1961 - A luta pela emancipação política de Barra de São Miguel - PB (Parte 4)

Após trazermos três matérias sobre as ações e lutas que levaram a emancipação política do município de Barra de São Miguel em 14 de dezembro de 1961, nesta data, rememoramos a concretização deste sonho: a instalação do município no dia 08 de abril de 1962, ou seja, o momento efetivo em que a localidade passava a guiar seus destinos de maneira autônoma. Vejamos a ata deste dia:

Página 1
Segue a transcrição do documento:

Ata da instalação do Município de Barra de São Miguel



Aos 8 dias do mês de abril do ano de 1962, na cidade de Barra de São Miguel, no edifício onde funcionará a Prefeitura Municipal, pelas 11 horas, presentes: o Exmº Sr. Governador do Estado Dr. Pedro Moreno Gondim; os Exmºs Srs. Deputados José Braz do Rêgo e Antonio Vital do Rêgo, Economista Aluísio Afonso Campos, Srs Ernesto Heráclito do Rêgo, Abílio Ferreira Pedrosa, Ismael Samarcos Mahon e demais pessoas teve início o ato solene de instalação deste Município. Primeiramente usou da palavra o Deputado José Braz do Rêgo que em nome do prefeito Ramiro Maia agradeceu a presença de todos e consultou – digo convidou os munícipes a cooperarem para o progresso da nova comuna. Em seguida, falou o Dr. Aluísio Campos congratulando-se com os habitantes de Barra de S. Miguel pela sua emancipação. Com a palavra o Deputado Vital do Rêgo fez um retrospecto da batalha pela criação do Município. Encerrando falou o Governador Pedro Gondim que ofereceu sua cooperação. Foi lavrada a presente ata que vai assinada por todos os presentes.
 (...)

Seguem as assinaturas que podem ser melhor observadas pelos prezados leitores:

Página 1 - segunda parte
Vejamos a seguir o prosseguimento das assinaturas dos presentes:

Página 2
São estas as páginas principais que concretizaram os anseios e lutas de muitos anos dos moradores de Barra de São Miguel que procuraram lutar pela emancipação política local.

João Paulo França, 14 de julho de 2020.

Fonte:
Acervo da Câmara Municipal de Barra de São Miguel - PB.

Veja também:

 1961 - A luta pela emancipação política de Barra de São Miguel - PB (Parte 3)

"Flibarra em Casa" mantém a tradição de evento cultural em Barra de São Miguel-PB

"Flibarra em Casa": eis o mote para uma conversa ao vivo online (que nesses dias se popularizou chamar de "live") levada ao ar no Canal da Flibarra no Youtube. Foi a forma que a Secretaria de Educação de Barra de São Miguel, através da secretária Áurea Canejo, encontrou para não deixar vácuo em uma tradição que está se consolidando na cidade: o Flibarra - Festival Literário de Barra de São Miguel, criado em 2014.

Imagem 01 - Aurinha Canejo
Intercalando informações, participações inéditas e momentos gravados de anos anteriores, o "Flibarra em Casa" foi acompanhado por centenas de espectadores, que puderam interagir nas redes sociais e encaminhar suas percepções do que estava acontecendo ao vivo. Diversas memórias afetivas foram acionadas e o sentimento de que a cultura deve continuar firme em tempos tão estranhos perdurou.
A seguir, vejamos algumas participações especiais. Iniciemos pela mensagem da poetisa e cordelista Juliana Soares, que pode ser acessada neste link AQUI.

Imagem 02 - Juliana Soares
Homenageados de anos anteriores, como o escritor Lau Siqueira também enviaram sua mensagem de incentivo ao festival, bem como de saudação e apoio à população local. A mensagem de Lau Siqueira pode ser acessada AQUI.

Imagem 03 - Lau Siqueira
A poetisa Ane Caroline de Campina Grande também enviou sua mensagem que pode ser acessada neste link AQUI.

Imagem 04 - Ane Caroline
Um frequentador assíduo dos últimos anos do FLIBARRA, o cordelista Thiago Monteiro, da FLIPOCINHOS, também se fez presente e sua mensagem pode ser vista AQUI.

Imagem 05 - Tiago Monteiro
Como já mencionado, o Flibarra em Casa também contou com imagens do evento de anos anteriores. Diversos momentos selecionados que procuraram relembrar a força do festival e a forma como a população de Barra de São Miguel o acolhe. Também se destacou o empenho das numerosas equipes da Secretaria de Educação, escolas e demais secretarias que se dedicam ao planejamento e execução do Flibarra ao longo de três dias no mês de maio. Para sintetizar este momento, destacamos a imagem seguinte:

Imagem 06 - Flibarra 2019
Como a pandemia do Covid-19 (que neste ano de 2020 tem assolado o cotidiano de todo o mundo) tem impedido as pessoas de se encontrar pessoalmente, a forma que se tem recorrido é através dos meios eletrônicos. Registre-se que uma das marcas do Flibarra, desde sua origem, é justamente as transmissões online, o que acabou por criar um rico acervo das edições passadas do Festival e que foram usadas nesta edição especial.
Outro marco desta "Flibarra em Casa" foi o lançamento da Série "Talentos de Barra de São Miguel-PB"  (Veja matéria AQUI). Professores, estudantes e o público acompanharam um bate-papo com os organizadores e autores de 05 Volumes da série que se juntam ao acervo cultural de Barra de São Miguel.

Imagem 07
O encerramento da "Flibarra em Casa" foi no melhor estilo, com Saulo Alves e Ana Clara, que realizaram grande show com muito forró, que até esta data já tem mais de 1.500 visualizações no Facebook.
Por fim, registre-se o apoio da Prefeitura Municipal de Barra de São Miguel e o empenho e desenvoltura da Secretária de Educação, Áurea Canejo em conduzir o "Flibarra em Casa". Foram mais de 04 horas de evento, em que a cultura, história e memória de Barra de São Miguel brilharam. Com alegria colaboramos com esta empreitada, divulgando mais um pouco as ações deste Portal de Memórias, bem como da Biblioteca Virtual. Que venha o próximo ano do FLIBARRA, desta feita, na rua, com o calor humano tão decantado desta população caririzeira.

Veja o FLIBARRA EM CASA completo neste link AQUI.

 João Paulo França, 01 de julho de 2020


São João e o Distrito Riacho Fundo de Barra de São Miguel-PB

Nesta data em que o Nordeste se transforma em um grande palco em homenagem a São João, voltamos nosso olhar para o município de Barra de São Miguel, Paraíba, e procuramos encontrar um pouco desta tradição em suas comunidades.
Entre os santos juninos, São João é o mais festejado e no município é o padroeiro do Distrito de Riacho Fundo, que fica às margens do Rio Paraíba, já na Bacia do Açude Epitácio Pessoa.
Para conhecer um pouco da história deste Distrito e da devoção à São João Batista, recorremos as fontes disponíveis até o momento. Vejamos a imagem do padroeiro de Riacho Fundo:

Imagem 1 - São João de Riacho Fundo.
Sem dúvidas, uma das personalidades que mais eram identificadas como conhecedora da história da Comunidade de Riacho Fundo era a professora Beta. Em 1999 a mesma escreveu um interessante relato, que o transcrevemos a seguir. Vejamos uma imagem da querida professora e seu texto:

Imagem 2 - Professora Beta
Eis o texto:
Fundação de Riacho Fundo - 1918

Sei muito pouco a esse respeito. Os dados que pude captar são um pouco evasivos. Sei apenas, que Riacho Fundo foi fundado no ano de 1918, pelo então saudoso “Eduardo de Sousa Rolim”, um homem íntegro, dotado de uma personalidade austera e muito forte, apesar de não ter instrução.

Fundou esse lugar construindo em primeiro plano: a casa que é hoje do seu filho Adauto Rolim. Só que antes, nessa casa funcionou um vapor, tipo fábrica, para descaroçar algodão. Essa invenção de vapor é muito arcaica, mas existiu. Era uma máquina manual, mas de grande utilidade, pois na época o trabalho era todo manual, a tecnologia só veio há pouco tempo atrás. Em seguida construiu essa habitação, a que hoje chamamos de “Casa Grande”, pois ela é a maior de todas, histórica, não por riquezas materiais e sim por sua “história”. Essa casa conta tudo que nos interessa. Aqui vieram os nossos antepassados. Nela foram abrigadas pessoas muito carentes, que vieram de vários lugares, até mesmo de Pernambuco, nosso estado vizinho. Após a “Casa Grande” foi construída outra casa, onde foi fundada a primeira casa de negócio, a qual naquela época chamávamos de Mercearia. A “Casa Grande” teve uma grande família, que hoje é ainda considerada a maior entre todas as famílias que existe. Ela é considerada a grande família. Família essa, que está espalhada por várias partes do nosso país, como por exemplo, Nordeste, Sudeste, como Rio, São Paulo, etc. Filhos, netos, bisnetos, tios, sobrinhos...

Riacho Fundo teve início como um sítio, depois tornou-se uma fazenda. Com o passar dos tempos (ou décadas) tornou-se um arraial, porque nele existia apenas uma família, “a Família Rolim”. Depois foram se misturando as famílias, daí foi criado o povoado, Vila e atualmente é considerado um Distrito ainda não oficializado pertencente ao município de Barra de São Miguel, a nossa cidade. Anteriormente, pertencíamos ao município de Cabaceiras, mas depois foi desmembrado e formado o município de Barra de São Miguel.

Na década de 40 foi fundada uma capela, que tem como patrono, a imagem de São João Batista, o nosso padroeiro. Essa imagem foi doada pelo nosso saudoso Padre Inácio Cavalcante de Albuquerque, que veio de São João do Cariri, a cidade mais antiga e mais histórica do cariri, aqui na Região Nordeste. A capela foi fundada no ano de 1947 e o seu primeiro [DOCUMENTO CORTADO] dade de Cabaceiras, para construir essa obra. Infelizmente ele não teve tempo de concluir, pois antes disso, ele viera a falecer de um ataque cardíaco. Fora dormir bem e ao acordar estava morto, falecera durante a noite.
Imagem 3 - Relato da Professora Beta

As pessoas que mais contribuíram para edificar essa obra foram, sem dúvidas: Nenem Rolim,  filha de Eduardo de Sousa Rolim que também já falecera e a nossa professora Cicelina Gomes de Lacerda, (Vulgo Cilé Gomes) que veio da cidade de Boa Vista, que na época pertencia a Campina Grande. Ela veio para aqui se sediar e aqui lecionar, no ano de 1937, onde permanecera durante 14 anos.

A capela foi construída também com a ajuda de todos os habitantes daqui e de outros setores circunvizinhos, também em 1947 foi fundado o Cemitério de São Vicente de Paula tendo como encarregado, o então saudoso Severino Pereira Maia, mais conhecido por Severino Paulino, onde se abrigam os mortos, não somente daqui, mas de lugares circunvizinhos. O primeiro morto a se sepultar aqui foi um senhor de um sítio aqui vizinho que se chamava João Rodrigues, mas que o chamavam de João Preto.

O fundador daqui falecera no dia 22 de junho de 1937, picado por uma cobra venenosa, a cascavel. Morrera prematuramente, nos deixando uma lacuna impreenchível.



Esses foram os únicos dados que pude colher.

Narradora: Bernadete Maria do Bonfim Azevedo (Beta)

Riacho Fundo, 18. 02. 99

Com muito carinho para o primo Belarmino Mariano C. do Bomfim

Sem dúvidas, esta é uma interessante fonte para o conhecimento da história da comunidade. Ressaltamos que transcrevemos o documento em sua integralidade, o que não o torna uma "verdade absoluta", apenas faz interessantes apontamentos para novas pesquisas. Entre as correções necessárias, destacamos que desde 1976, Riacho Fundo já era um Distrito, reconhecido inclusive através da Lei Estadual nº 3.892/76 (Veja Matéria neste Link AQUI). Vejamos a seguir algumas imagens de cenários e personagens apontados pela sra. Beta:

Imagem 4 - A "Casa Grande"
Imagem 5 - A Igreja de Riacho Fundo
Imagem 6 - Cemitério São Vicente
Imagem 7 - Professora Celecina
Além desta fonte oral, representada pelas palavras escritas da professora Beta, em 1985, o Padre Léo Dénis de Cabaceiras lançou a obra "Cabaceiras 1835-1985" e  na mesma consta a seguinte informação sobre a comunidade e a devoção católica à São João Batista:

Fundação da Capela de Riacho Fundo (Texto fornecido por Oseni Bonfim)


Eduardo Rolim e Ana da Conceição foram quem deram início à fundação de Riacho Fundo, mais ou menos no ano de 1918.

Morrendo este no ano de 1937, a capela foi iniciada sua construção no ano de 1943 pela comunidade tirando esmolas.

Foi dado o nome de Riacho Fundo por haver bem próximo um riacho muito fundo, por onde passava a estrada antiga. Os meios de transporte eram cavalo e caminhão.

Criava-se gado, jumento e cabra. Cultivava-se o milho, o feijão, o algodão, o jerimum e a batata, que eram transportados em burros para serem vendidos na cidade de Campina Grande por tropeiros.

Havia também na época um motor a vapor para descaroçar algodão, que pertencia ao senhor Eduardo Rolim. Ele negociava em tecidos, feijão, algodão, milho e gado.

Riacho Fundo fica às margens do Rio Paraíba que derrama suas águas no açude Epitácio Pessoa. Este açude teve sua primeira enchente no ano de 1957, mas só em 1961 é que veio favorecer os agricultores da região com a sua maior enchente, obtendo-se maiores lucros.

Em 1971 foi plantado o primeiro plantio de tomates, dando com isso mais oportunidades de emprego a muitos pais de família, que não tinham como ganhar o pão de seus filhos.

Já em nossos dias planta-se o pimentão, a cenoura, a beterraba, a cebola e outras verduras, que são entregues nas Ceasas de Campina Grande, João Pessoa e Recife. (DÉNIS, 1985,p. 52)

Não temos maiores informações acerca das fontes de Oseni Bonfim, porém, fica evidente que sua descrição se aproxima bastante das descrições prestadas pela professora Beta, na correspondência que a mesma guardava consigo que transcrevemos inicialmente. Cremos que uma fonte complementa a outra, obviamente com ambas necessitando de maiores detalhes e confirmações.
Por fim, entre os dados mais recentes, destacamos trecho da obra "O Antigo Termo de Cabaceiras", em que o Padre João Jorge Rietveld faz a seguinte anotação sobre a comunidade:

1949 – Capela de São João Batista de Riacho Fundo

A primeira vez que a capela de Riacho Fundo foi registrada num batismo no dia 03 de julho de 1949. Padre Léo resgatou uma parte de sua história. “Eduardo Rolim e Ana da Conceição foram quem deram início à fundação de Riacho Fundo, mais ou menos no ano de 1918. Morrendo este no ano de 1937, a capela foi iniciada sua construção no ano de 1943 pela comunidade tirando esmolas. Foi dado o nome de Riacho Fundo por haver bem próximo um riacho muito fundo, por onde passava a estrada antiga”. A capela foi dedicada a João Batista (RIETVELD, 2017, p. 299).

Desta fonte destacamos a informação acerca deste ano de 1949, em que a Igreja de Riacho Fundo já passa a figurar nos documentos oficiais da Matriz de Cabaceiras.
Certamente a história religiosa, cultural e econômica desta importante comunidade ainda está por ser escrita. Que novos desbravadores possam assumir esta tarefa é o nosso desejo. Por hora, saudemos Riacho Fundo, saudemos o São João e caminhemos sempre nesta busca pelo melhor conhecimento do patrimônio material e imaterial desta região.

João Paulo França, 23 de junho de 2020.

Fonte:

DÉNIS, Léo. Cabaceiras 1835-1985. Cabaceiras, s/e, 1985.
RIETVELD, João Jorge. O Antigo Termo de Cabaceiras". Queimadas: Cópias e papéis, 2017.
Imagem de rede social da Comunidade "Riacho Fundo" do Facebook
Imagem de rede social da Paróquia de São Miguel Arcanjo de Barra de São Miguel.
Imagem de rede social de Florêncio Bonfim Costa Leonardo.