26 de janeiro: 111 anos do ataque de cangaceiros à Mesa de Rendas de Barra de São MIguel-PB!

Há 111 anos atrás, em 26 de janeiro de 1907, a Vila da Barra de São Miguel - PB, então sede do município de Cabaceiras era atacada pelo bando mais afamado da época: Antônio Silvino e seus cangaceiros.
Este ataque repercutiu não só a nível local, mas também em jornais de todo o Brasil. Nesta matéria, recuperamos a forma como o jornal carioca "O Malho" apresentou para seus leitores esta notícia.
Vejamos a charge da edição 0232 do dia 23 de fevereiro de 1907 do referido jornal:
Imagem 1 - Charge do Jornal "O Malho"
É importante contextualizamos que o jornal "O Malho", como o próprio nome dar pistas, era uma publicação com forte viés crítico em relação a atuação dos governantes da época, em especial, com relação a questão da segurança ( há muitas outras matérias que exigem ação mais efetiva do Estado contra o avanço dos cangaceiros) e a questão da cobrança excessiva de impostos. Com certeza, o episódio do ataque à Barra de São Miguel não passaria despercebido.
Vejamos a seguir a abordagem do jornal:

Imagem 2 - Jornal "O Malho" parte da página 12.
Como vemos, na parte superior há duas linhas com a informação, seguida da charge, e por fim, abaixo desta há um hipotético diálogo criado pelo jornal para "malhar" o vexame que as autoridades passaram além da crítica ácida a cobrança de impostos por parte do governo. Vejamos a transcrição:

O MALHO

NÃO É CARNAVAL, MAS É VERDADE

RECIFE, 15 - O cangaceiro Silvino e sua gente acaba de atacar a Mesa de Rendas da Barra de São Miguel, destruindo o archivo e deixando o pessoal inteiramente nú - ( Dos telegramas).

(Charge)

Os tres: -  Ó senhores! Ao menos uma calça! Ao menos uma camisa!
Os bandidos: Nem um fio! Para outra vez, se quizerem ficar vestidos... tenham muito arame no cofre...
O guarda mais velho: - Forte desgraça a minha!!... Mas que azar... que azar... Não é só a lavoura e o comercio que ficam sem camisa graças aos impostos: também a gente do fisco está sujeita a este Carnaval!... por outros processos...

A referida matéria de "O Malho" é muito importante para conhecermos este evento, pois, além da charge apresentada, temos um novo olhar a partir das informações do jornal.
Se você deseja conhecer outros detalhes deste episódio, confira no site a matéria 1907 - O ataque do cangaceiro Antônio Silvino a Barra de São Miguel - PB (acessar aqui).

João Paulo França, 26 de janeiro de 2018

Fonte:

Jornal "O Malho", edição 0232, p. 12, do dia 23 de fevereiro de 1907

"Naquela mesa tá faltando ele"... obrigado Sr. Orlando!

Nesta data, 22 de janeiro de 2018, acordamos com a triste notícia que silencia Barra de São Miguel: o falecimento do Sr. Orlando Silva, uma das pessoas mais carismáticas e respeitadas na cidade. Com seu violão no peito, dedilhou incontáveis canções nas serenatas locais...

Imagem 1 - Sr. Orlando Silva
Nascido em 03 de setembro de 1929, tendo portanto, 88 anos, o mesmo era filho do casal "Seu Nego" e "Dona Maria". Era irmão da Sra. Toinha Procópio. Também teve por irmãos a Sra. Joanita Silva (falecida) e Sr. Egídio (falecido).
Em entrevista no ano de 2017 para estudantes do Ensino Médio que organizaram um Sarau poético e musical, realizado em 30 de novembro, o Sr. Orlando afirmou que aprendeu a tocar violão sozinho, começando a fazer serenata desde os 15 anos. O mesmo fez parte de uma geração de jovens locais que tinham na serenata uma das suas diversões e encontros sociais: "As mesmas começavam às 23:00 horas, quando as luzes das ruas estavam apagadas. Tinham muitos pedidos de serenatas e muitas vezes também eram realizadas nos sítios", afirmou o Sr. Orlando. 
A seguir, vejamos uma das imagens do referido Sarau, onde além do Sr. Orlando ao violão, vemos os senhores Raimundo, Deca e Dim, além da Sra. Maria de Arcanja, companheiros inseparáveis dos momentos de descontração e festejos por meio de serenatas.

Imagem 2 - Sarau na Escola João Pinto no dia 30 de novembro de 2017 - Fonte: Rede Social de Aurinha Canejo
Casado com a Sra. Severina Costa dos Santos (Nina), o Sr. Orlando exerceu durante quase toda sua vida a função de sapateiro na cidade, sendo por isto também conhecido como "Orlando sapateiro".
Em diálogo conosco, o Sr. Miguel Belé afirma que Orlando também trabalhou fora de Barra de São Miguel, na construção do Açude Epitácio Pessoa (o açude de Boqueirão, que hoje abastece Campina Grande). "Ainda ontem (dia 21 de janeiro), sentado no banco de Amauri conversando comigo e Deca, escutei de Orlando o mesmo contando que lembrava daquele coreto da praça feito ainda de palha de coco. Disse que quem construiu o atual foi o velho Ismael, que fazia as coisas bem feitas".  
A seguir, mais um registro do Sr. Orlando em uma de suas incontáveis tocadas de violão na casa de amigos:

Imagem 3 - (Sr. Orlando e amigos -1993?) Fonte: Rede Social de Aristotel Costa
Em homenagem, transcrevemos esta bela composição "Naquela Mesa", de Nelson Gonçalves, um hino à saudade de um boêmio...

"Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim

Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim"

Nossa homenagem à memória do Sr. Orlando Silva e nossos sentimentos a todos os familiares e amigos deste cidadão tão querido de Barra de São Miguel.

João Paulo França, 22 de janeiro de 2018.
 
Fonte:

Imagem disponível em Rede Social de Aristotel Costa.
Imagem e informações do Sarau poético e musical organizado pela professora Aurinha Canejo na Escola João Pinto da Silva, com estudantes do Ensino Médio da Escola Melquíades Tejo. 
Informações do Sr. Miguel Belé.
Site Letras. Disponível em: https://www.letras.mus.br/nelson-goncalves/47663/. Acesso em 22 de janeiro de 2017.

Dr. Sebastião Pedrosa: Fragmentos de sua trajetória no Diário da Borborema

Nesta data, nosso portal de memórias volta sua atenção para o Dr. Sebastião Pedrosa. Seu nome é lembrado em Barra de São Miguel no Posto de Saúde e em uma das ruas da cidade. Todavia, o mesmo também teve atuação destacada na cidade de Campina Grande e naquela urbe nomeia uma rua no bairro do José Pinheiro. Por hora, vejamos um registro deste barrense:

Dr. Sebastião Pedrosa
Há 30 anos, em 1988, o jornal Diário da Borborema trazia uma grande entrevista com a esposa do Dr. Sebastião Pedrosa, a Sra. Ísis Alves Pedrosa, que contava um pouco da vida deste médico barrense, radicado em Campina Grande. Vejamos a entrevista de 15 de maio de 1988:

Diário da Borborema - 15 maio de 1988
A seguir, vejamos a transcrição desta página:

"Se ainda estivesse fisicamente vivo, o nosso homenageado de hoje, o Dr. Sebastião Pedrosa, continuaria, certamente, com a mesma conduta que o fez uma pessoa por demais querida em Campina Grande. Foi ele um médico por vocação, prestando sua assistência a todos que o procuravam, sem distinção de classes sociais. Antes de ser um excelente médico era um grande homem. O progresso da humanidade tem revelado em todas as áreas, competentíssimos profissionais que atuam movidos por personalidade distorcidas pela própria engrenagem do mundo. 
No campo da saúde, tais deformações ressaltam-se de maneira mais chocante. A vida humana transformou-se numa mercadoria. Quando morreu em 1971, o dr. Sebastião Pedrosa deixou uma lacuna imensa na sociedade campinense, não apenas por ter sido uma pessoa de muitos amigos, um médico prestimoso e um chefe de família exemplar, mas, sobretudo, pela integralidade de seu caráter.
Ao procurar dona Ísis Alves Pedrosa, sua viúva, para um diálogo aberto à respeito do que representou em vida, simplesmente queríamos solidificar a impressão que já tínhamos em relação a sua figura. E não nos decepcionamos.
RD - Um dos grandes médicos que passaram por Campina Grande, deixando um legado de serviços prestados, foi sem sombra de dúvidas, o saudoso dr. Sebastião Pedrosa, nascido no dia 29 de maio de 1927, na Fazenda Pedras Altas em Barra de São Miguel, cidade do Estado da Paraíba. Para esta entrevista sobre a memória deste notável médico, convidamos a sua viúva dona Ísis Pedrosa, que vai falar do seu saudoso marido.
RD - Donas Ísis, gostaria que a senhora falasse um pouco sobre sua pessoa, antes de nós entrarmos na conversa falando do dr. Sebastião Pedrosa.
IP - Nasci aqui mesmo em Campina Grande, no dia 12 de julho de 1943. Meu nome completo é Ísis Alves Pedrosa. Minha infância foi por aqui mesmo, em Campina Grande. Quanto aos meus estudos, fiz minhas primeiras letras no colégio da Imaculada Conceição, Colégio das Damas, como é bem conhecido. Nesse colégio estudei até o curso científico, deixando de prosseguir com os estudos, devido ao meu casamento com Sebastião. Casei-me com 17 anos de idade. Daí o interrompimento dos estudos.
RD - Bem, vamos agora falar sobre o dr. Sebastião Pedrosa, médico que dedicou a maior parte de seus conhecimentos médicos, em nossa cidade. Como a senhora conheceu o dr. Sebastião?
IP - Conheci Sebastião aqui mesmo em Campina Grande. Nessa época, ele já estudava medicina no Recife, quer dizer, iniciou os estudos médicos no Recife, tendo concluído o curso na Bahia, na Faculdade de Medicina da Bahia. Então, nas suas vindas para cá em férias, fui apresentada a ele pelo seu colega, o dr. José Gaudêncio. Daí passamos a nos namorar, até que um dia chegou a hora do casamento. Passamos seis anos namorando, e nos casamos no ano de 1954, quando ele já clinicava por aqui, vindo recentemente da Bahia, onde se formara no ano de 1953.
RD - Como se chamavam os pais do dr. Sebastião Pedrosa?
IP - Joaquim e Francisca Pedrosa
RD - Vejamos agora. dona Ísis, os primeiros passos dados pelo dr. Sebastião Pedrosa.
IP - Bem, o aprendizado das primeiras letras de Sebastião, acredito que tenha sido em Barra de São Miguel, sua terra natal. Agora, os estudos mesmos, propriamente ditos, foram iniciados em Campina Grande, tendo concluído o curso Ginasial, no Colégio Pio XI, indo posteriormente para a cidade do Recife, Pernambuco, onde fez o Curso Científico, no colégio Nóbrega, preparando-se em seguida para o Vestibular, que era um pouco diferente dos vestibulares que se faz em hoje em dia, quer dizer, era um vestibular mais rigoroso, onde se exigia do aluno, grandes conhecimentos. Mas, Sebastião soube superar os obstáculos e conseguiu passar no Vestibular de Medicina, tendo se tornado um grande médico, cujos conhecimentos, nesta área, foi de muita valia para os enfermos não só de Campina Grande, como também de outras cidades vizinhas que aportavam aqui em busca de seus socorros.
RD - Donas Ísis, a senhora poderia assim nos dizer qual teria sido o grande professor da formação escolar do dr. Sebastião Pedrosa?
IP -Ele sempre falava para mim, que tinha sido o dr. João Calmon, grande professor da Faculdade de Medicina da Bahia, que, segundo Sebastião, foi seu grande mestre e incentivador. O dr. Calmon, deu uma grande contribuição para que Sebastião se tornasse um médico, como ele foi.

RD - Logo após a sua formatura, para onde foi o dr. Sebastião Pedrosa?
IP - Após concluir o curso médico em 1953, Sebastião foi interno do Hospital das Clínicas da Bahia, especializando-se em Cirurgia e Proctologia. Depois de passar um ano neste hospital, ele regressou à Campina Grande, indo exercer sua profissão no Hospital Pedro I, primeiro nosocômio campinense onde prestou seus serviços médicos. Foi ainda, graças a seus profundos conhecimentos clínicos e sua grande dedicação pelos doentes, que chegou a Chefe da Clínica do Hospital de Pronto Socorro e integrante do corpo médico do antigo SAMDU e do IPASE, tendo sido também médico oficial do Colégio Redentorista.

RD - Sem falarmos nos serviços prestados no campo da medicina pelo referido médico, que contribuição deu o dr. Sebastião a nossa cidade, do qual talvez ele se orgulhava? 
IP - O grande sonho de Sebastião, já bem perto de contrair a "maldita" doença que o vitimou, foi sem sombra de dúvida a clínica que ele fundou de Fisioterapia e Reabilitação, que ele mesmo dizia a todos que era o seu maior orgulho como profissional da medicina.

RD - Mesmo radicado em Campina Grande como sempre foi, o dr. Sebastião Pedrosa deu também sua contribuição a sua terra natal, Barra de São Miguel, não foi?
IP - Antes de morrer, mesmo com muito trabalho em Campina Grande, Sebastião exercia em Barra de São Miguel, a destacada função de presidente do setor local da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade.

RD - Dentre seus colegas de turma de curso médico, que terminaram com ele, existe algum em Campina Grande, exercendo as funções de Médico?
IP - Existe José Gaudêncio, Hermano Cruz, Zé Vilar, dentre outros que terminaram com ele, que acredito estejam em Campina Grande.

Como podemos observar, a entrevista tem outra página, porém, ainda não tivemos acesso ao seu conteúdo completo.

João Paulo França, 19 de janeiro de 2018

Fonte:

Diário da Borborema, Suplemento Tudo, de 15 de maio de 1988

1971 - A Conclusão da Primeira Turma da CNEC de Barra de São MIguel - PB.

O ano de 1971 foi emblemático para a educação de Barra de São Miguel: conclusão da primeira turma do Curso Ginasial da CNEC - Campanha Nacional de Escolas da Comunidade. Hoje, esta formação equivaleria ao Ensino Fundamental II. Nesta matéria veremos imagens da turma pioneira e também a repercussão da homenagem prestada ao médico Sebastião Pedrosa, falecido em 1971 e lembrado na Colação de Grau, ocorrida em 04 de dezembro daquele ano, noticiada no Jornal da Paraíba.
Inicialmente, vejamos um quadro marcante da turma:

Imagem 1 - Turma da CNEC, concluinte em 1971 - Fonte: Evandro Pinto
A seguir, vejamos como a formatura foi noticiada no dia 16 de dezembro de 1971 no Jornal da Paraíba:

Imagem 2 - Jornal da Paraíba

Médico Sebastião Pedrosa teve memória reverenciada em Barra

BARRA DE SÃO MIGUEL (Do correspondente) - Grandes festividades foram realizadas quando da colação de grau dos alunos concluintes do Ginásio Thomaz de Aquino, nesta cidade no último dia quatro do mês corrente.
A turma pioneira do Ginásio foi denominada de turma Dr. Sebastião Pedrosa, em homenagem àquele que um dos oradores conseguiu dizer que "foi quem acendeu o facho de uma nova era em sua terra natal e sabemos com quanto amor e com que desprendimento, ao lado do seu sobrinho, também incansável batalhador, o jovem Zulamar Pedrosa".
Na ocasião da colação de grau estiveram presentes o deputado José Braz do Rêgo, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado; o deputado Inácio Bento, patrono da turma; o sr. Hélio Pinto da Silva, paraninfo; sra. Isís Alves Pedrosa; sr. José Pinto da Silva, prefeito local, além de familiares do homenageado pela turma.
O extinto homenageado teve na palavra do padre Paulo Roberto o agradecimento em nome da família pela homenagem prestada, que incitou aos habitantes de Barra de São Miguel, "que unidos, embora com sacrifícios não deixem que aquela luz se apague, porque se isto acontecer a nova geração jamais os perdoará, Barra de São Miguel, representada pelo seu povo, o nosso mais sincero e eterno agradecimento".

Pelo número de autoridades presentes, tanto políticas, quanto religiosas, bem como pessoas da família do Dr. Sebastião Pedrosa, a exemplo da viúva, a sra. Ísis Alves Pedrosa, podemos perceber como esta cerimônia foi concorrida naquele mês de dezembro de 1971. Para finalizar, vejamos mais um registro desta turma:

Imagem 3 - Fotografia realizada no Clube Diversional Cariri - Fonte: Evandro Pinto
Você está presente nestas fotografias? Reconhece alguns dos formandos (as)? Se desejar, divida conosco este conhecimento.

João Paulo França, 16 de janeiro de 2017.

Fonte:

Imagens de Rede Social de Evandro Pinto
Acervo do Jornal da Paraíba do dia 16 de dezembro de 1971.

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1970 - Chegada da Luz elétrica da SAELPA em Barra de São Miguel - PB (Parte 2)

O ano de 1970 foi muito importante para a população de Barra de São Miguel: a chegada da luz elétrica de Paulo Afonso à sede município. O Governo paraibano obviamente alardeou bastante esta realização e lançou em diversos jornais do período o mote: "Procura-se uma cidade sem luz".
A seguir, vejamos a propaganda de página inteira do dia 26 de abril de 1970 no Diário de Pernambuco:


No texto publicitário é possível lermos:

PROCURA-SE UMA CIDADE SEM LUZ


Na Paraíba, não adianta procurar. Todos os 171 municípios que constituem o Estado estão eletrificados. A SAELPA, órgão responsável pela política de energia elétrica na Paraíba, com a inauguração do sistema elétrico de BARRA DE SÃO MIGUEL, concluiu essa etapa do programa do Governo João Agripino.

Agora a energia de Paulo Afonso atinge todo o território paraibano, levando o desenvolvimento a cada cidade, integrando-as à Nova Paraíba. Década 70. Para cumprimento dessa meta de governo, a SAELPA investiu NCr$ 21.000.000,00, o que representa uma aplicação de NCr$ 15.000,00 por dia, alcançando invejáveis índices de trabalho: 11 e meio dias para eletrificação de cada cidade: 30 postes implantados, por dia.

Agora, graças a esse esforço, todas as cidades com as suas oficinas, suas pequenas e médias indústrias, estão integradas na Nova Paraíba. Década de 70 construída em ritmo de Brasil Grande. Para os seus filhos. Para os filhos de seus filhos também.

João Paulo França, 04 de janeiro de 2018.

Fonte:

Diário de Pernambuco, edição de 26 de abril de 1970.

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1970 - Chegada da Luz elétrica da SAELPA em Barra de São Miguel - PB (Parte 1)

01 de Janeiro: a tradição do "Bloco do Boi" em Barra de São Miguel - PB

Como o primeiro dia do ano novo é recepcionado em sua região?
Em Barra de São Miguel, esta pergunta é respondida de maneira especial: fantasias, orquestra de frevo, banho de carro-pipa e muita alegria fazem parte do tradicional "Bloco do Boi", que a cada ano aumenta o número foliões, saindo da Rua Thomaz de Aquino e fazendo um grande arrastão pela cidade, com a dispersão no Largo da Prefeitura. A seguir, vejamos esta história contada por um dos fundadores do Bloco, Silvio e um dos responsáveis atuais, Liano Pinto Pedrosa.

Imagem 1 - Foliões na Rua São Miguel
Como podemos observar nesta imagem 1, na passagem do bloco pela Rua São Miguel, centenas de foliões saem atrás do boi e da burrinha, ao som de muito frevo, tocado pelos músicos locais, que todos os anos formam a chamada "Orquestra de frevo Cariri. Segundo Liano Pedrosa, os fundadores desta tradição foram os conhecidos foliões Silvio (José Sílvio Gomes), Mané de Tetê, Manezinho de Euclides e Amilton, na virada de 1994 e 1995. A partir de 1999 Liano passou a ser um dos organizadores e responsável da folia. O primeiro boi foi "Mane de Tetê". Durou 8 anos.
Imagem 2 - Foliões na Rua Tenente Pedrosa
Descendo a Rua Tenente Pedrosa, os foliões seguem para a dispersão no largo da Prefeitura. Segundo Silvio, o boi ja existiu nas décadas de 60 e 70. Saía nas feiras e no carnaval. Então em 1995 ele teve a ideia de revitalizar o boi. Colocá-lo no dia 01 de janeiro foi ideia nova de Silvio e Amilton. Ele teve a ideia porque a "felicidade" da cidade acabava com o final do ano. No outro dia era um silencio só e o lugar ficava triste por um longo dia. Daí veio esta tradição, que faz de Barra de São Miguel um dos lugares da paraíba que encara o inicio do ano novo com mais felicidade. Outra característica do boi é que ele é anarquista, segundo Silvio. Ninguem manda em ninguém.  Hoje Liano organiza, mas qualquer dia pode ser outro responsável.
Imagem 3 - O "Boi" e a "Burrinha"
Foliões vestidos de maneira descontraída é uma marca do bloco. Homens se fantasiam com roupas femininas e mulheres usam roupas masculinas. A inversão da lógica cotidiana faz parte da tradição do bloco, que desfila com o símbolo do "Boi" e a inseparável "Burrinha". A ideia de se vestir de mulher surgiu dos fundadores também em companhia de Dedé de Apolonio. Passamos uns 6 ou 7 Anos. A ajuda da Orquestra, que é o coraçao do boi desde o inicio é fundamental, segundo Liano. O boi inicial foi feito na Barra. Depois o atual foi comprado em Bezerros. Reza a lenda que quem entra debaixo do Boi tem a tendencia de levar gaia, segundo Tatai.
Imagem 4 - O banho nos foliões
O calor caririzeiro é amenizado com os banhos de carro-pipa, em pontos estratégicos do trajeto do bloco. Os foliões renovam assim suas energias para continuar a pular ao som do frevo.

Imagem 5 - A orquestra de Frevo Cariri
Barra de São Miguel se destaca há muitas décadas como uma terra de músicos e estes, geralmente formados na Filarmônica São Miguel passam a estudar e trabalhar com esta arte nos mais diferentes lugares do país e até no exterior. Todavia, em momentos como o do "Bloco do Boi", aqueles que se encontram na cidade se juntam na Orquestra de frevo Cariri e fazem o som que também é marca do bloco: o arrastão ao som do frevo.

Imagem 6 - Sr. "Zezé da Bomba"
O ano de 2011 foi especial para os foliões, que ao passar pela Rua São Miguel fizeram a parada na residência de um dos símbolos da animação do carnaval de Barra de São Miguel, o Sr. "Zezé da Bomba". O mesmo faleceu em 2014, mas sempre é lembrado por sua disposição e alegria em participar e animar os carnavais barrenses.

Imagem 7 - Alisson, Baeta e Liano
Por fim, nesta última imagem vemos o locutor Alisson Nascimento ao lado de outro folião de longas datas em Barra de São Miguel, "Baêta", além do responsável pelo Bloco do Boi atualmente, Liano Pinto. Uma das maiores curiosidades, segundo Liano é que o mesmo toma faz a organizacao da folia há uns 20 anos e teve a felicidade de depois de 14 seu filho nascer no dia do Bloco do boi. "Foi a maior coincidência da minha vida e eu encaro como presente de Deus pra mim", nos diz Liano.
Para finalizar, lembramos que Bastião Bezerra foi muito tempo o vaqueiro do boi e Tatai a burrinha. Já o ex-vereador Assis era o boi.

João Paulo França, 01 de janeiro de 2018

Fonte:

Imagens de Alisson Nascimento, disponível em: http://barraenoticia.blogspot.com.br/2011/01/bloco-do-boi-arrasta-grande-multidao-de.html. Acesso em 26 de dezembro de 2017.
Informações de Liano Pinto Pedrosa e Silvio, em 27 de dezembro de 2017.