O Esporte Clube São Miguel de Barra de São Miguel - PB (Fim dos anos 1950 e início dos anos 1960?)

A geração atual dos barrenses conhece bem os tradicionais times de futebol amador da cidade que chegaram aos nossos dias, a exemplo do Bangu, Náutico, Corinthians, São Paulo, etc. Todavia, antes destas equipes se consolidarem nos últimos 50 anos, outros esquadrões desfilaram pelos campos de terra batida da cidade e das redondezas.

Já identificamos neste site a informação da Sra. Ermira de Fátima que trata do Haiti (ou Aiti?) Clube, que existiu na primeira metade do século XX. Também o Potira Esporte Clube que em 1949 apareceu no Diário de Pernambuco em jogo contra a equipe de Santa Maria do Cambucá - PE.

Após conversa com o Sr. Luís de Biino e a Sra. Ermira de Fátima, hoje trataremos do time da imagem a seguir, uma verdadeira relíquia barrense:

Imagem 1 - O Esporte Clube São Miguel
Em pé, da esquerda para a direita: Biu Toco, Miguel de Manoel Grosso (Goleiro), Luiz de Biino, Zé Toquinho, Zé Rampa, Lula de Ramiro. Agachados: Iramar de Dona Liinha, Pedro Pinto, Raimundo de Biino, Danda de João Teal, Zé Chico Hóstio.

Segundo o Sr. Luís de Biino, que é o 3º em pé da esquerda para a direita, este time seria conhecido como o Esporte Clube São Miguel, pelo fato do uniforme ser "preto e vermelho", nas cores do Sport Club do Recife, que adaptando para a cidade ficaria conhecido como o Esporte Clube São Miguel. O mesmo recorda que era um uniforme de boa qualidade, que teria sido deixado por outro amante do esporte local, o Sr. Cacildo Guedes, que viria a ser prefeito da cidade entre 1972 e 1976 e na juventude era um bom jogador e teria adquirido tal uniforme para o time e, após deixar de estar a frente do futebol local teria deixado para outros jovens, no caso, os que aparecem na foto.

Nascido em 06 de setembro de 1944, o Sr. Luís de Biino recorda das partidas disputadas no campo que existia na altura do Posto de Saúde, na Rua Thomaz de Aquino. Lembra que era um jovem e muitas vezes não tinha lugar no time, que era conduzido por atletas mais experientes, como vemos na fotografia, a exemplo do Sr. Zé Toquinho, Biu Toco e Zé Rampa.

Luís de Biino lembra que na época anterior a ele existia o time do Sr. Cacildo Guedes, que era o melhor atleta e tinha outros jogadores como Zé Miguel, Zé Chico, Zé Rampa, Jonas, Apolônio e um irmão, chamado Heleno (Apolônio era o pai de Dedé de Apolônio). Lembra que os times que vinham jogar na Barra eram levados para onde hoje é Sede da Banda de música e o Sr. Cacildo Guedes fazia discursos com grande empolgação e as pessoas acompanhavam, sendo dias de grande entusiasmo da população, que em grande número ia para campo de futebol ver as partidas.

Sobre as histórias seguintes do Sr. Luís de Biino e de outros cidadãos locais sobre nossos times de futebol, a exemplo da origem do Bangu, em outro momento trataremos.

João Paulo França, 03 de julho de 2016.

Fonte:

Acervo e informações da Sra. Mira de Biino
Informações do Sr. Luís de Biino

1987 - Frei Damião de Bozzano em Barra de São Miguel - PB (Parte 2)

Nesta data temos uma dupla alegria: continuar a acompanhar a visita de Frei Damião de Bozzano a Barra de São Miguel em 1987 e ao mesmo tempo relembrar ou conhecer a arquitetura da cidade pelas diferentes ruas por onde passou a grande procissão com os romeiros e o frade capuchinho.
Iniciemos:

Imagem 1 - Frei Damião e a procissão no início da Rua Thomaz de Aquino
Grande multidão está a acompanhar a procissão liderada por Frei Damião. Neste instante da imagem estão a passar em frente da Prefeitura Municipal de Barra de São Miguel, no início da Rua Thomaz de Aquino. Mais uma faixa recepciona o frade. Na mesma se lê:  

Os são miguelenses saúdam Frei Damião.
Nos chama a atenção, na parte esquerda, as grandes algarobas que existiam na Praça Ismael Mahon. No horizonte à esquerda é visível também uma espécie casa amarela, que não existe mais na paisagem atual desta parte da cidade.

Imagem 2 - A procissão na Rua Augusto Corrêa
Na sequência das fotografias que dispomos, a procissão deixa a Rua Thomaz de Aquino e entra a esquerda, passando a caminhar pela Rua Augusto Corrêa de Araújo. Mais uma vez é visível o grande número de pessoas a cercar o veículo onde se encontra Frei Damião.

Imagem 3 - A procissão está a descer a Avenida Cândido Casteliano
Nesta imagem 03 vemos a procissão já na Avenida Cândido Casteliano, próximo onde hoje é o Supermercado Santo Expedito. Há duas grandes lacunas na imagem, onde seriam posteriormente as residências do ex-prefeito, Sr. Pedro Pinto (a direita) e do Sr. Valter e Aparecida Costa (a esquerda).

Imagem 4 - Início da subida da Avenida Cândido Casteliano
Esta fotografia número 04 foi realizada a poucos metros da imagem anterior e enquadra praticamente a mesma paisagem da Avenida Cândido Casteliano. Destacamos mais uma vez o grande número de fiéis no evento religioso. Lembre-se que são imagens de quase 30 anos atrás, quando a população local era bem menor que a atual.

Imagem 5 - Ainda Avenida Cândido Casteliano
Esta imagem número 05 ainda foi realizada na Avenida Cândido Casteliano, já na parte de cima e está mais aproximada, o que nos permite ver claramente vários moradores locais, a exemplo do prefeito da cidade à época, o Sr. José Lupércio, conhecido por Araújo (no lado esquerdo da imagem, de camisa branca com quadros). Com o uniforme do Flamengo a direita destacamos o Sr. Sebastião Bezerra. Muitos outros personagens locais podem ser identificados nestas imagens... fique a vontade para nos informar...

Imagem 6 - Rua Francisco Pinto
Aqui, temos uma verdadeira relíquia histórica. A procissão sai da Avenida Cândido Casteliano e vira à esquerda, tomando toda a Rua Francisco Pinto, que à época ainda estava por ser calçada. Destaque-se na parte esquerda a antiga fachada do Clube do Bangu, hoje modificada.

Imagem 7 - Rua São Miguel
Saindo da Rua Francisco Pinto, a procissão ruma à esquerda pela Rua São Miguel, neste enquadramento já próximo a Igreja de São Miguel Arcanjo, chegando pelo seu lado direito. Mais uma vez é possível identificar uma série de moradores, a exemplo da Sra. Chiquinha Justino (a esquerda, de blusa branca e saia marrom claro)¹. Quem seria a Sra. com suas duas crianças a pousar na imagem à direita?

Por hora, paramos aqui nesta incrível viagem no tempo pelas ruas de Barra de São Miguel, seguindo nos passos da procissão da Missão de Frei Damião. Em breve, publicamos a terceira parte deste belo acervo do amigo colaborador, o jovem Bartô Pinto.

João Paulo França, 01 de julho de 2016.

1 - Informação da Sra. Ermira de Fátima e do Sr. Cleminton Truta, atualizado em 10 de julho de 2016.

Leia também:




Fonte:

Acervo de Bartô Pinto

Procissão em Barra de São Miguel na década de 1940?

A beleza da pesquisa histórica está nos desafios que os poucos fios e rastros que temos no presente podemos sair "entrelaçando" para irmos construindo as teias do passado. Com esta perspectiva, tivemos acesso a esta bela fotografia não datada que mostra uma procissão pela vila da Barra de São Miguel - PB. Observemos:

Imagem 1 - Acervo de José Clemilton
Com certeza esta é uma das mais belas imagens panorâmicas que já tivemos acesso em nossa pesquisa. Todavia, se não está datada, de quando a mesma seria?
Na própria imagem temos algumas pistas materiais, como veremos a seguir. Por hora, vamos observar o zoom que fizemos em três direções distintas na mesma imagem:

Imagem 2 - Foco no centro da Imagem 1, destacando a Igreja e o Cemitério.
Neste primeiro zoom que fizemos, procuramos observar algumas características que muitos barrenses desconhecem de nossa arquitetura: na fotografia, ao lado direito da Igreja centenária de São Miguel Arcanjo já tivemos um cemitério, que foi totalmente demolido, em ano incerto ainda nas nossas pesquisas. 
A frente da Igreja é possível ver um cruzeiro que também foi demolido, provavelmente é o mesmo que se encontra hoje ao lado direito da igreja. Continuamos a investigar. A seguir, mais um zoom na imagem 1:

Imagem 3 - Foco na parte esquerda da Imagem 1, voltado para, a hoje, Rua São Miguel
Neste zoom da imagem 3 temos uma espécie de palhoça, construída com palhas e madeira. Nas memórias dos moradores antigos já escutamos relatos da palhoça construída pelos "pedrosa", onde hoje seria o coreto da Praça Ismael Mahon. Seria a mesma palhoça da imagem?
E o amigo leitor, identifica alguém da fotografia?
Por fim, mais um zoom na imagem 1:

Imagem 4 - Foco na parte inferior da Imagem 1
Aqui, recorremos aos amigos e familiares para conjecturar um período provável desta fotografia. Inicialmente, o Sr. José Raimundo (Zé de David), com certa precaução informa que a primeira senhora a esquerda, de mantilha preta na cabeça, lembra a Sra. Alexandrina Cabugé, ascendente da Sr. Severina Cabugé. Na sequência, a quarta senhora, com vestido branco com estampas, lembra bastante a Sra. Livínia, que foi moradora do Sítio Pinhões. Por fim, a terceira pessoa, uma jovem de vestido branco e cabeça baixa na imagem, seria a Sra. Clarisse, mãe da Sra. Conceição de Preá.
De posse destas pistas, procuramos a Sra. Conceição, que também reconheceu sua mãe na imagem e nos mostrou a seguinte fotografia da mesma, já próxima ao seu falecimento:

Imagem 5 - Clarisse Silva (1925 - 1962)
Esta é a Sra. Clarisse Silva, mãe de "São de Preá" e irmã da Sra. Joanita da Silva, professora e mulher religiosa que em breve trataremos neste site.
Segundo a Sra. Conceição, a sua mãe nasceu em  18 de agosto de 1925 e faleceu, muito jovem, em 02 de maio de 1962, portanto com apenas 36 anos de idade.

Portanto, partindo do ponto que a jovem de vestido branco e cabeça baixa na imagem realmente guarda grande semelhança com a Sra. Clarisse Silva e, esta teria nascido em 1925, conjecturamos que nesta fotografia a mesma não teria ainda 20 anos de idade, o que nos leva a ter a possibilidade desta fotografia está em algum ano próximo a 1945, para mais ou menos, ou seja, esta seria uma bela paisagem de Barra de São Miguel ainda da longínqua década de 1940.
Tem outras pistas, ou outras informações ou complementações as nossas conjecturas? Divida conosco. Será um prazer conhecer um pouco mais do passado da Barra de São Miguel - PB.


João Paulo França, 29 de junho de 2016.


Fonte:

Acervo de José Clemilton Truta
Acervo e informações de Conceição (São de Preá)
Informações de José Raimundo Ferreira (Zé de David)

1980 - A História do Náutico Futebol Clube de Barra de São Miguel (Parte 2)

Nesta data damos prosseguimento a história do Náutico Futebol Clube de Barra de São Miguel - PB, o conhecido Náutico de Livaldo. Vamos conhecer alguns dos esquadrões deste time de futebol amador fundado em 24 de dezembro de 1980 e que já caminha para completar 36 anos de existência em nossa cidade.
De início, analisemos a primeira formação do Náutico, em 1981, após o primeiro título da equipe:

Imagem 1 - Náutico: Campeão Municipal em 1981
Em pé, da esquerda para a direita temos: o torcedor Raimundo Floro. Em seguida, o jogador e treinador Livaldo, Luciano (Kika, com o troféu), Maurício, conhecido por "Cututa" (Goleiro), Lula de Zé Paraná, Raimundo de Gerson, Rafa (Memela), Galego de Rita. E os torcedores, Marcos de Biu Toco e Lucim de Bibi. Agachados da esquerda para a direita: Manoel de Nilde, Fanta, Eduardo de João Belé, Miguel Ferraz, Luizinho de Rita, Zé de Zefa e Marrom.

Segundo o Sr. Livaldo, esta fotografia foi realizada em um sábado pela manhã, após a final do Campeonato local, onde o Náutico venceu o Botafogo por 2x1. Foi uma imagem feita na Rua João Pinto da Silva, de frente para o hotel São José, que era o conhecido hotel de Maria de Zé de Santo.
Ainda na década de 1980, temos o torneio intermunicipal disputado em 1984, que já narramos na parte 1 desta história.
Do ano de 1987, temos mais uma bela fotografia do Náutico de Barra de São Miguel. Em dia de grande chuva na cidade, a equipe fez um jogo contra o time do "Silva", de Taquaritinga do Norte - PE e legou esta imagem:

Imagem 2 - O Náutico em 1987
Em pé, da esquerda para a direita: Fábio, Paulo de Mané (Goleiro), Deci, Linaldo, Tonho da Cagepa, Murilo, Tonho de Gerson e Livaldo. Agachados: Manoel, Miguel, Gabriel, Birinha e Nenem.

Durante a década de 1990, o Sr. Livaldo lembra que o time ganhou diversos torneios na região, a exemplo do Sitio Cachoeira, onde venceu o 1º e 2º Quadros. Lembra que foi um dia de muita alegria para todos da equipe.

Imagem 3 - Troféu do Título em 1999 no Campeonato em R.S. Antônio
Já no fim da década de 1990, um destaque na História do Náutico foi o título que o 2º quadro da equipe conseguiu no Campeonato de Riacho de Santo Antônio. Livaldo lembra da bela campanha da equipe, que culminou com o gol decisivo do atleta Henrique, em 22 de agosto de 1999.
Na imagem 3 vemos, entre outros, Livaldo e sua esposa Mônica, que juntos seguram o troféu da conquista de 1999.

Chegando ao século atual, o Náutico continua sua saga de disputas e conquistas. Já em 2001 o time foi vice-campeão do Campeonato Municipal, em uma acirrada disputa com o Corinthians local. Livaldo ainda lembra que na final daquele ano, foi anulado um gol de sua equipe a partir de um escanteio, o que é algo questionável, em sua opinião.

Todavia, a alegria de mais um título Municipal veio contra a equipe do América. Em um jogo emocionante, Livaldo lembra que na partida final o Náutico perdia por 2x0, mas após alguns ajustes na equipe, conseguiu empatar e lembra que próximo ao fim do jogo, conseguiu virar a partida, vencendo por 3x2 e se sagrando campeão. Deste ano vemos a seguinte imagem da comemoração da equipe:

Imagem 4 - Comemoração do Título Municipal contra a equipe do América
Nesta imagem 4 vemos, entre outros, em pé, Livaldo, Temilsom, Birinha, Beto de Carlinda, Shirley, Henrique, Evandro, Changa. Agachado destacamos o vitorioso goleiro Vavá, que auxiliou bastante a equipe por muitos anos.
Vale lembrar que em 2005 foi realizado um Campeonato entre os campeões municipais e o Náutico venceu, sagrando-se o Campeão dos Campeões, em um campeonato realizado pela Secretária Luciana Costa, nas proximidades da Emancipação política do Município. O time tinha a seguinte formação:

Imagem 5 - Náutico Campeão dos Campeões em 2005
A formação da esquerda para a direita é seguinte: Em pé: Livaldo, Arielsom, Guga, Vavá de Vertulina (Goleiro), Patinha, César,  Zé do Pará, Boy. Agachados: Lucas Biino, Erminho, Gonçalves, Marquinho, Vânio, Netinho e Messias Chagas (treinador).

Além destas formações para disputas nos campeonatos municipais, a equipe do Náutico sempre permaneceu viva com a atuação de esquadrões locais. A seguir, mais um time do Náutico, desta vez no dia 31 de agosto de 2006. Este foi o time titular do Campeonato Municipal daquele ano:

Imagem 6 - Náutico em 2006
Em pé da esquerda para a direita: Livaldo, Messias, Pai João, César, Vavá (Goleiro), Assis, Cinha, Zé do Pará e Guto. Agachados: Bezerrinha, Rogerinho, Patrício, José Wilsom, Késsio, Lucas e Leandrinho.
Continuando a conhecer as diferentes formações da equipe do Náutico, passamos em seguida a mais um esquadrão alvirrubro barrense:

Imagem 7 - Equipe do Náutico, sem datação
Em pé, da esquerda para a direita: Pai João, "Filho de Deiltom", Naldinho, Lila, "Cagepa", Chibata (Goleiro) e Livaldo (Treinador). Agachados: Patrício, Leandrinho, Miguel de Toinha, Nielyson, "Genro de Dida" e Guto.
Para finalizar este post, apresentamos mais uma formação que Livaldo guarda do time do Náutico, desta feita com um uniforme diferenciado, com a cor azul se juntando ao tradicional vermelho e branco:

Imagem 8 - Equipe do Náutico, sem datação
Nesta formação, temos: Em pé, da esquerda para a direita: Chibata (Goleiro), Burrega, Marcos, Nissim, Adela, Evandro, Pai João, Miguel de Toinha, Miguel. Agachados: Patrício, Nielyson, Leandrinho, Rogerinho, Guto, Jailsom e Cinha.

O acervo e as memórias do Sr. Livaldo são imensos e com carinho ele guarda muito da história do esporte de Barra de São Miguel - PB.

Em breve, continuamos esta história, com as equipes mirins, de base que o Náutico formou ao longo da história.
João Paulo França, 27 de junho de 2016.


Leia também:

1980- A História do Náutico Futebol Clube de Barra de São Miguel (Parte 1)


Fonte:

Imagens e informações de José Livaldo de Moura.

Memórias de um Barbeiro (Sr. David)

Por Marcondes Pinto

Vêm à memória as manhãs ensolaradas de nossa cidade. Lembro-me de algumas idas à barbearia do Sr David em tempos de minha infância.  Chegando lá encontrava homens conversando sobre amenidades e ocorridos da terra, a típica conversa no barbeiro, onde cortar o cabelo não é apenas um ato estético, mas um momento de descontração ímpar, a verdadeira higiene mental.
Estava diante de uma figura extraordinária e nem me apercebia disso, devido a minha pouca idade. Sr David era barbeiro requisitado, até hoje muito se fala na sua veia cômica, de seus contos engraçados e seu resmungar cotidiano perante os fregueses, dos quais arrancava belas gargalhadas. 
Na madeira esculpia sua veia artística e retratava criatividades inigualáveis. A nossa pequena cidade caririzeira nos deu a oportunidade de ter como filho um cidadão ordeiro, de inteligência prática e de sabedoria popular altiva.
 Sr David foi artista na vida, nela talhou não só artes na madeira, mas também deixou talhada a figura de um homem inteligente e perspicaz na região do cariri. Existem várias formas de ser imortalizado, Sr David transformou-se num patrimônio folclórico e imaterial de nossa terra, imortalizando-se na cultura popular de Barra de São Miguel e deixando os munícipes saudosos. Bons tempos que nos levam a registrar as memórias de um ilustre barbeiro. 

Marcondes Pinto
 
Sr. David Ferreira
Documentário A Encomenda do Bicho Medonho
 


Marcondes Pinto é Advogado, Presidente da Comissão de Direito Penal da OAB Caruaru e não deixa de acompanhar as histórias e o cotidiano de Barra de São Miguel - PB, cenário de onde guarda muitas de suas memórias.
 
Sobre o Sr. David veja também:


Portal de Memórias de Barra de São Miguel

Viva São João! Puxe o Fole Sr. Manoel Benjamim! (Série o que vivi, ouvi e senti na História)

Neste dia de São João nosso site trás na Série "o que vivi, ouvi e senti na História", a memória de um dos personagens culturais mais significativos da cidade de Barra de São Miguel - PB: o Sr. Manoel Benjamim dos Santos, ou simplesmente, Manoel Benjamim dos 8 baixos!
Vejamos uma imagem deste ícone de nossa cultura:

Imagem 1 - Sr. Manoel Benjamim com seu fole de 8 baixos
Nascido em 04 de agosto de 1919 e falecido em 03 de abril de 1996, neste ano completamos 20 anos sem a alegria contagiante dos 8 baixos do Sr. Manoel Benjamim nos diversos festejos de Barra de São Miguel. 

Segundo a nossa entrevistada, a Sra. Maria do Socorro Santos Silva (Socorro Benjamim), filha do Sr. Manoel, o mesmo foi um dos filhos do casal Sr. Benjamim e Sra. Maria Benjamim, tendo por irmãos: José Benjamim (Que nomeia a quadra central de esportes), Inácia, Severina, Miguel, Soledade, Clotilde e Mariquinha.
Esta imagem 1 foi feita em Barra de São Miguel e o Sr. Manoel Benjamim teria 28 anos de idade. O mesmo foi casado com a Sra. Maria Nilde Ferreira (1933 - 2009) e desta união teve nove filhos, dos quais criaram-se cinco, que são: Socorro, Dolores, Lourdinha, Zefinha e Gabriel. 

A seguir, passamos a palavra para a Sra. Socorro Benjamim, nascida em 1959, para a mesma nos falar um pouco mais das contribuições do nosso personagem histórico.

Como o Sr. Manoel Benjamim começou a tocar?
Bem, eu nem nascida era. Ele começou tocar com 8 anos de idade. Era tão pequenininho que colocavam ele em cima de um tamborete para poder tocar. Contam, que quando foi um dia ele tava em uma festa e foi almoçar. E de tão pequeno que era, era comendo e colocando os ossos no bolso, com o uniforme branco. Quando terminou o almoço e voltou a tocar, era aquele "melador" de graxa, por que ele dizia que ia guardar os ossos no bolso para chupar depois, de tão pequeno que era.

Que instrumento ele tocava? Como aprendeu?
Ele tocava fole de 8 baixos. Acho que ele aprendeu com o pai. Meu avô Benjamim tocava e ai ele foi vendo e aprendendo.

Onde ele morou?
Atrás da Serra, perto de Nenzinha. Acho que quando ele casou é que veio morar aqui na rua. Eu mesmo nasci em uma casa na Rua São Miguel, em uma casa que era de Otacílio, ali perto de Clemilton hoje. Dali a gente veio pra cá, pra rua nova, minha infância foi nessa rua.

Ele tinha outra profissão, além de tocador?
Sim, ele era pedreiro. Ele era muito inteligente. Boa parte destas casas foi ele que fez. Também fazia coisa de madeira. Tenho uma cristaleira que foi ele que fez. Também fazia os "milagres" para o Bom Jesus. As pessoas pedia pra ele fazer, tipo assim, um pé, um braço para as pessoas colocar debaixo do santo. Ele fazia de madeira, de cera para o povo pagar as promessas... Uma vez ele colocou até uma orelha que estava faltando em um santo da Igreja.

Ele fazia as festas, ou era o povo que chamava para tocar?
Era o povo que chamava...olhe, carnaval, São João, fim de ano, forró em sítio, tudo, tudo era ele que tocava. Fazia também uns forrós aqui em casa, onde ele gostava de ficar tocando, aqui na rua mesmo.

Quem acompanhava ele?
Manoel de Tetê. Miguel de Maria Joana, o finado "Parafuso" tocava na zabumba, Inácio de Terto ajudava no fole também. Também Genilsom conhecido por "boia apulso". Biu "Otário" tocava também. E eu era quem cantava. No início era Zefinha minha irmã, depois que ela casou eu passei a cantar e só parei quando ele morreu. Tempo de São João assim era muito bom.

Como era que vocês se preparavam?
Eu tinha um rádio de pilha. Escutava as músicas e escrevia em um caderno e ensinava a ele. Eu escutava no "rádio de móvel", com 4 botãozinho, dois de um lado e dois do outro e dizia, venha cá papai pra nós treinar e aí cantava pra ele. Mas era só uma vez e ele já pegava a música. Tudo nós tocava, hino nacional, raça negra, música antiga, Luiz Gonzaga, hino de São Miguel, mastruz com leite...tudo ele tocava.

Onde vocês tocavam?
Ave-Maria, em todo canto nós tocava. Tocou muito na Inveja, na casa de Zé Paca, na casa de Zé Lino, de Luís Augusto. Era forró do tempo do candeeiro. Nem microfone tinha, eu no outro dia ficava só "o pito" de rouca, por causa da poeira... ele tocou no Andrade, no Bichinho, no Pará, no Mineiro, nas Pedras Altas, Cachoeira dos Borges, Inveja, acho que não teve um desses proprietários de terras que ele não tivesse tocado... em Lagoa Seca, Lula Cabral levou a gente...em Recife, que Raimundo de Zé Lino levou pra tocar lá em San Martim. Tocava muito aqui na rua também, tocou no mercado, as vezes em quadrilhas no Clube do Bangu, também ali em Manoel Estambinho...tocava na casa de Zé Costa, nos bares, Abraão e outros chamavam. E também aqui em casa, aqui era o canto certo dele fazer as alegrias dele. Antônio de Lino tirava uma cotazinha, mas era muito pouco. O povo vinha pra cá. Eu lembro que ele gostava de romper ano em casa. Também tocou, eu me lembro, 22 comícios de Pedro Pinto ali de lado de Zé Pinto, na Rua Thomaz de Aquino.

Imagem 2 - Sra. Nilde e o Sr. Manoel Benjamim
E Dona Nilde, a esposa, como participava de tudo isso?
Mamãe só acompanhava ele. Teve um caso engraçado em um sítio, ali onde era de Agnelo Cabujé. Ela era noiva dele e o dono da festa disse que era pra ela não dar corte em ninguém na festa, mas papai não queria que ela dançasse, aí ela teve a ideia de colocar "leite de aveloz" nos olhos para não poder dançar (risos). Neste dia, nem festa teve. Depois, aqui na rua ele gostava muito quando ela ia. Quando ela chegava na festa, ele tocava aquela música que diz: "Quando a saudade invade o coração da gente e pega a veia onde corria um grande amor"... eu num posso ouvir isso que me lembro, ela ficava muito feliz e ele sempre tocava esta música quando ela chegava na festa. Eles eram muito unidos

E a veia artística passou pra mais alguém? 
Só eu que cantava com ele e Gabriel, o filho que aprendeu, só não se interessou em tocar muito. 

Ele tocou nos clubes da cidade?
Sim, no Clube do Bangu, no Clube Diversional Cariri, lá eu lembro que teve um concurso de sanfoneiro e ele tirou em primeiro lugar. Eu lembro como se fosse hoje, por causa da alegria que tive. Papai morreu tocando, até o último ano de vida ele tocou, só parou quando teve um problema aqui na rua, aí foi a última vez que ele tocou aqui e no outro ano morreu.

Imagem 3 - Sra. Socorro conosco nesta entrevista no dia 24 de junho de 2016
Alguma música especial não podia faltar?
Asa Branca de Luiz Gonzaga não podia faltar, ele gostava muito.






Nosso agradecimento a Sra. Socorro Benjamim, e fica aqui o nosso registro da passagem deste artista popular de Barra de São Miguel - PB. Tem imagens ou áudios? Será um prazer compartilhar neste espaço.

Barra de São Miguel, 24 de junho de 2016



Fonte:

Acervo e entrevista com a Sra. Maria do Socorro Santos Silva (Socorro Benjamim), em 24 de junho de 2016.
Cemitério São Miguel de Barra de São Miguel - PB

1987 - Frei Damião de Bozzano em Barra de São Miguel - PB (Parte 1)

Nosso site tem alegria de tornar público um belo acervo particular do jovem Bartô Pinto acerca da passagem de Frei Damião de Bozzano por Barra de São Miguel - PB no ano de 1987. 

Acompanhe a seguir os diferentes momentos desta missão que muito marcou os barrenses.

Imagem 1 -Palco para celebração campal em frente a Igreja de São Miguel
Para esta missão foi montado um pequeno tablado de madeira na calçada, em frente à porta central da Igreja de São Miguel. Na imagem vemos vários moradores antigos da cidade, que com todo o respeito e admiração estavam a participar desta celebração campal. Junto a Frei Damião está o Padre Paulo Roberto, que era o pároco de Sumé e Caraúbas no período e, portanto, também era o responsável pela comunidade católica local.

Imagem 2 - Fiéis em frente à Igreja de São Miguel
 Esta imagem 2 nos mostra uma visão panorâmica da frente da igreja, onde os fiéis acompanhavam a celebração. Percebe-se ao centro uma faixa de boas-vindas, onde se lê: "Mais uma graça abençoada para todos: Sua Presença Frei Damião".

Imagem 3 - Início da procissão com o ostensório pelas ruas de Barra de São Miguel
Começando a procissão, Frei Damião, Padre Paulo e Dau, sacristão de Sumé, vão sobre uma D-10 azul com o ostensório que passará pelas principais ruas da cidade, como acompanharemos pelas imagens seguintes. 

Imagem 4 - Procissão saindo da Igreja com Rumo a Rua Tenente Pedrosa
Saindo da Igreja, rumo ao poente, pela Rua Tenente Pedrosa a procissão segue. Destaque-se os objetos de devoção levados pelos moradores locais e visitantes. Ramos de plantas, quadros, cruzes, enfim, uma série de objetos de devoção popular. 

Imagem 5 - Rua Tenente Pedrosa
 Nesta imagem 5 recordamos uma informação prestada pelo amigo leitor Miguel Belé, onde o mesmo lembra que Frei Damião solicitou que todo o percurso fosse feito com o motor do carro desligado, para que ele escutasse as pessoas em oração e cânticos. Pela imagem fica claro o esforço dos senhores ao redor do veículo para mantê-lo na direção certa.

Imagem 6 - Rua Tenente Pedrosa com vista para o coreto da Praça Ismael Mahon
 Nesta imagem 6, temos uma bela vista dos diferentes fiéis que seguem a procissão descendo pela Rua Tenente Pedrosa, tendo o "coreto" ao fundo na praça Ismael Mahon.

Imagem 7 - Frei Damião em detalhe junto ao ostensório
Para concluir esta nossa primeira postagem do acervo de Bartô Pinto, temos esta bela imagem onde o fotógrafo teve a sensibilidade de focar Frei Damião e sua força de vontade, sua fé e oração empunhando o ostensório na procissão.

Vale destacar que este é um acervo de 21 fotografias que apresentam os diferentes momentos da missão do frade capuchinho por esta cidade. Dividiremos em três postagens. Confira nos próximos dias. 

É sempre importante mencionar que este site e projeto é desenvolvido graças ao desprendimento dos cidadãos, moradores ou mesmo conhecedores das histórias locais que conosco compartilham suas memórias, imagens e demais fontes que sirvam para a montagem de nossa teia de conhecimento do passado. Continue a colaborar conosco.

João Paulo França, 23 de junho de 2016


Fonte:

Acervo de Bartô Pinto
Informações do Sr. Miguel Belé