1985 - Memória da Semana Santa escrita por Pe. Gabriel

Por anos a fio a comunidade Católica de Barra de São Miguel - PB fez parte da Paróquia de São Pedro de Caraúbas-PB. Esta por sua vez passou muito tempo sem a assistência direta de um pároco residente na mesma, contando com a administração do saudoso Padre Paulo Roberto, que era o vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Sumé - PB.
Neste contexto, os barrenses certamente lembram do acompanhamento religioso que passou a receber dos irmãos da Congregação Redentorista. O desbravador neste caminho foi o Padre Gabriel, que do alto de seus 80 anos, em 2013, narrou um pouco de suas memórias no livro Histórias que eu conto aos 80, editado pelo Padre Francisco de Assis Gabriel, CSsR.
Vejamos uma imagem deste padre tão querido da comunidade católica barrense:

Imagem 1 - Batizado na Igreja de Barra de São Miguel, ministrado por Pe. Gabriel - Acervo da Sra. Áurea Vieira
Esta imagem, não datada é apenas uma amostra do longo trabalho de evangelização empreendido pelo Pe. Gabriel, onde o mesmo levou a pia batismal da Igreja de São Miguel diversos filhos desta terra nascidos a partir da década de 1980. Nesta imagem 1, entre outras pessoas, observamos em primeiro plano a Sra. Maria de Tereza, o Sr. Antônio Bernardo, o Pe. Gabriel e a Sra. Áurea Vieira.
A seguir, destacamos a capa do livro Histórias que eu conto aos 80, escrito em 2013:

Imagem 2- Capa do livro autobiografia de Padre Gabriel
Segundo a autobiografia do Padre Gabriel Hofstede, o mesmo nasceu em 09 de abril de 1933 em Schipluiden, na Holanda. Viveu as agruras da 2ª Guerra Mundial (1939-1945). Entrou para a vida religiosa em 1952 e em 04 de outubro de 1955 chegou ao Rio de Janeiro, vindo em um navio com mais de 1300 passageiros.
Estudou em Juiz de Fora e foi ordenado Padre em 1959 nesta cidade mineira.
Após uma volta para a Europa, em 1965 chegou ao Recife, onde passou a atuar na sua ação missionária.
Em 1983 foi indicado para iniciar um trabalho junto aos leigos no cariri paraibano, vindo a residir na cidade de Monteiro - PB. Daí passar a vir a Barra de São Miguel foi um instante apenas.
Assim, dentre as belas histórias contadas por Pe. Gabriel, o mesmo recorda com carinho a celebração da Semana Santa de 1985. Neste sentido, o mesmo escreve:

Imagem 2 - Página 137 do livro Histórias que eu conto aos 80 - Pe. Gabriel
Esta história segue na página seguinte:

Imagem 3 - Página 138 do livro Histórias que eu conto aos 80 - Pe. Gabriel

Pela narrativa da aventura que foi atravessar diversos riachos para esta celebração da Semana Santa de 1985, percebe-se como foi um momento que marcou o Padre Gabriel, sendo esta uma das 80 histórias que foram narradas no livro base que estamos a utilizar como fonte desta matéria.
Para finalizar, vejamos a imagem da Igreja de Barra de São Miguel que Padre Gabriel se refere em sua escrita:

Imagem 4 - Senhor Morto - Matriz de São Miguel de Barra de São Miguel - PB
Segundo José Raimundo (Zé de David), o mesmo foi o encarregado de adquirir a imagem do Senhor Morto, inclusive, é uma das poucas imagens da centenária igreja de Barra de São Miguel que é datada a sua aquisição, ou seja, em março de 1985, para que a comunidade celebrasse a partir de então a Semana Santa.

João Paulo França, 12 de julho de 2016.


Fonte:

HOFSTEDE, Padre Gabriel. Histórias que eu conto aos 80. Edição: GABRIEL, Padre Francisco de Assis. Garanhuns: 2013.
Informações de José Raimundo Ferreira (Zé de Davi)
Acervo da Matriz São Miguel de Barra de São Miguel - PB

"Fagulhas" da História do Botafogo de Barra de São Miguel - PB

Neste domingo nossas memórias se voltam mais uma vez para o futebol amador na cidade de Barra de São Miguel - PB. Muito da diversão em uma comunidade tão pequena passava pelos campos de terra batida onde a juventude e a população em geral se encontrava, geralmente aos domingos, para receber visitas de equipes de outros lugares, ou ver as disputas locais.

Neste cenário, recordamos hoje uma equipe que já não desfila pelos campos barrenses, o Botafogo, mas conhecido como o Botafogo de "Heleno de Pretinha".

Homem simples, agricultor, mas que cultivava a paixão pelo futebol, o Sr. Amaro José de Lima, ficou conhecido em Barra de São Miguel como "Heleno de Pretinha" (Pretinha, sua esposa, que por muitos anos foi a zeladora da Escola Melquíades Tejo). O mesmo nasceu em 02 de setembro de 1944 e faleceu em 09 de março de 2013. Com outros jovens barrenses, Heleno comandou a equipe do Botafogo, que ainda temos muito por conhecer sobre sua história.

A seguir, vejamos a única imagem que até o presente conseguimos deste esquadrão:

Imagem 1 - Botafogo de Barra de São Miguel - PB - Acervo de Rosinaldo (Nenenca)
Após dialogar com alguns barrenses, conseguimos as seguintes informações acerca desta fotografia:
Em pé, da esquerda para a direita temos: Zezé Quixabeira (Ex-vereador), (Desconhecido), Biu de Zeca Félix, Irineu Pessoa, Heleno Diniz, (Desconhecido), Manoel de Tetê. 
Agachados: Tonho de Gersom, Heleno de Pretinha, Chico de Zezinho Caruaru, Tião de Cazuza, Juscélio e Zé de Peteuza. 
Reconheceu mais alguém? Nos informe, será um prazer completar este quadro.

Quanto ao período que esta equipe existiu, não temos informações precisas, conjecturamos ser nas décadas de 1970 e 1980. O jovem Rosinaldo (Nenenca) nos informa que seu pai, o Sr. Heleno já comandava este time quando o mesmo nasceu, em 1976. Também nos informa que o seu pai chegou a formar três quadros da equipe, sendo o Botafogo o primeiro, o Grêmio o segundo e o Palmeiras, da "meninada", que Nenenca jogou, o terceiro quadro.

Outra pista que nós temos da existência do Botafogo vem do Sr. José Livaldo de Moura. Em história já contada neste site, na reportagem 1980 - A História do Náutico Futebol Clube de Barra de São Miguel (Parte 1).

Segundo o Sr. Livaldo, em 1981, o mesmo organizou o primeiro campeonato municipal e entre as equipes participantes estavam o Botafogo, de "Heleno de Pretinha", além das equipes do Logradouro, do Santa Cruz de "Peba", do Palmeiras do "Macaco" e o Náutico, que havia sido fundado no ano anterior pelo mesmo.

Dentre as equipes participantes, o esquadrão do Botafogo se destacou, em especial com o seu artilheiro, o jovem à época, Zé de Peteuza. Livaldo fala com saudosismo, ao lembrar a boa vontade de Heleno de Pretinha, ao lembrar do diálogo com um atleta da equipe: "Ô cumpadre, marque qualquer um que passar aí do seu lado!". Livaldo lembra também alguns atletas da equipe do Botafogo, como os Srs. Cláudio de Zé Pequeno, Zé de Mané, Irineu Pessoa, Inácio de Zé de Santo, Edmilsom de João Belé, Heleno Diniz e Zé de Peteuza.

A decisão deste campeonato de 1981 foi uma espécie de "melhor de 3", quando o Botafogo de Heleno de Pretinha enfrentou o Náutico de Livaldo.

O primeiro jogo foi empate e, necessitando pela questão da pontuação corrida, de vitória nas últimas partidas, Livaldo lembra que o Náutico conseguiu êxito de "virada", vencendo por 2x1 no último jogo que ocorreu em um sábado de manhã, no campo menor, próximo ao cemitério. O árbitro da partida foi Paulo de Otacílio (Paulo do Bar). 

Nesta partida decisiva o Botafogo saiu na frente, fazendo 1x0. Todavia, o rápido Manoel de Nilde empatou o jogo. O Botafogo teve mais uma vez o título em suas mãos com um pênallti a seu favor, mas seu principal atleta acabou colocando a bola por sobre a trave, próxima do cemitério.  Faltando menos de 05 minutos para o fim, o Sr. Livaldo lembra que houve uma falta na proximidade da área e o jovem "Kika" (Luciano de Biino) cobrou com seu "kichute" e converteu, dando o título ao Náutico.

Com o vice-campeonato de 1981 o Botafogo de certo modo também marcou a história do futebol amador de Barra de São Miguel-PB, e muito ainda temos por conhecer acerca de sua trajetória. Se tiver mais alguma imagem ou informação será um prazer compartilhar neste espaço.

João Paulo França, 10 de julho de 2016.



Fonte:

Acervo de Rosinaldo Claudenor (Nenenca)
Cemitério São Miguel, de Barra de São Miguel.
Informações de Antônio de Pádua de Lima (Tonho Garcia)
Informações de José Francisco da Silva (Zé de Paca)
Informações de José Livaldo de Moura.

Memórias de uma festa de São Miguel na década de 1920?

A cada pesquisa temos a alegria de encontrar um pouco do passado de Barra de São Miguel - PB. Com certeza muitas centelhas pretéritas podem vir a luz do presente a partir dos registros que foram deixados por nossos antepassados, seja por meio de imagens, seja por meio memórias ou mesmo de registros escritos, como o que encontramos publicado no jornal Diário de Pernambuco de 1950.

Antes de analisarmos a matéria mencionada, observemos uma imagem de um importante filho de Barra de São Miguel-PB:

Imagem 1 - Otavio Corrêa de Araújo - Acervo da ALEPE
Este é o Sr. Otavio Corrêa de Araújo, filho da conhecida família Corrêa de Araújo, radicada em Barra de São Miguel e que fez carreira política no Estado de Pernambuco. Foi Deputado Estadual e Presidente da Assembleia Legislativa pernambucana, no período de 1947 a 1950.

Por duas ocasiões, entre 1947-1948 (quando era Presidente da Assembleia Legislativa) e 1958-1959 (quando era vice-governador) ocupou o cargo de Governador do Estado de Pernambuco. Muitas outras informações estamos colhendo acerca deste barrense que ocupou importantes lugares políticos no vizinho estado pernambucano. Em breve esporemos aqui em nosso site.

Por hora, voltemos ao tema central de nossa publicação, qual seja as memórias de Luiz do Nascimento. Vejamos o Diário de Pernambuco de 27 de agosto de 1950.

Imagem 2 -Parte do Diário de Pernambuco de 27 de agosto de 1950


Trata-se de uma publicação do articulista Luiz do Nascimento que nos dá a pista to tempo que escreve, mas rememorando suas aventuras de cerca de trinta anos antes, por volta de 1922, quando residiu na cidade de Vertentes - PE e rodou por toda a região, como Taquaritinga, Surubim e Santa Cruz em Pernambuco, além de uma festa de São Miguel na Barra de São Miguel, onde foi recepcionado por pessoas nascidas no lugar, como Otavio Corrêa de Araújo, que a época da festa era estudante e quando a memória está ser publicada, o mesmo já era Deputado e Presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Vejamos um zoom na parte direita onde cita a Barra de São Miguel:

Imagem 3 - Ampliação na imagem 2
 Vejamos a transcrição da imagem 3:

Já vão longas estas memórias, mas ainda lhes conto, por alto, a visita que fizemos a São Miguel da Barra, vila do município paraibano de Cabaceiras, para assistir aos festejos em honra do respectivo orago. Lá estavam os Correia de Araújo, inclusive o atual presidente da nossa Assembléia Legislativa, nascido por aquelas bandas e então estudante. Poucas festas do interior atraíam tanta gente, que afluía de toda redondeza, de muitas léguas de distancia.
Pois bem. Foram os irmãos do meu amigo deputado quem me preveniu duma cilada armada contra mim, ficando ao meu lado para o que désse e viesse. Tudo isso porque Mariana se apaixonára subitamente por mim, e seu irmão, um fazendeiro de cara feia, não topou com minha cara. Mas os Correia de Araujo fizeram-se diplomatas e o fazendeiro, que tinha a estampa do sr. Alarico Serra ter (ilegível) me abraçando e convidou-me, finalmente, para visitar-lhe na fazenda.

Esta transcrição nos apresenta um pouco das vivências dos moradores da vila de Barra de São Miguel, que Luiz do Nascimento chama de "São Miguel da Barra". O mesmo, passados quase trinta anos de quando escreve, 1950, cita entre suas aventuras por Vertentes, Taquaritinga, Limoeiro, Surubim, enfim, diversos lugares por onde passou enquanto morou em Vertentes, os "festejos em honra ao respectivo orago", ou seja, festa em honra de São Miguel, na Barra. O mesmo crava: "Poucas festas do interior atraíam tanta gente, que afluía de toda redondeza, de muitas léguas de distancia".
Talvez a memória de Luiz do Nascimento ainda registre o fato pelo "aperto" que levou no lugar, graças a uma aventura amorosa, "Tudo isso porque Mariana se apaixonára subitamente por mim, e seu irmão, um fazendeiro de cara feia, não topou com minha cara". 
Apesar da diplomacia dos Correia de Araújo e do final feliz da história, afinal, o "sr. Alarico Serra ter (ilegível) me abraçando e convidou-me, finalmente, para visitar-lhe na fazenda", este tipo de narrativa de memória pode nos dar certas pistas de como "as vezes" forasteiros poderiam ser aceitos ou não em determinados eventos na vila de Barra de São Miguel - PB, na primeira metade do século XX. 

João Paulo França, 07 de julho de 2016.


Fonte:

Diário de Pernambuco de 27 de agosto de 1950.
http://www.alepe.pe.gov.br/museu/ . Acesso em 07 de julho de 2016.
http://www.pe.gov.br/governo/galeria-de-governadores/otavio-correa-de-araujo/ . Acesso em 07 de julho de 2016.

1971 - Livro "Castelo de Ilusões - prosa e verso" de Luiz Gonzaga Castelliano

Hoje, trazemos trechos de um belo livro publicado em 1971 pelo barrense Luiz Gonzaga Castelliano, filho de Cândido Castelliano, abastado comerciante local que saiu desta terra após 1907 com o ataque do cangaceiro Antônio Silvino à Vila de Barra de São Miguel-PB.

Atualmente o livro Castelo de Ilusões - prosa e verso é uma obra fora de edição e para nossa surpresa, ao adquirirmos um exemplar via internet, fomos agraciados com a escrita original do Dr. Luiz Castelliano. Observemos a capa inicial deste livro:

Imagem 1 - Capa e folha de rosto do Livro Castelo de Ilusões - Prosa e Verso
Esta é a Capa e a folha de rosto com dedicatória a próprio punho do autor Luiz Gonzaga Castelliano, assinada em 1971. Esta é uma grande obra de 256 páginas, com versos e prosa que tratam de diversas temáticas, inclusive com histórico de Barra de São Miguel.
Na folha de rosto vê-se a dedicatória:

Ao distinto e prezado colega Samuel Kanitz um saudoso abraço de Luiz G. Castelliano. Rio, 1 - 11 - 71. Tel 2241648

Além de toda esta dedicatória, temos a pista que o autor residia no ano de 1971 em Santa Tereza.
A seguir uma imagem rara, que o livro traz:

Imagem 2 - Obra e Imagem de Luiz G. Castelliano
Do lado esquerdo da página está a citação das outras obras de Luiz G. Castelliano, com destaque para seus artigos publicados no Jornal "A Voz do Sertão", na cidade de Patos - PB, além de sua "Tese de Doutoramento em Medicina", além da citação da "Academia de Letras de Uruguaiana", no Rio Grande do Sul. Percebe-se assim uma longa produção literária e científica que cortou o país, da Paraíba ao Rio Grande do Sul.
Na folha à direita temos a fotografia do Sr. Luiz Gonzaga Castelliano e sua ligação em relação a nossa cidade. Na legenda se lê;

LUIZ GONZAGA CASTELLIANO nascido em Barra de São Miguel - Paraíba do Norte

Hoje, a cidade de Barra de São Miguel lembra a memória deste seu filho das letras, por indicação do Vereador José Raimundo, com a indicação de seu nome em uma rua no Bairro do Alto da Vista, que passa na lateral do Supermercado Opção, e com o seu nome na Biblioteca Municipal, que atualmente está localizada no CEMEC - Centro Municipal de Educação e Cultura.
Na obra Castelo de Ilusões - prosa e verso Luiz G. Castelliano nos deixa algumas contribuições para o conhecimento do passado de Barra de São Miguel. Observemos:

Imagem 3 - Página 248 do livro Castelo de Ilusões - prosa e verso
Aqui está transcrito o Diário Oficial do Estado da Paraíba de 1º de abril de 1962, onde é apresentada a divisão territorial do recém-criado Município de Barra de São Miguel - PB.

A pesquisa histórica empreendida por Luiz Castelliano é muito importante sobre Barra de São Miguel, como podemos perceber em mais uma parte do livro Castelo de Ilusões- prosa e verso.

Imagem 4 - Parte da Página 249 do Livro Castelo de Ilusões - prosa e verso
Nesta passagem o autor não deixa de apresentar sua preferência e luta junto a Assembleia Legislativa para que a vila deixasse a denominação de Potira e voltasse ao antigo Topônimo (nome) de Barra de São Miguel.

Disporemos para os amigos leitores, em breve, novas informações a partir das pesquisas de Luiz Gonzaga Castelliano sobre Barra de São Miguel - PB.

João Paulo França, 05 de julho de 2016.


Fonte:

CASTELLIANO, Luiz Gonzaga. Castelo de Ilusões - prosa e verso. Rio de Janeiro: Gráfica do Exército, 1971.

O Esporte Clube São Miguel de Barra de São Miguel - PB (Fim dos anos 1950 e início dos anos 1960?)

A geração atual dos barrenses conhece bem os tradicionais times de futebol amador da cidade que chegaram aos nossos dias, a exemplo do Bangu, Náutico, Corinthians, São Paulo, etc. Todavia, antes destas equipes se consolidarem nos últimos 50 anos, outros esquadrões desfilaram pelos campos de terra batida da cidade e das redondezas.

Já identificamos neste site a informação da Sra. Ermira de Fátima que trata do Haiti (ou Aiti?) Clube, que existiu na primeira metade do século XX. Também o Potira Esporte Clube que em 1949 apareceu no Diário de Pernambuco em jogo contra a equipe de Santa Maria do Cambucá - PE.

Após conversa com o Sr. Luís de Biino e a Sra. Ermira de Fátima, hoje trataremos do time da imagem a seguir, uma verdadeira relíquia barrense:

Imagem 1 - O Esporte Clube São Miguel
Em pé, da esquerda para a direita: Biu Toco, Miguel de Manoel Grosso (Goleiro), Luiz de Biino, Zé Toquinho, Zé Rampa, Lula de Ramiro. Agachados: Iramar de Dona Liinha, Pedro Pinto, Raimundo de Biino, Danda de João Teal, Zé Chico Hóstio.

Segundo o Sr. Luís de Biino, que é o 3º em pé da esquerda para a direita, este time seria conhecido como o Esporte Clube São Miguel, pelo fato do uniforme ser "preto e vermelho", nas cores do Sport Club do Recife, que adaptando para a cidade ficaria conhecido como o Esporte Clube São Miguel. O mesmo recorda que era um uniforme de boa qualidade, que teria sido deixado por outro amante do esporte local, o Sr. Cacildo Guedes, que viria a ser prefeito da cidade entre 1972 e 1976 e na juventude era um bom jogador e teria adquirido tal uniforme para o time e, após deixar de estar a frente do futebol local teria deixado para outros jovens, no caso, os que aparecem na foto.

Nascido em 06 de setembro de 1944, o Sr. Luís de Biino recorda das partidas disputadas no campo que existia na altura do Posto de Saúde, na Rua Thomaz de Aquino. Lembra que era um jovem e muitas vezes não tinha lugar no time, que era conduzido por atletas mais experientes, como vemos na fotografia, a exemplo do Sr. Zé Toquinho, Biu Toco e Zé Rampa.

Luís de Biino lembra que na época anterior a ele existia o time do Sr. Cacildo Guedes, que era o melhor atleta e tinha outros jogadores como Zé Miguel, Zé Chico, Zé Rampa, Jonas, Apolônio e um irmão, chamado Heleno (Apolônio era o pai de Dedé de Apolônio). Lembra que os times que vinham jogar na Barra eram levados para onde hoje é Sede da Banda de música e o Sr. Cacildo Guedes fazia discursos com grande empolgação e as pessoas acompanhavam, sendo dias de grande entusiasmo da população, que em grande número ia para campo de futebol ver as partidas.

Sobre as histórias seguintes do Sr. Luís de Biino e de outros cidadãos locais sobre nossos times de futebol, a exemplo da origem do Bangu, em outro momento trataremos.

João Paulo França, 03 de julho de 2016.

Fonte:

Acervo e informações da Sra. Mira de Biino
Informações do Sr. Luís de Biino

1987 - Frei Damião de Bozzano em Barra de São Miguel - PB (Parte 2)

Nesta data temos uma dupla alegria: continuar a acompanhar a visita de Frei Damião de Bozzano a Barra de São Miguel em 1987 e ao mesmo tempo relembrar ou conhecer a arquitetura da cidade pelas diferentes ruas por onde passou a grande procissão com os romeiros e o frade capuchinho.
Iniciemos:

Imagem 1 - Frei Damião e a procissão no início da Rua Thomaz de Aquino
Grande multidão está a acompanhar a procissão liderada por Frei Damião. Neste instante da imagem estão a passar em frente da Prefeitura Municipal de Barra de São Miguel, no início da Rua Thomaz de Aquino. Mais uma faixa recepciona o frade. Na mesma se lê:  

Os são miguelenses saúdam Frei Damião.
Nos chama a atenção, na parte esquerda, as grandes algarobas que existiam na Praça Ismael Mahon. No horizonte à esquerda é visível também uma espécie casa amarela, que não existe mais na paisagem atual desta parte da cidade.

Imagem 2 - A procissão na Rua Augusto Corrêa
Na sequência das fotografias que dispomos, a procissão deixa a Rua Thomaz de Aquino e entra a esquerda, passando a caminhar pela Rua Augusto Corrêa de Araújo. Mais uma vez é visível o grande número de pessoas a cercar o veículo onde se encontra Frei Damião.

Imagem 3 - A procissão está a descer a Avenida Cândido Casteliano
Nesta imagem 03 vemos a procissão já na Avenida Cândido Casteliano, próximo onde hoje é o Supermercado Santo Expedito. Há duas grandes lacunas na imagem, onde seriam posteriormente as residências do ex-prefeito, Sr. Pedro Pinto (a direita) e do Sr. Valter e Aparecida Costa (a esquerda).

Imagem 4 - Início da subida da Avenida Cândido Casteliano
Esta fotografia número 04 foi realizada a poucos metros da imagem anterior e enquadra praticamente a mesma paisagem da Avenida Cândido Casteliano. Destacamos mais uma vez o grande número de fiéis no evento religioso. Lembre-se que são imagens de quase 30 anos atrás, quando a população local era bem menor que a atual.

Imagem 5 - Ainda Avenida Cândido Casteliano
Esta imagem número 05 ainda foi realizada na Avenida Cândido Casteliano, já na parte de cima e está mais aproximada, o que nos permite ver claramente vários moradores locais, a exemplo do prefeito da cidade à época, o Sr. José Lupércio, conhecido por Araújo (no lado esquerdo da imagem, de camisa branca com quadros). Com o uniforme do Flamengo a direita destacamos o Sr. Sebastião Bezerra. Muitos outros personagens locais podem ser identificados nestas imagens... fique a vontade para nos informar...

Imagem 6 - Rua Francisco Pinto
Aqui, temos uma verdadeira relíquia histórica. A procissão sai da Avenida Cândido Casteliano e vira à esquerda, tomando toda a Rua Francisco Pinto, que à época ainda estava por ser calçada. Destaque-se na parte esquerda a antiga fachada do Clube do Bangu, hoje modificada.

Imagem 7 - Rua São Miguel
Saindo da Rua Francisco Pinto, a procissão ruma à esquerda pela Rua São Miguel, neste enquadramento já próximo a Igreja de São Miguel Arcanjo, chegando pelo seu lado direito. Mais uma vez é possível identificar uma série de moradores, a exemplo da Sra. Chiquinha Justino (a esquerda, de blusa branca e saia marrom claro)¹. Quem seria a Sra. com suas duas crianças a pousar na imagem à direita?

Por hora, paramos aqui nesta incrível viagem no tempo pelas ruas de Barra de São Miguel, seguindo nos passos da procissão da Missão de Frei Damião. Em breve, publicamos a terceira parte deste belo acervo do amigo colaborador, o jovem Bartô Pinto.

João Paulo França, 01 de julho de 2016.

1 - Informação da Sra. Ermira de Fátima e do Sr. Cleminton Truta, atualizado em 10 de julho de 2016.

Leia também:




Fonte:

Acervo de Bartô Pinto

Procissão em Barra de São Miguel na década de 1940?

A beleza da pesquisa histórica está nos desafios que os poucos fios e rastros que temos no presente podemos sair "entrelaçando" para irmos construindo as teias do passado. Com esta perspectiva, tivemos acesso a esta bela fotografia não datada que mostra uma procissão pela vila da Barra de São Miguel - PB. Observemos:

Imagem 1 - Acervo de José Clemilton
Com certeza esta é uma das mais belas imagens panorâmicas que já tivemos acesso em nossa pesquisa. Todavia, se não está datada, de quando a mesma seria?
Na própria imagem temos algumas pistas materiais, como veremos a seguir. Por hora, vamos observar o zoom que fizemos em três direções distintas na mesma imagem:

Imagem 2 - Foco no centro da Imagem 1, destacando a Igreja e o Cemitério.
Neste primeiro zoom que fizemos, procuramos observar algumas características que muitos barrenses desconhecem de nossa arquitetura: na fotografia, ao lado direito da Igreja centenária de São Miguel Arcanjo já tivemos um cemitério, que foi totalmente demolido, em ano incerto ainda nas nossas pesquisas. 
A frente da Igreja é possível ver um cruzeiro que também foi demolido, provavelmente é o mesmo que se encontra hoje ao lado direito da igreja. Continuamos a investigar. A seguir, mais um zoom na imagem 1:

Imagem 3 - Foco na parte esquerda da Imagem 1, voltado para, a hoje, Rua São Miguel
Neste zoom da imagem 3 temos uma espécie de palhoça, construída com palhas e madeira. Nas memórias dos moradores antigos já escutamos relatos da palhoça construída pelos "pedrosa", onde hoje seria o coreto da Praça Ismael Mahon. Seria a mesma palhoça da imagem?
E o amigo leitor, identifica alguém da fotografia?
Por fim, mais um zoom na imagem 1:

Imagem 4 - Foco na parte inferior da Imagem 1
Aqui, recorremos aos amigos e familiares para conjecturar um período provável desta fotografia. Inicialmente, o Sr. José Raimundo (Zé de David), com certa precaução informa que a primeira senhora a esquerda, de mantilha preta na cabeça, lembra a Sra. Alexandrina Cabugé, ascendente da Sr. Severina Cabugé. Na sequência, a quarta senhora, com vestido branco com estampas, lembra bastante a Sra. Livínia, que foi moradora do Sítio Pinhões. Por fim, a terceira pessoa, uma jovem de vestido branco e cabeça baixa na imagem, seria a Sra. Clarisse, mãe da Sra. Conceição de Preá.
De posse destas pistas, procuramos a Sra. Conceição, que também reconheceu sua mãe na imagem e nos mostrou a seguinte fotografia da mesma, já próxima ao seu falecimento:

Imagem 5 - Clarisse Silva (1925 - 1962)
Esta é a Sra. Clarisse Silva, mãe de "São de Preá" e irmã da Sra. Joanita da Silva, professora e mulher religiosa que em breve trataremos neste site.
Segundo a Sra. Conceição, a sua mãe nasceu em  18 de agosto de 1925 e faleceu, muito jovem, em 02 de maio de 1962, portanto com apenas 36 anos de idade.

Portanto, partindo do ponto que a jovem de vestido branco e cabeça baixa na imagem realmente guarda grande semelhança com a Sra. Clarisse Silva e, esta teria nascido em 1925, conjecturamos que nesta fotografia a mesma não teria ainda 20 anos de idade, o que nos leva a ter a possibilidade desta fotografia está em algum ano próximo a 1945, para mais ou menos, ou seja, esta seria uma bela paisagem de Barra de São Miguel ainda da longínqua década de 1940.
Tem outras pistas, ou outras informações ou complementações as nossas conjecturas? Divida conosco. Será um prazer conhecer um pouco mais do passado da Barra de São Miguel - PB.


João Paulo França, 29 de junho de 2016.


Fonte:

Acervo de José Clemilton Truta
Acervo e informações de Conceição (São de Preá)
Informações de José Raimundo Ferreira (Zé de David)