1950 - Apelo no Diário de Pernambuco ao Governador da Paraíba por luz em "Potira".

O ano de 1950 se iniciara e os moradores da então Vila de Potira, denominação "nova" de Barra de São Miguel, ainda viviam na escuridão. Apesar de duas benfeitorias passarem a fazer parte do cotidiano (o Grupo Escolar Melquíades Tejo e o Açude Riacho do Bichinho), os moradores ainda padecem na escuridão, que só seria sanada com a eletrificação de Paulo Afonso, em 1970.

Por hora, observemos o "zoom" que fizemos em uma imagem já publicada aqui no Blog.


Já identificamos esta fotografia como sendo produzida na década de 1950 pelo Sr. "Zeca Cabral", irmão do Sr. João Cabral, que ao vir de Recife para Barra de São Miguel trazia a máquina fotográfica. A mesma nos foi cedida pelo Sr. João Antônio Miranda Cabral (Joca) e família Cabral.

Trata-se de uma imagem feita ao nascente da Vila, onde é possível ver por sobre a "parede" do Açude Riacho do Bichinho, no canto esquerdo os contornos de uma casa e do Grupo Escolar Melquíades Tejo, que fora fundado em 1949. O açude foi construído em 1950 e inaugurado em janeiro de 1951.
Ao centro da imagem vê-se mais algumas casas e a parte de trás da Igreja de São Miguel Arcanjo, que fica com sua frente voltada para o poente.

É diante deste cenário que encontramos o articulista Valfredo de Lisbôa, no Diário de Pernambuco, levantar a voz e "falar em nome" dos moradores, pedindo a luz para a Vila. Vejamos:


No quarto parágrafo em diante lê-se:

Nesta excursão através do nosso município, v. exc. fez questão de visitar o seu mais importante distrito, Barra de São Miguel, hoje Potira, em homenagem á filha de Caturité, outrora rei daquela terra. Pelas largas e pedregosas ruas de Potira, v. exc. passeou a pé, pondo-se em contacto com aquela gente boa e simples.

Viu quanta miséria material e quanta riqueza de corações sertanejos grandes como o mar? Sei que v. exc. Saiu encantado com a bondade daquele povo e com a beleza exquisita daquela serra nua de vegetação verde. Diante do Grupo Escolar Melquíades Tejo, v. exc. disse:  “É muito pequeno, (de fato, tem 2 salas apenas); é preciso ampliá-lo”. E os potirenses estão certos de que a ampliação do seu grupo, para mais 2 salas, será efetuada ainda em seu governo. 

Mas, dr. Osvaldo Trigueiro os filhos de Potira constituíram-me mensageiro junto a v. exc. para lhe fazer um pedido todo especial. Pedem eles, peço eu, que v. exc., ao olhar para a luz que ilumina o seu palácio e o seu gabinete de trabalho lembre-se do povo de Potira, mergulhado nas trevas e faça a caridade de arrancá-lo da escuridão, iluminando Potira com a mesma luz que alumia os citadinos de João Pessoa, pois também nós de Potira somos filhos de Deus e mais do que ninguém correligionários fieis do atual governador do Estado.


Dr. Osvaldo, do leito da escuridão, os potirenses clamam a v. exc.: “Licht, mehr licht!

Março de 1950.

Esta é uma importante pista para compreendermos um pouco da vida naquelas largas e pedregosas ruas de Potira onde seria possível observar a beleza exquisita daquela serra nua de vegetação verde.

Em breve trataremos da chegada da iluminação pública a Barra de São Miguel, nos anos 1970. Tem imagens ou informações do período? Compartilhe conosco.

João Paulo França, 18 de maio de 2016.


Fonte:

Diário de Pernambuco, 07 de abril de 1950.
Acervo particular do Sr. João Antônio Miranda Cabral (Joca).