1897 - Criação da "Mesa de Rendas" de Barra de São Miguel - PB


A posição geográfica de Barra de São Miguel foi um dos fatores importantes para a atenção dos governantes estaduais. Apesar de ser uma pequena vila na divisa dos estados da Paraíba e Pernambuco, a mesma era local de passagem de mercadorias do sertão pernambucano, do Pajeú para a capital, Recife e vice-versa. Neste sentido, nos jornais de época encontramos na última década do século XIX várias menções aos coletores de impostos na região. Desta forma, não é de se estranhar o aperfeiçoamento do sistema tributário, com a criação da “Mesa de Rendas”, uma espécie de Posto Fiscal da época. Esta ação se deu por meio do Decreto Estadual nº 87, de 12 de janeiro de 1897, como podemos ver na coluna à esquerda do jornal A União de 16 de janeiro de 1897.

Jornal a A União

 Destacamos as seguintes informações:
 
Decreto nº 87, de 12 de janeiro de 1897
Cria uma Mesa de Rendas na povoação da Barra de São Miguel da Comarca de S. João do Cariry.

O Bacharel Antônio Alfredo da Gama e Mello, Presidente do Estado da Parahyba, (...) Decreta:

Art. 1º. Fica creada uma Mesa de Rendas na povoação da Barra de São Miguel da comarca de São João do cariry, que compreenderá as estações de Natuba, Umbuseiro, Matta Virgem, Bodocongó e outros pontos que forem necessários.

Art. 2º (...)

§ 1º. O seu pessoal se comporá de um Administrador, um Escrivão e um Guarda, que serão empregados do Thesouro designados pelo Inspector.
(...)
Palácio do Governo do  Estado da Parahyba, em 12 de janeiro de 1897, 9º ano da proclamação da República.  
Antônio Alfredo da Gama e Mello.” (Jornal A União, 16 de janeiro de 1897, Ano V, nº 992, p. 1)
 


Por meio desta Mesa de Rendas, podemos ter ideia dos produtos que circulavam em maior quantidade no fim do século XIX e início do século XX em Barra de São Miguel.

Vejamos:

Tabela adaptada a partir do Almanak do Estado da Paraíba de 1899.

Como podemos observar, o algodão e o gado eram os principais produtos taxados na região, porém outros itens, como produtos de couros, açúcar, fumo, etc. também tinham participação na arrecadação local.


João Paulo França, 19 de fevereiro de 2018.


Fonte:
Jornal A União, 16 de janeiro de 1897, Ano V, nº 992, p. 1
Almanak do Estado da Parahyba de 1899, organizado por José Francisco de Moura. Parahyba do Norte: Imprensa Oficial, 1899. Adaptado de Tabelas distintas entre as páginas 128 e 129

 


1944 - Invasão à Vila de Barra de São Miguel - PB


Anos 1940... em um período onde muitas das contendas eram resolvidas na "bala", encontramos uma interessante passagem da história de Barra de São Miguel - PB. No Diário de Pernambuco de 08 de fevereiro de 1945 vemos o relato de uma invasão à Vila, ocorrida no ano de 1944, por parte do Coletor estadual de Taquaritinga do Norte-PE. Inicialmente, vejamos um aspecto possível do cenário desta trama.


Imagem 1 - Aspecto de Barra de São Miguel entre as décadas de 1940 e 1950
Como podemos observar, a tranquilidade da Vila, com suas poucas casas foi quebrado com os tiros disparados pelo coletor de Taquaritinga do Norte, José Alves Medeiros. Vejamos o recorte do Diário de Pernambuco com esta história:

Diário de Pernambuco - 08 de fevereiro de 1945
Vejamos a transcrição da notícia:

"Carta Precatória – O juiz de direito de Cabaceiras, na Paraíba, deprecou o juízo de direito da 3ª vara da Capital, afim de intimar José Alves de Medeiros, coletor estadual de Taquaritinga do Norte, residente à rua Direita nº 345, a comparecer no dia 28 de março próximo, ás 14 horas, na sala das audiências daquela cidade paraibana. Nessa ocasião deverá o mesmo ser interrogado e intimado a assistir o início de instrução criminal do processo instaurado contra a sua pessoa.

Na precatória em apreço consta uma cópia da denuncia apresentada pelo adjunto do promotor da comarca.

Disse o órgão da Justiça que o denunciado José Alves de Medeiros, na noite de 8 de agosto do ano passado, acompanhado de soldados do destacamento de Taquaritinga penetrou na vila de São Miguel, sob o pretexto de fiscalização da proibição de entrada de café procedente de Pernambuco, cometeu desordens, pondo a vila em intranquilidade, aos disparos de arma de fogo em plena rua.

Violentamente, depois das 24 horas, bateu á porta do posto fiscal e sendo a mesma aberta pelo agente fiscal, Lindolfo Oliveira Campos, o denunciado de revolver em punho tratou grosseiramente o aludido fiscal, submetendo-o a varias exigências.

Em consequência dos disparos de arma de fogo, a esposa do sr. Ramiro Pinto, pensando tratar-se de cangaceiros, assustada deu á luz antes do tempo.

O promotor depois de varias considerações, declarou que o denunciado praticara os seguintes crimes: disparo de arma de fogo, constrangimento ilegal do agente e aborto provocado".


Como podemos observar, sob o pretexto de fiscalizar a proibição da entrada do café procedente de Pernambuco, o coletor de Taquaritinga do Norte juntou um destacamento de soldados e invadiu, após às 24 horas do dia 08 de agosto de 1944, a Vila de Barra de São Miguel.  
Pelo relato, vemos que houve disparos de armas de fogo na rua e o ataque ao posto fiscal. Em virtude de tais acontecimentos, "a esposa do sr. Ramiro Pinto, pensando tratar-se de cangaceiros, assustada deu a luz antes do tempo". 
Com certeza estes acontecimentos foram discutidos na pequena vila, além de povoar o imaginário local por muito tempo. Interessante que ao dialogar com algumas pessoas idosas da comunidade, as mesmas contam com estes detalhes da matéria tal evento, porém, os atribuindo ao cangaceiro Antônio Silvino e seu bando. Todavia, é importante lembrar que o ataque à Vila e a Mesa de Rendas por parte do referido cangaceiro se deu na primeira década do século XX, o que tornaria impossível aos nascidos a partir de 1900 terem visto in loco tal história (nada impede dos mesmos conhecerem a história da invasão da vila por Antônio Silvino por intermédio das memórias contadas pelos pais e avós). Desta forma, cremos que este evento de 1944 estaria mais próximo de ter sido vivenciado pelos moradores locais nascidos no início do século XX, antes da década de 1930. Continuemos investigando.

João Paulo França, 14 de fevereiro de 2018
Fonte:

Diário de Pernambuco, 08 de fevereiro de 1945, Ano 120, nº 32, p. 5.

É carnaval em Barra de São Miguel-PB !!!


"Ó abre alas, que eu quero passar, eu sou da lira não posso negar" (Chiquinha Gonzaga - 1889) .... "Oh jardineira, por que estás tão triste... mas o que foi que te aconteceu? (Benedito Lacerda e Humberto Porto - 1939) ... "Bandeira branca, amor, não posso mais, pela saudade, que me invade eu peço paz" (Max Nunes e Laércio Alves - 1970) ... músicas de tempos e carnavais diferentes que dezenas de gerações entoam pelo Brasil, e que não é diferente em Barra de São Miguel - PB. 
Ao longo dos anos, no período carnavalesco, de diferentes formas os barrenses se encontram e se confraternizam. Vejamos uma bela imagem de um grupo local, pousados para a fotografia próximos à instrumentos musicais de orquestra:

Fotografia 1 - Grupo em imagem panorâmica
Para melhor visualizarmos os animados foliões, ampliamos a imagem em duas direções, iniciemos pelo lado esquerdo:

Ampliação do lado esquerdo da fotografia 1
Nesta imagem vemos inicialmente o Sr. Otacilio (primeiro homem sem camisa à esquerda), conhecido folião local. Ao lado do mesmo está a Sra. Zuleuza e o Sr. Pedrosinha, seu esposo. Por fim, vejamos os detalhes dos foliões do lado direito da fotografia 1:

Ampliação do lado direito da fotografia 1
Com certeza, diferentes personalidades locais estão presentes nesta bela imagem. Nos auxilie a identificá-las. Entre os foliões, vemos o Sr. Pedrinho Pedrosa e sua esposa.

Como nosso site sempre busca registrar as histórias locais e sua relação com os acontecimentos gerais, segue um breve resumo acerca da história do carnaval, escrita por  Anísio Renato de Andrade:

O Carnaval: sua origem e significado

A origem do Carnaval é um pouco obscura. Há quem afirme que a mesma esteja relacionada às homenagens à deusa Ísis no Egito, por volta do ano 4000 a.C. Porém, é mais concreta a ligação com as festas gregas ao deus Dionísio em 600 a.C. e às festas romanas ao deus Baco (deus do vinho), chamadas bacanais. Eram festas pagãs, incluindo orgias que se faziam em homenagem aos deuses como agradecimento pelas colheitas. Eram realizadas procissões que, com o tempo, se transformaram nos desfiles que conhecemos.


ORIGEM   

No ano 590 d.C., o papa Gregório incorporou o Carnaval ao calendário das festas cristãs. Sabendo que a Quaresma é um período de quarenta dias de jejum e santificação entre a quarta-feira de cinzas e a páscoa, o Carnaval foi oficializado como uma festa que se realiza antes da Quaresma. Devido ao fato de que, no período seguinte, o católico não poderia comer carne, tudo seria consumido nos dias antecedentes, mesmo porque não existiam geladeiras para que pudessem guardá-la. Então, era uma espécie de “despedida da carne”. Em latim, a festa era chamada “carne vale”, que significa “adeus à carne”.

As pessoas comiam carne até vomitar e bebiam até cair. Antes da santificação da Quaresma, as pessoas se entregavam também à liberação geral dos costumes, cometendo todo tipo de pecados, principalmente sexuais.

Na Quarta-Feira de Cinzas, os fiéis iam à igreja católica (e muitos ainda vão) para receberem um pouco de cinza na testa, enquanto ouviam o padre dizer em latim: “Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris”  (Lembra-te homem, que tu és pó e ao pó voltarás).



MODIFICAÇÕES E DIVERSIDADE – Influências italianas e francesas

Com o passar do tempo, o Carnaval foi modificado e incrementado por contribuições de vários países, principalmente da Itália e da França. Jogos, brincadeiras, músicas, danças, fantasias, uso de máscaras e carros alegóricos foram acrescentados à festa.  Na idade média surgiu o costume da inversão de papéis sociais durante o Carnaval. Os nobres se vestiam de pobres e os pobres se vestiam de ricos. Entre os pobres era eleito um rei, que seria morto ao final dos festejos. Assim surgiu o rei momo.  Entre as inversões do período, muitos homens se vestiam de mulheres.


O ESTRUDO

Em Portugal, a festa recebeu o nome de estrudo. Essa palavra vem da denominação de bonecos gigantes. Durante o estrudo, as pessoas com boa condição financeira jogavam água com perfume umas nas outras. Os mais pobres jogavam água suja, urina, água com fezes, ovos podres, laranjas podres, restos de comida, etc. Com o passar do tempo, tornou-se comum a ocorrência de violência sexual durante aqueles dias.


CARNAVAL NO BRASIL

Os portugueses trouxeram o Carnaval para o Brasil no século 16. Aqui, os festejos foram incrementados com o samba, o frevo, o maracatu e, recentemente, com o axé e o funk.  Embora não seja uma festa originalmente brasileira, o Brasil o abraçou e o adotou de tal forma, que hoje é conhecido como “o país do Carnaval”. A festa tornou-se uma das principais atrações turísticas da nação, movimentando uma indústria milionária todos os anos.

Sigamos brincando e construindo novas histórias de carnavais, sem perder nossas raízes culturais e históricas.
João Paulo França, 09 de fevereiro de 2018

Fonte:

Acervo e informações de José Clemilton Truta 
Site: lagoinha.com. "Carnaval: sua origem e significado". Disponível em: http://www.lagoinha.com/ibl-vida-crista/o-carnaval-sua-origem-e-significado/ . Acesso em 09 de fevereiro de 2018.
Site: toda materia.com. "Chiquinha Gonzaga". Disponível em: https://www.todamateria.com.br/chiquinha-gonzaga/. Acesso em 09 de fevereiro de 2018
Site: Glaydson Lammarck" A história de uma mulher e sua Bandeira branca ( Dalva de Oliveira)". Disponível em: http://glaydsonlammarck.blogspot.com.br/2011/05/historia-de-uma-mulher-e-sua-bandeira.html. Acesso em 09 de fevereiro de 2018.
Site: GGN. "A autoria de Jardineira. Disponível em: tps://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-autoria-de-a-jardineira. Acesso em 09 de fevereiro de 2018.

26 de janeiro: 111 anos do ataque de cangaceiros à Mesa de Rendas de Barra de São MIguel-PB!

Há 111 anos atrás, em 26 de janeiro de 1907, a Vila da Barra de São Miguel - PB, então sede do município de Cabaceiras era atacada pelo bando mais afamado da época: Antônio Silvino e seus cangaceiros.
Este ataque repercutiu não só a nível local, mas também em jornais de todo o Brasil. Nesta matéria, recuperamos a forma como o jornal carioca "O Malho" apresentou para seus leitores esta notícia.
Vejamos a charge da edição 0232 do dia 23 de fevereiro de 1907 do referido jornal:
Imagem 1 - Charge do Jornal "O Malho"
É importante contextualizamos que o jornal "O Malho", como o próprio nome dar pistas, era uma publicação com forte viés crítico em relação a atuação dos governantes da época, em especial, com relação a questão da segurança ( há muitas outras matérias que exigem ação mais efetiva do Estado contra o avanço dos cangaceiros) e a questão da cobrança excessiva de impostos. Com certeza, o episódio do ataque à Barra de São Miguel não passaria despercebido.
Vejamos a seguir a abordagem do jornal:

Imagem 2 - Jornal "O Malho" parte da página 12.
Como vemos, na parte superior há duas linhas com a informação, seguida da charge, e por fim, abaixo desta há um hipotético diálogo criado pelo jornal para "malhar" o vexame que as autoridades passaram além da crítica ácida a cobrança de impostos por parte do governo. Vejamos a transcrição:

O MALHO

NÃO É CARNAVAL, MAS É VERDADE

RECIFE, 15 - O cangaceiro Silvino e sua gente acaba de atacar a Mesa de Rendas da Barra de São Miguel, destruindo o archivo e deixando o pessoal inteiramente nú - ( Dos telegramas).

(Charge)

Os tres: -  Ó senhores! Ao menos uma calça! Ao menos uma camisa!
Os bandidos: Nem um fio! Para outra vez, se quizerem ficar vestidos... tenham muito arame no cofre...
O guarda mais velho: - Forte desgraça a minha!!... Mas que azar... que azar... Não é só a lavoura e o comercio que ficam sem camisa graças aos impostos: também a gente do fisco está sujeita a este Carnaval!... por outros processos...

A referida matéria de "O Malho" é muito importante para conhecermos este evento, pois, além da charge apresentada, temos um novo olhar a partir das informações do jornal.
Se você deseja conhecer outros detalhes deste episódio, confira no site a matéria 1907 - O ataque do cangaceiro Antônio Silvino a Barra de São Miguel - PB (acessar aqui).

João Paulo França, 26 de janeiro de 2018

Fonte:

Jornal "O Malho", edição 0232, p. 12, do dia 23 de fevereiro de 1907

"Naquela mesa tá faltando ele"... obrigado Sr. Orlando!

Nesta data, 22 de janeiro de 2018, acordamos com a triste notícia que silencia Barra de São Miguel: o falecimento do Sr. Orlando Silva, uma das pessoas mais carismáticas e respeitadas na cidade. Com seu violão no peito, dedilhou incontáveis canções nas serenatas locais...

Imagem 1 - Sr. Orlando Silva
Nascido em 03 de setembro de 1929, tendo portanto, 88 anos, o mesmo era filho do casal "Seu Nego" e "Dona Maria". Era irmão da Sra. Toinha Procópio. Também teve por irmãos a Sra. Joanita Silva (falecida) e Sr. Egídio (falecido).
Em entrevista no ano de 2017 para estudantes do Ensino Médio que organizaram um Sarau poético e musical, realizado em 30 de novembro, o Sr. Orlando afirmou que aprendeu a tocar violão sozinho, começando a fazer serenata desde os 15 anos. O mesmo fez parte de uma geração de jovens locais que tinham na serenata uma das suas diversões e encontros sociais: "As mesmas começavam às 23:00 horas, quando as luzes das ruas estavam apagadas. Tinham muitos pedidos de serenatas e muitas vezes também eram realizadas nos sítios", afirmou o Sr. Orlando. 
A seguir, vejamos uma das imagens do referido Sarau, onde além do Sr. Orlando ao violão, vemos os senhores Raimundo, Deca e Dim, além da Sra. Maria de Arcanja, companheiros inseparáveis dos momentos de descontração e festejos por meio de serenatas.

Imagem 2 - Sarau na Escola João Pinto no dia 30 de novembro de 2017 - Fonte: Rede Social de Aurinha Canejo
Casado com a Sra. Severina Costa dos Santos (Nina), o Sr. Orlando exerceu durante quase toda sua vida a função de sapateiro na cidade, sendo por isto também conhecido como "Orlando sapateiro".
Em diálogo conosco, o Sr. Miguel Belé afirma que Orlando também trabalhou fora de Barra de São Miguel, na construção do Açude Epitácio Pessoa (o açude de Boqueirão, que hoje abastece Campina Grande). "Ainda ontem (dia 21 de janeiro), sentado no banco de Amauri conversando comigo e Deca, escutei de Orlando o mesmo contando que lembrava daquele coreto da praça feito ainda de palha de coco. Disse que quem construiu o atual foi o velho Ismael, que fazia as coisas bem feitas".  
A seguir, mais um registro do Sr. Orlando em uma de suas incontáveis tocadas de violão na casa de amigos:

Imagem 3 - (Sr. Orlando e amigos -1993?) Fonte: Rede Social de Aristotel Costa
Em homenagem, transcrevemos esta bela composição "Naquela Mesa", de Nelson Gonçalves, um hino à saudade de um boêmio...

"Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída não doía assim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim

Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim"

Nossa homenagem à memória do Sr. Orlando Silva e nossos sentimentos a todos os familiares e amigos deste cidadão tão querido de Barra de São Miguel.

João Paulo França, 22 de janeiro de 2018.
 
Fonte:

Imagem disponível em Rede Social de Aristotel Costa.
Imagem e informações do Sarau poético e musical organizado pela professora Aurinha Canejo na Escola João Pinto da Silva, com estudantes do Ensino Médio da Escola Melquíades Tejo. 
Informações do Sr. Miguel Belé.
Site Letras. Disponível em: https://www.letras.mus.br/nelson-goncalves/47663/. Acesso em 22 de janeiro de 2017.

Dr. Sebastião Pedrosa: Fragmentos de sua trajetória no Diário da Borborema

Nesta data, nosso portal de memórias volta sua atenção para o Dr. Sebastião Pedrosa. Seu nome é lembrado em Barra de São Miguel no Posto de Saúde e em uma das ruas da cidade. Todavia, o mesmo também teve atuação destacada na cidade de Campina Grande e naquela urbe nomeia uma rua no bairro do José Pinheiro. Por hora, vejamos um registro deste barrense:

Dr. Sebastião Pedrosa
Há 30 anos, em 1988, o jornal Diário da Borborema trazia uma grande entrevista com a esposa do Dr. Sebastião Pedrosa, a Sra. Ísis Alves Pedrosa, que contava um pouco da vida deste médico barrense, radicado em Campina Grande. Vejamos a entrevista de 15 de maio de 1988:

Diário da Borborema - 15 maio de 1988
A seguir, vejamos a transcrição desta página:

"Se ainda estivesse fisicamente vivo, o nosso homenageado de hoje, o Dr. Sebastião Pedrosa, continuaria, certamente, com a mesma conduta que o fez uma pessoa por demais querida em Campina Grande. Foi ele um médico por vocação, prestando sua assistência a todos que o procuravam, sem distinção de classes sociais. Antes de ser um excelente médico era um grande homem. O progresso da humanidade tem revelado em todas as áreas, competentíssimos profissionais que atuam movidos por personalidade distorcidas pela própria engrenagem do mundo. 
No campo da saúde, tais deformações ressaltam-se de maneira mais chocante. A vida humana transformou-se numa mercadoria. Quando morreu em 1971, o dr. Sebastião Pedrosa deixou uma lacuna imensa na sociedade campinense, não apenas por ter sido uma pessoa de muitos amigos, um médico prestimoso e um chefe de família exemplar, mas, sobretudo, pela integralidade de seu caráter.
Ao procurar dona Ísis Alves Pedrosa, sua viúva, para um diálogo aberto à respeito do que representou em vida, simplesmente queríamos solidificar a impressão que já tínhamos em relação a sua figura. E não nos decepcionamos.
RD - Um dos grandes médicos que passaram por Campina Grande, deixando um legado de serviços prestados, foi sem sombra de dúvidas, o saudoso dr. Sebastião Pedrosa, nascido no dia 29 de maio de 1927, na Fazenda Pedras Altas em Barra de São Miguel, cidade do Estado da Paraíba. Para esta entrevista sobre a memória deste notável médico, convidamos a sua viúva dona Ísis Pedrosa, que vai falar do seu saudoso marido.
RD - Donas Ísis, gostaria que a senhora falasse um pouco sobre sua pessoa, antes de nós entrarmos na conversa falando do dr. Sebastião Pedrosa.
IP - Nasci aqui mesmo em Campina Grande, no dia 12 de julho de 1943. Meu nome completo é Ísis Alves Pedrosa. Minha infância foi por aqui mesmo, em Campina Grande. Quanto aos meus estudos, fiz minhas primeiras letras no colégio da Imaculada Conceição, Colégio das Damas, como é bem conhecido. Nesse colégio estudei até o curso científico, deixando de prosseguir com os estudos, devido ao meu casamento com Sebastião. Casei-me com 17 anos de idade. Daí o interrompimento dos estudos.
RD - Bem, vamos agora falar sobre o dr. Sebastião Pedrosa, médico que dedicou a maior parte de seus conhecimentos médicos, em nossa cidade. Como a senhora conheceu o dr. Sebastião?
IP - Conheci Sebastião aqui mesmo em Campina Grande. Nessa época, ele já estudava medicina no Recife, quer dizer, iniciou os estudos médicos no Recife, tendo concluído o curso na Bahia, na Faculdade de Medicina da Bahia. Então, nas suas vindas para cá em férias, fui apresentada a ele pelo seu colega, o dr. José Gaudêncio. Daí passamos a nos namorar, até que um dia chegou a hora do casamento. Passamos seis anos namorando, e nos casamos no ano de 1954, quando ele já clinicava por aqui, vindo recentemente da Bahia, onde se formara no ano de 1953.
RD - Como se chamavam os pais do dr. Sebastião Pedrosa?
IP - Joaquim e Francisca Pedrosa
RD - Vejamos agora. dona Ísis, os primeiros passos dados pelo dr. Sebastião Pedrosa.
IP - Bem, o aprendizado das primeiras letras de Sebastião, acredito que tenha sido em Barra de São Miguel, sua terra natal. Agora, os estudos mesmos, propriamente ditos, foram iniciados em Campina Grande, tendo concluído o curso Ginasial, no Colégio Pio XI, indo posteriormente para a cidade do Recife, Pernambuco, onde fez o Curso Científico, no colégio Nóbrega, preparando-se em seguida para o Vestibular, que era um pouco diferente dos vestibulares que se faz em hoje em dia, quer dizer, era um vestibular mais rigoroso, onde se exigia do aluno, grandes conhecimentos. Mas, Sebastião soube superar os obstáculos e conseguiu passar no Vestibular de Medicina, tendo se tornado um grande médico, cujos conhecimentos, nesta área, foi de muita valia para os enfermos não só de Campina Grande, como também de outras cidades vizinhas que aportavam aqui em busca de seus socorros.
RD - Donas Ísis, a senhora poderia assim nos dizer qual teria sido o grande professor da formação escolar do dr. Sebastião Pedrosa?
IP -Ele sempre falava para mim, que tinha sido o dr. João Calmon, grande professor da Faculdade de Medicina da Bahia, que, segundo Sebastião, foi seu grande mestre e incentivador. O dr. Calmon, deu uma grande contribuição para que Sebastião se tornasse um médico, como ele foi.

RD - Logo após a sua formatura, para onde foi o dr. Sebastião Pedrosa?
IP - Após concluir o curso médico em 1953, Sebastião foi interno do Hospital das Clínicas da Bahia, especializando-se em Cirurgia e Proctologia. Depois de passar um ano neste hospital, ele regressou à Campina Grande, indo exercer sua profissão no Hospital Pedro I, primeiro nosocômio campinense onde prestou seus serviços médicos. Foi ainda, graças a seus profundos conhecimentos clínicos e sua grande dedicação pelos doentes, que chegou a Chefe da Clínica do Hospital de Pronto Socorro e integrante do corpo médico do antigo SAMDU e do IPASE, tendo sido também médico oficial do Colégio Redentorista.

RD - Sem falarmos nos serviços prestados no campo da medicina pelo referido médico, que contribuição deu o dr. Sebastião a nossa cidade, do qual talvez ele se orgulhava? 
IP - O grande sonho de Sebastião, já bem perto de contrair a "maldita" doença que o vitimou, foi sem sombra de dúvida a clínica que ele fundou de Fisioterapia e Reabilitação, que ele mesmo dizia a todos que era o seu maior orgulho como profissional da medicina.

RD - Mesmo radicado em Campina Grande como sempre foi, o dr. Sebastião Pedrosa deu também sua contribuição a sua terra natal, Barra de São Miguel, não foi?
IP - Antes de morrer, mesmo com muito trabalho em Campina Grande, Sebastião exercia em Barra de São Miguel, a destacada função de presidente do setor local da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade.

RD - Dentre seus colegas de turma de curso médico, que terminaram com ele, existe algum em Campina Grande, exercendo as funções de Médico?
IP - Existe José Gaudêncio, Hermano Cruz, Zé Vilar, dentre outros que terminaram com ele, que acredito estejam em Campina Grande.

Como podemos observar, a entrevista tem outra página, porém, ainda não tivemos acesso ao seu conteúdo completo.

João Paulo França, 19 de janeiro de 2018

Fonte:

Diário da Borborema, Suplemento Tudo, de 15 de maio de 1988

1971 - A Conclusão da Primeira Turma da CNEC de Barra de São MIguel - PB.

O ano de 1971 foi emblemático para a educação de Barra de São Miguel: conclusão da primeira turma do Curso Ginasial da CNEC - Campanha Nacional de Escolas da Comunidade. Hoje, esta formação equivaleria ao Ensino Fundamental II. Nesta matéria veremos imagens da turma pioneira e também a repercussão da homenagem prestada ao médico Sebastião Pedrosa, falecido em 1971 e lembrado na Colação de Grau, ocorrida em 04 de dezembro daquele ano, noticiada no Jornal da Paraíba.
Inicialmente, vejamos um quadro marcante da turma:

Imagem 1 - Turma da CNEC, concluinte em 1971 - Fonte: Evandro Pinto
A seguir, vejamos como a formatura foi noticiada no dia 16 de dezembro de 1971 no Jornal da Paraíba:

Imagem 2 - Jornal da Paraíba

Médico Sebastião Pedrosa teve memória reverenciada em Barra

BARRA DE SÃO MIGUEL (Do correspondente) - Grandes festividades foram realizadas quando da colação de grau dos alunos concluintes do Ginásio Thomaz de Aquino, nesta cidade no último dia quatro do mês corrente.
A turma pioneira do Ginásio foi denominada de turma Dr. Sebastião Pedrosa, em homenagem àquele que um dos oradores conseguiu dizer que "foi quem acendeu o facho de uma nova era em sua terra natal e sabemos com quanto amor e com que desprendimento, ao lado do seu sobrinho, também incansável batalhador, o jovem Zulamar Pedrosa".
Na ocasião da colação de grau estiveram presentes o deputado José Braz do Rêgo, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado; o deputado Inácio Bento, patrono da turma; o sr. Hélio Pinto da Silva, paraninfo; sra. Isís Alves Pedrosa; sr. José Pinto da Silva, prefeito local, além de familiares do homenageado pela turma.
O extinto homenageado teve na palavra do padre Paulo Roberto o agradecimento em nome da família pela homenagem prestada, que incitou aos habitantes de Barra de São Miguel, "que unidos, embora com sacrifícios não deixem que aquela luz se apague, porque se isto acontecer a nova geração jamais os perdoará, Barra de São Miguel, representada pelo seu povo, o nosso mais sincero e eterno agradecimento".

Pelo número de autoridades presentes, tanto políticas, quanto religiosas, bem como pessoas da família do Dr. Sebastião Pedrosa, a exemplo da viúva, a sra. Ísis Alves Pedrosa, podemos perceber como esta cerimônia foi concorrida naquele mês de dezembro de 1971. Para finalizar, vejamos mais um registro desta turma:

Imagem 3 - Fotografia realizada no Clube Diversional Cariri - Fonte: Evandro Pinto
Você está presente nestas fotografias? Reconhece alguns dos formandos (as)? Se desejar, divida conosco este conhecimento.

João Paulo França, 16 de janeiro de 2017.

Fonte:

Imagens de Rede Social de Evandro Pinto
Acervo do Jornal da Paraíba do dia 16 de dezembro de 1971.

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