. Ela nasceu em 1913 e organizou este time quando era solteira. Ela casou por volta  de 1942. Casou com uns 28 a 30 anos. Este time funcionou nos anos 1930. O povo era muito animado, o campo enchia de gente.

Que outros atributos você considera para sua mãe?
Ela era muito decidida. Ela organizava bailes no mercado e nas casas, como por exemplo na casa que foi de Zilda Pedrosa, onde era o sindicato...também no salão onde era a padaria. Ela era solteira ainda e organizava e ia pra casa, por que seu irmão, Leocádio, era muito brabo, aí ela mandava os outros pedir pra ele deixar ela ir, como se ela não tivesse organizado nada. Ela era também cantora da Igreja e ajudava muito nos pavilhões, na arrematação ali onde hoje é a praça. Ela tinha coragem e partia para organizar as coisas. Mãe morreu com 84 anos (1997) mas morreu com uma cabeça muito “moderna”, não ignorava nada.

Bem, ela ajudava no futebol, na igreja, nas festas e depois na banda...já que estamos voltando aos anos 30 ou 40, ela falava se trazia alguma banda de fora?
Não, porque havia a banda daqui na época. Até meu avô, “Zé do Bombo” tocava. Ele morava na Lagoa do Mel, todos os filhos nasceram lá, ele era marchante e ajudava muito as pessoas... antes dele perder a visão, ele veio para a Barra e morava ali vizinho a Luiz (Rua Thomaz de Aquino hoje). Terminou cego, mas antes disso, na juventude ele tocou na banda.

Por que este nome “Zé do Bombo”?
O nome dele era José do Nascimento, mas como ele tocava na banda, o bombo, acabou recebendo este apelido por causa da carreira que deu na briga dos “perrepistas e liberais”. Ele correu e entrou “debaixo” da cama com o bombo. Daí até o resto da vida as pessoas o conhecia como “Zé do Bombo”, era uma pessoa de um coração muito bom.

Você chegou a conhecer ele?
Sim, ele já era cego, inclusive eu era criança e me lembro dele sentado na janelinha do meio da casa, com o capote (Era uma peça de roupa, como se fosse uma capa). Esse gosto de música dele acabou passando pros outros.

Sra. Mira de Biino conosco no dia 10 de maio de 2016, durante nossa conversa para este post.

Muitos outros assuntos tratamos com a Sra. Mira de Biino, todavia, por questões de espaço fizemos esta seleção. Nosso agradecimento pelas informações e inclusive imagens que temos apresentado neste site, como também sua forma de contribuir para o conhecimento do passado de Barra de São Miguel.

João Paulo França, 29 de maio de 2016.


Fonte:

Entrevista e imagens cedidas pela Sra. Ermira Maria de Fátima Pinto.



2012 - Passeio Virtual em Barra de São Miguel no Google Street



Vamos usar a tecnologia para voltar ao passado? Nesta data ao acessarmos o site do google street, podemos encontrar todas as ruas da Barra de São Miguel no ano de 2012. 

Sim, apesar desta ferramenta ter a intenção de proporcionar um passeio em que temos a sensação de ser em "tempo real", claramente as imagens disponíveis nesta data sobre Barra de São Miguel são do ano de 2012, em alguma data do mês de setembro e isto podemos afirmar ao encontrar a cidade com enfeites para a festa do padroeiro São Miguel Arcanjo e propagandas políticas da eleição daquele ano que envolveu no executivo a Sra. Luci e o Sr. Vavá. 

Acesse os links e passeie bastante pela cidade. A seguir mostro duas entradas:


A partir da Igreja de São Miguel Arcanjo:


Acesse aqui.


Nesta segunda entrada, propomos a partir da praça e da Prefeitura:


Acesse  aqui.


https://www.google.com/maps/@-7.7509212,-36.3177749,3a,75y,265.47h,96.24t/data=!3m6!1e1!3m4!1sFhFqnvUJC9rA2Jbg_4a7Xg!2e0!7i13312!8i6656?hl=en-US 

É interessante procurarmos as mudanças e permanências na arquitetura da cidade.

Bom passeio!

João Paulo França, 28 de maio de 2016.


Frei Damião de Bozzano em Barra de São Miguel nos anos 80 do século XX.

Neste feriado de Corpus Christi, lembramos uma das romarias de Frei Damião de Bozzano pelo Município de Barra de São Miguel - PB, datada de meados dos anos 80 do século XX. Vale destacar a fé e ardor missionário deste frei capuchinho que peregrinou pelo nordeste brasileiro ao longo do século passado, levando a mensagem cristã de conversão, em especial ao corpo de Cristo.

Blog https://tataguassu.blogspot.com.br/2014/07/frei-damiao-em-barra-de-sao-miguel.html?showComment
 Sobre uma D-10 azul vemos a segurar o "ostensório", Frei Damião de Bozzano, Padre Paulo Roberto e Adailton de Sumé, sacristão daquela localidade que acompanhou por muitos anos a vinda de Padre Paulo à Barra de São Miguel. Diversos fiéis seguem o trajeto de uma procissão que no instante da foto está a "descer" a Rua Tenente Pedrosa.

Batizado com o nome de Pio Gionnotti, "Frei Damião" nasceu em Bozzano, município de Massarosa, Província de Lucca, na Itália, em 05 de novembro de 1898. Foi o segundo dos cinco filhos do casal Félix e Maria Giannotti, camponeses italianos de formação cristã católica.

Com 13 anos ingressou no Seráfico de Camigliano, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Aos 17 anos recebeu os votos religiosos, passando a ser chamado de Frei Damião de Bozzano.

Veio para o Brasil em 1931, sendo eleito Assistente (Conselheiro) da então Custódia Geral dos Capuchinhos de Pernambuco. Esteve a frente das Santas Missões durante 66 anos, até 1997, ano de seu falecimento, em Recife -PE.

Nesta segunda imagem temos Frei Damião saindo da Igreja de São Miguel Arcanjo, acompanhado de fiéis, entre eles a Sra. Adelma Canejo e Adailton de Sumé.

Frei Damião de Bozzano fez diversas missões em Barra de São Miguel, inclusive, o Cruzeiro da Serra teria sido erguido em sua primeira vinda a esta localidade, no ano de 1947, segundo José Raimundo (Zé de David). Em breve trataremos mais deste ponto religioso de Barra. Analisemos mais uma imagem da missão nos anos 80:

Aqui, jovens de Barra de São Miguel acompanham Frei Damião em direção à casa paroquial. 

De início identificamos, Ailza e Adelma Canejo, Soraia, filha do Sr. Araújo, Vinicius Pinto, Mônica de "Livaldo", Adailton de Sumé. Identifica mais pessoas na fotografia? Será um prazer atualizar as informações.

Infelizmente nenhuma das fotografias postadas tem a data em seu verso, todavia, conjecturamos se tratar de uma missão em meados dos anos 1980, haja vista a qualidade das imagens, além das informações e memórias dos moradores locais acerca das missões de Frei Damião nesta localidade.

Para concluir, uma preciosidade de imagem na "intimidade" de Frei Damião a fazer uma de suas refeições em Barra de São Miguel. Conjecturamos ser uma imagem feita na "antiga" casa paroquial.


 Nesta imagem, acompanha Frei Damião à mesa o pároco local, Padre Paulo. Em pé, da esquerda para a direita, temos a Sra. Maria de "Tereza", Adelma Canejo, Vinicius Pinto e a Sra. Glorinha Pinto.

Vale destacar que a beatificação e canonização de Frei Damião de Bozzano foi aberta em 31 de janeiro de 2003. Está previsto para fevereiro de 2018 o resultado por parte do Vaticano deste processo, que poderá confirmar que nas terras barrenses ja tivemos a peregrinação "oficial" de "um santo".

João Paulo França, 26 de maio de 2016.


Fonte:

Acervo particular e informações do casal Áurea Vieira dos Santos Silva e Sr. Antônio Canejo da Silva
Informações do Sr. José Raimundo Ferreira.
http://www.freidamiaodebozzano.org/biografia/
http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2016/05/canonizacao-de-frei-damiao-sera-divulgada-pelo-vaticano-em-2018.html
https://tataguassu.blogspot.com.br/2014/07/frei-damiao-em-barra-de-sao-miguel.html?showComment

Açude e leito do "Riacho do Bichinho" pelas lentes de Zeca Cabral nos anos 1950.

Nosso site teve acesso a diversas imagens do açude e do leito do "Riacho do Bichinho" nos anos 1950 e a seguir as dispomos para os amigos leitores. É um pouco de nosso passado congelado pela lente do Sr. José Irineu Cabral, conhecido "Zeca Cabral". Observemos:


Nesta bela imagem inicial, temos os irmãos Zeca e João Cabral a contemplar o "espelho d'agua" que se formara, provavelmente, com as primeiras chuvas do período dos anos 1950. O açude "Riacho do Bichinho" foi inaugurado em 21 de janeiro de 1951, conforme reportagem intitulada "Barragem "Riacho do Bichinho" nos anos 50 do século XX.

A seguir, "coloquemos" o pé na lama e adentremos no curso do "Riacho do Bichinho", propriamente dito, que dá origem ao açude e, provavelmente a própria povoação primitiva da Barra de São Miguel. Observemos:


Não dispomos da data precisa das fotografias deste post, todavia, em virtude da idade aproximada da "criança da foto", que nasceu em 1942 e, claramente percebe-se ter uma idade "próxima" aos 10 anos, afirmamos que estas seriam imagens datadas de um tempo entre 1950 e 1955. O Sr. José Irineu Cabral, o "Tio Zeca Cabral", ao vir de Recife para Barra de São Miguel trazia o equipamento de fotografar. Na imagem são conhecidos de início o Sr. João Cabral, ao centro, (Irmão de "Zeca Cabral") e a "criança", que se trata de Iramar Cabral (sobrinho do Srs. João e Zeca Cabral). 

A seguir, mais uma imagem deste grupo, nas margens do riacho, de onde se vê um belo roçado de milho e plantações de palma:


Para finalizar, mais uma imagem panorâmica do grupo, desta feita dentro do açude, com a "parede" ao fundo. É uma fotografia feita da parte do nascente para o poente. Observemos:


Ainda dispomos de mais imagens deste grupo no açude Riacho do Bichinho, que em breve publicaremos neste espaço.

João Paulo França, 25 de maio de 2016.


Fonte:

Acervo e informações familiares de João Antônio Miranda Cabral.

1862 - Cólera em Barra de São Miguel - PB.

Hoje voltamos ao século XIX e procuramos compreender um pouco do que estava a acontecer na povoação da Barra naquele período. Infelizmente, no ano de 1862 nos deparamos com duas notícias que apontam para uma epidemia de cólera a afligir a população.

Observemos o Jornal "A Regeneração", de 15 de março de 1862.


Na notícia, lê-se:

"- Em Cabaceiras, na Barra de S. Miguel, sucumbiram até o dia 4 do corrente - 14 pessoas."

Nesta notícia que compartilhamos é possível ver no lado esquerdo que a cólera estava a afligir diversos pontos da província da Paraíba. Entre as cidades citadas lê-se Sousa, Patos, Pombal, Piancó, S. João (do Cariri), Campina (Grande), Pilar, Ingá, além de Cabaceiras, mas neste caso deixando claro que a doença já havia "sucumbido" 14 pessoas até o dia 04 de março de 1862, na Barra de São Miguel, o que nos mostra uma mortalidade muito alta se considerarmos que o povoado possuía poucas casas.

A confirmação desta epidemia é encontrada no Diário de Pernambuco. Neste, o nome do lugar é citado como a Barra de Ignácio Tavares, outra denominação usual para se referir a Barra ao longo do século XIX. Observemos como o dirigente da Villa de Ingazeira (hoje Afogados da Ingazeira) se mostra preocupado com o "cholera-morbus" (Cólera) que estava assolando "diversos lugares próximos à villa a distância de 14 a 30 léguas (a Barra fica a uma distância de 145 km, ou 24 léguas). Observemos o Diário de Pernambuco de 24 de março de 1862:


Na notícia se lê:

Em um officio de 25 do mesmo mez, dirigido da Villa de Ingazeira a S. Exc., disse o juiz municipal e de orphaos, Dr. Joaquim Ferreira Chaves que a população deste municipio achava-se bastantemente desanimada com o reaparecimento do cholera-morbus em diversos lugares próximos á villa de Piancó, á distancia de 18 leguas, Espinharas, Catingueiras, Barra de Ignácio Tavares e outras, á distância de 14 a 30 léguas, e que, lhe parecendo justo indagar a veracidade da notícia, tinha sabido de pessoas fidedignas ser exacta;(...)

Aqui encontramos a notícia que a cólera estava a assolar, entre outras localidades, a Barra de Ignácio de Tavares, sendo notícia de "pessoas fidedignas".
Não temos maiores informações sobre esta epidemia em 1862. Em breve publicaremos sobre outro surto, a febre amarela, na povoação da Barra de São Miguel, ainda no século XIX.

João Paulo França, 20 de maio de 2016.


Fonte:


Jornal "A Regeneração", de 15 de março de 1862.
Jornal "Diário de Pernambuco", de 24 de março de 1862.
http://distanciacidades.com/calcular?from=Barra+de+S%C3%A3o+Miguel+-+PB%2C+Brasil&to=Afogados+da+Ingazeira+-+PE%2C+Brasil

1980 - A História do Náutico Futebol Clube de Barra de São Miguel (Parte 1)

No dia 24 de dezembro de 1980 uma paixão de infância toma forma e nasce uma equipe de futebol amador em Barra de São Miguel: o Náutico Futebol Clube, o "Náutico de Livaldo".  Com seu jeito simples, tranquilo e apaixonado pelo esporte, Livaldo leva a frente há quase 36 anos as cores vermelho e branco à desfilar nos campos de terra batida de Barra de São Miguel e região. 

A imagem do primeiro time ainda não dispomos, mas a seguir encontramos a formação que no ano de 1984 defendeu as cores alvirrubras em um torneio intermunicipal. Observemos: 


Da esquerda para direita, temos: As crianças são Sérgio de Zé de Santo e Joelsom.
Em pé: Livaldo, Kika, Toinho dos Correios, Raimundo de Gersom, Toim Ferreira, Cututa (goleiro), Tonho de Garcia, Bebé e Ramiro (Torcedor)
Agachados: Bebé, Tatai, Virgílio de Araújo, Zé de Peteuza, Marcos de Biu Toco, Tarugo e Augusto.

As informações e imagens que apresentamos neste post nos foram fornecidas pelo próprio José Livaldo de Moura, nascido em 1962 e que nos concedeu entrevista no último dia 16 de maio de 2016. Na oportunidade conversamos também com o Sr. Paulo, irmão de Livaldo que nos forneceu preciosas informações sobre diversas temáticas da cidade e, em breve as publicaremos.

Voltando a história do Náutico Futebol Clube de Barra de São Miguel, o Sr. Livaldo nos informa que a paixão dele pelo futebol iniciou cedo em sua vida. O mesmo recorda que começou a torcer pelo Clube Náutico Capibaribe de Recife, ainda criança, quando viu em 1974 um grupo de jovens sair pela Rua Thomaz de Aquino com uma pequena "radiola de pilha" de onde era entoado o frevo "come e dorme", o hino do Náutico, em comemoração ao título do campeonato pernambucano daquele ano. Livaldo guarda em sua memória, as pessoas de Marluce, Mauricio e outros jovens que saíram pelas ruas da cidade a fazer aquela comemoração.

Jogador de talento "um pouco limitado", que participava do esquadrão do Bangu Atletico Clube, Livaldo sempre acalentou o sonho de fundar uma equipe de futebol aqui na cidade. Assim, junto dos amigos "Raimundo" e "Antônio" de Gersom, "Fanta", "Marrom" e "Lula de Zé Paraná", em 1980 este sonho se tornou realidade e formou o 1º quadro do Náutico (O 2º quadro formou em 1981). O mesmo lembra que a concentração da equipe era na Rua Thomaz de Aquino, na casa do Sr. Gersom da Pedra Amarela, vizinho a família Procópio.

O primeiro desafio do Náutico foi em 1980, na comunidade do Luciano, contra uma equipe local que se chamava o "Vasco do Luciano". Em um domingo, partindo em cima de uma picape verde do Sr. Noberto, Livaldo lembra que venceu o jogo lá no Sítio Luciano. No campo de Barra de São Miguel o primeiro jogo foi contra o "Silva" de Taquaritinga do Norte-PE. Com desenvoltura ainda escala aquele time. 

Os primeiros jogos do Náutico tinham por formação: Cututa, apelido de Maurício (Goleiro); Fanta (Lateral direito); Lula de Zé Paraná (zagueiro); Aroldo, apelido de Raimundo de Gersom (zagueiro); Galego de Rita (Lateral esquerdo); Livaldo (volante); Kika e Miguel Ferraz (meio-campo); Manoel de Nilde (ponta direita); Eduardo de João Belé (atacante) e Marrom (ponta esquerda). Também atuavam Luizinho de Meire, Toinho dos Correios (que era a "estrela" e jogava de óculos) e Zé de Zefa.

Em 1981, o Sr. Livaldo organizou seu primeiro campeonato municipal. Recorda que participaram as equipes do Botafogo, do Sr. Heleno de Pretinha, o Logradouro (ou Inveja), do Sítio de mesmo nome aqui próximo da cidade, o Santa Cruz de "Peba", o Palmeiras do "Macaco" e o próprio Náutico. Os jogos aconteceram nos campos de Barra de São Miguel, da Inveja e do Macaco. 

Lembra que a decisão acabou sendo uma espécie de "melhor de 3" quando o Náutico enfrentou o Botafogo. Partidas disputadas e que mexiam com os nervos de todos na cidade. Livaldo lembra que quando estava na "concentração" da Rua Thomaz de Aquino, os atletas baixavam a voz quando viam alguém do time adversário se aproximar. Tudo para não entregar as "estratégias" do time.

O primeiro jogo foi empate e, necessitando pela questão da pontuação corrida, de vitória nas últimas partidas, Livaldo lembra que o Náutico conseguiu êxito de "virada", vencendo por 2x1 no último jogo que ocorreu em um sábado de manhã, no campo menor, próximo ao cemitério. O árbitro era Paulo de Otacílio (Paulo do Bar). 

Após sair perdendo na partida decisiva, Manoel de Nilde empatou o jogo. O Botafogo perdeu um pênalti e faltando menos de cinco minutos houve uma falta na proximidade da área. Resultado: o jovem "kika" (Luciano de Biino) bateu com grande maestria e fez o segundo gol. Ao final a comemoração foi intensa e o Náutico em seu primeiro ano já se consagrara campeão municipal. Foi uma festa grande, com os atletas passando o resto dia no açude, tomando banho e "assando" carne.

Ainda nos anos 80 do século XX, Livaldo lembra um torneio "intermunicipal" que aconteceu no ano de 1984 (ano da foto 1). Lembra que de Barra de São Miguel participaram as equipes do Náutico e do Bangu, além de selecionados da cidade do Congo e o Palmeiras do Riacho de Santo Antônio. Resultado, a final foi entre o Bangu (que eliminou o Congo) e o Náutico (que eliminou o Palmeiras de Riacho Santo Antônio por 1x0). Livaldo lembra que esta decisão foi comentada por muito tempo na cidade. Lembra ainda que protestou desejando um árbitro de "fora" para a final, já que alguém da cidade poderia ser muito pressionado. Resultado: o Náutico se tornou vice-campeão, mas "o rei" lembra que não foi por falta de solicitação para que o árbitro da partida fosse de "fora".

Rivalidades a parte, a emoção e o amor ao esporte fez com que o time do Náutico sempre estivesse ativo até os dias atuais, com o Livaldo transformando sua sala de casa, na Rua José Canuto de Vasconcelos, na sala de troféus do time.

Para encerrar este primeiro post, mostramos um time que Livaldo guarda em seu coração como um dos mais significativos da história do Clube, afinal, quase todos os atletas eram daqui da própria cidade e estavam em suas melhores formas:



Da esquerda para a direita, em pé: Júnior de Garcia, Gomes, Elitom, Berg, Pão (Aristóteles) Liano, Raniere (Goleiro) e Livaldo.
Agachados: Bixinha (Paulinho), Val, Wilisses de Valdeci, Chiquinho, Birinha, Hermes, Jorge e Evérton.

Em breve, publicaremos a continuação desta história vitoriosa, com outros esquadrões do Náutico ao longo da história, inclusive as equipes infantis, que Livaldo muito se orgulha de ter formado.

João Paulo França, 22 de maio de 2016.


Fonte:

Imagens e informações de José Livaldo de Moura e Paulo Anselmo de Moura.

1880 - O trem que não chegou à Barra de São Miguel - PB

O amigo internauta não está lendo errado! Em 1880 o pequeno povoado, que para uns era a "Barra de Ignácio Tavares" e para outros a "Barra de São Miguel" foi citado em uma grande polêmica envolvendo disputas para atrair os trilhos do trem: As localidades pernambucanas de "Limoeiro" e "Bom Jardim" disputavam por meio das casas legislativas e pela imprensa, a primazia para onde deveria ir os trilhos da via-férrea.

A imagem a seguir mostra "o trem que não chegou à Barra de São Miguel", segundo nossa livre interpretação das fontes. Observemos:

O primeiro trem a chegar em Bom Jardim, em 1937 (Acervo da Prefeitura Municipal). Disponível em http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcp_pe/bomjardim.htm
Vamos compreender melhor:

1 - No Diário de Pernambuco do ano de 1880 encontramos diversas notícias que envolve uma polêmica: Afinal, os trilhos que saíam de Recife e adentravam o interior, deveriam ir em que direção? Haviam os defensores que no projeto original o certo seria ir pra "Bom Jardim", mas existiam também os defensores que deveria ir para o "Limoeiro".

2 - Desta forma, começam as defesas de parte a parte para mostrar que os trilhos necessitariam ir para uma cidade em detrimento da outra, e para isto começam a ser apresentadas as razões positivas e negativas.

3 - O que temos por certo é que o pessoal do "Limoeiro" já estava na frente, afinal, o projeto era inicialmente levar o trem para aquela localidade. Todavia, articulistas e políticos do "Bom Jardim" fazem diversos protestos na imprensa e nas casas legislativas defendendo a ida inicialmente para aquele lugar. É neste cenário que a Barra de Ignácio Tavares ou Barra de São Miguel é citada. Observemos o Diário de Pernambuco de 29 de outubro de 1880:


Lê-se inicialmente que o autor faz o sétimo texto sobre a "Estrada de ferro do Limoeiro". Destaca que para o interior da província pernambucana há dois caminhos: o que passa em Vitória (que hoje seria próximo ao traçado da BR 232, que "corta" todo o Pernambuco de "Leste a Oeste") e, o caminho do Limoeiro, que nas palavras do articulista:

"É bom notar que oito léguas acima do Limoeiro, encontra-se com a estrada que passa nesta Villa, e que vem de Vertentes, de Taquaretinga; essa estrada entra também na província da Parahyba, pelo lugar denominado Barra de Ignácio Tavares, a que outros chamam Barra de S. Miguel, e indo a S. Thomé, importante povoação da Parahyba.

Todas as estradas do Sertão desta província se entroncam na estrada geral, que sahindo do Recife passam nesta Villa; estrada plana, sem grandes obstáculos, e muito frequentada por ter o leito do Rio Capibaribe sempre água; o que não se dá com o rio Tracunhaém, que passa em Bom Jardim.

A via-férrea do Limoeiro é uma das empresas que trará grandes vantagens à província e ao alto sertão desta, e também  aos da Parahyba, Rio Grande do Norte e Ceará, se lhe derem a verdadeira e natural direcção.


Quando a via-férrea do Limoeiro tiver de se dirigir para o interior, o seu objectivo deve ser o grande valle do Cariri Velho, para se approximar de Pajeú de Flores e Triunpbo desta província, e ir em demanda do Crato da província do Ceará."


O texto segue mostrando que não se deve tentar levar a via-férrea do Limoeiro para o Brejo da Madre de Deus. Para esta localidade seria mais econômico levar o ramal de Caruaru. Observemos a continuação da matéria:


Arrematando que a estrada deveria passar por Barra de São Miguel, para desta seguir para Sumé e depois adentrar o Sertão do Pajeú pernambucano, em demanda do Crato, ao invés de ir para o lugar do Bom Jardim e daí para o Brejo da Madre de Deus, o articulista escreve no primeiro recorte transposto:


"A natural directriz da via férrea do Limoeiro é ir á povoação de Pedra Tapada, por ser ahi a ramificação da estrada, que vai á Victória, e pela qual transita muito gado para a feira daquela cidade; e d’alli deverá procurar a villa de Vertentes da Comarca de Taquaritinga, indo em demanda da província da Parahyba, a procurar as povoações da Barra de Ignácio Tavares e S. Thomé, desta última província, e tornando-se assim interprovincial, e satisfazendo o desejo do iniciador da idéa de a levar ao Crato da província do Ceará, e facilitando o aumento da agricultura nos importantes vales do Cariri-Velho e Cariri-Novo, pela diminuição do frete para transporte de seus gêneros".

O amigo leitor poderá continuar a ler na transcrição do jornal que o Limoeirense escritor usa do argumento que o traçado "natural" da via-férrea seria do Limoeiro, passando em Vertentes, entrando na Paraíba por Barra de São Miguel até sair em Sumé e, daquela localidade atingindo o Pajeú pernambucano até chegar ao Crato.

A seguir, utilizamos um mapa de 1965 para mostrar as linhas férreas que afinal foram construídas:

Disponível em:
http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/mapas/1965-Rede-Ferroviaria-do-Nordeste.shtml

Percebemos que, se a linha férrea do Limoeiro foi inaugurada em 1882, os moradores do Bom Jardim não desistiram de ter os trilhos em sua cidade. Desta forma, ao invés da linha seguir o traçado proposto pelo articulista, pela Barra de São Miguel, acabou sendo levada até o Bom Jardim em 1937 (imagem inicial), de onde não partiu mais em nenhuma direção, conforme o mapa. 

Cremos assim ter esclarecido o título desta postagem, afinal, não era algo simples, levar o transporte de máquina que movimentava o país no século XIX para passar por uma localidade. Não só questões geográficas e naturais, mas principalmente políticas e econômicas estavam na esteira das decisões governamentais. Assim, a linha Recife - Limoeiro - Paraíba - Pernambuco - Ceará, tornou-se apenas a linha Recife - Limoeiro - Bom Jardim. Portanto, aquele trem do Bom Jardim da imagem inicial do post, "poderia" ter tomado outras direções, inclusive no rumo da Barra de São Miguel, mas isto jamais aconteceu.


João Paulo França, 21 de maio de 2016.


Fonte:

Diário de Pernambuco de 29 de outubro de 1880.

http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/mapas/1965-Rede-Ferroviaria-do-Nordeste.shtml
http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcp_pe/pe_centro_norte.htm
http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcp_pe/bomjardim.htm
http://www.estacoesferroviarias.com.br/efcp_pe/limoeiro.htm