1961 - A luta pela emancipação política de Barra de São Miguel - PB (Parte 2)

Nesta série especial acerca da emancipação política barrense, voltamos mais uma vez ao ano de 1961 para observamos um documento histórico da Câmara de Vereadores de Cabaceiras: o pedido de afastamento do Sr. Ramiro Pereira Maia para assumir interinamente o cargo de primeiro prefeito de Barra de São Miguel - PB. Antes, vejamos como esta história se desenvolveu.

Vamos aos eventos:

1 - O município de Barra de São Miguel - PB foi criado por meio da  Lei Estadual nº 2.623, de 14 de dezembro de 1961,desmembrando-se do território de Cabaceiras - PB. 
2 - Em 25 de dezembro de 1961 o Sr. Ramiro Pereira Maia encaminhou à Câmara de Vereadores cabaceirense, à qual o mesmo era presidente, o pedido de afastamento para assumir a Prefeitura do novo município.
3 - A efetiva instalação do município de Barra de São Miguel ocorreu em 08 de abril de 1962, data a partir da qual o Sr. Ramiro Pereira Maia efetivamente tomou posse como primeiro prefeito barrense.
4 - Em 07 de outubro de 1962 aconteceu a primeira eleição para prefeito, vice-prefeito e vereadores. Em disputa memorável, o Sr. Ismael Samarco Mahon (UDN) obteve 634 votos ( 61,37%), contra o opositor, o Sr. Ernesto Heráclito do Rego, que somou 399 votos ( 38,63%);
5 - Em 22 de outubro de 1962 o Sr. Ismael Samarco Mahon assumiu a prefeitura, como segundo prefeito em nossa galeria, porém, sendo o primeiro eleito diretamente pelo voto popular.

Imagem 1 - Ramiro Pereira Maia
O Primeiro Prefeito: Ramiro Pereira Maia.

Nascido em 06 de outubro de 1918 e falecido em 28 de dezembro de 1970, o Sr. Ramiro Pereira Maia foi o primeiro prefeito de Barra de São Miguel, conduzido ao cargo de forma interina no processo de instalação do município.
O mesmo foi eleito vereador no pleito de 1959 ainda pelo grande município de Cabaceiras (que à época englobava também o atual município de Barra de São Miguel). Candidato pelo PTB, o Sr. Ramiro Pereira Maia foi o vereador mais votado, com 304 votos, 17,79% dos votos válidos, segundo o site do TRE-PB.
Com estrondosa votação, (o 2º colocado obteve 168 votos e o 7º e último eleito, 113), o Sr. Ramiro P. Maia foi conduzido à presidência da Câmara de Vereadores de Cabaceiras. Em 1961, o mesmo teve que tomar uma importante decisão: permanecer no cargo ou licenciar-se da cadeira de vereador em Cabaceiras, para assumir interinamente a prefeitura de Barra de São Miguel? O mesmo optou pela segunda hipótese, conforme podemos observar no documento histórico a seguir, que faz parte do acervo da Câmara Municipal cabaceirense:

Imagem 2 - Acervo da Câmara Municipal de Cabaceiras.
Deste documento é possível fazer a seguinte transcrição:

"Câmara Municipal de Cabaceiras, 25 de dezembro de 1961.

Srs. membros da Câmara Municipal de Cabaceiras

Solicito desta Câmara, uma licença por tempo indeterminado, para assumir o cargo de Prefeito do novo Município de Barra de São Miguel.

Saudações

Presidente da Câmara Municipal

Ramiro Pereira Maia

Ilmos. Srs.
Membros da Câmara Municipal de Cabaceiras."

Desta forma, o Sr. Ramiro Pereira Maia se tornava apto a assumir os destinos de Barra de São Miguel no período.
Por fim, a título informação, observamos que a memória do Sr. Ramiro Pereira Maia foi lembrada por meio da nomenclatura de uma das escolas primárias do Distrito de Riacho Fundo, que atualmente é a sede de um Telecentro municipal. Desta tradição política, a família do mesmo tem atualmente o sobrinho, o Sr. Fabio José Maia de Miranda, como vice-prefeito de Barra de São Miguel (2017-2020).

João Paulo França, 12 de dezembro de 2017

Fonte:

Acervo e informações da Sra. Edilene Maia. (Agradecemos a colaboração e pesquisa do amigo leitor José Charles Rolim)
Acervo da Câmara Municipal de Cabaceiras - PB.
Site do TRE-PB. Disponível em: http://www.tre-pb.jus.br/eleicoes/eleicoes-anteriores/resultados-de-eleicoes .  Acesso em 12 dez. 2017.

Leia Também:
1961 - A luta pela emancipação política de Barra de São Miguel - PB (Parte 1)  

08 de dezembro - A imagem e a devoção de Nossa Senhora da Conceição do alto da Serra de Barra de São Miguel - PB

"Festa muito boa aqui era a que o povo do Jaques, um povo rico que morava no Jaques que fazia. A segunda festa boa aqui, depois da Festa de São Miguel era Nossa Senhora da Conceição, 08 de dezembro... o povo de seu Isaías, o povo de... esse povo era tudo de uma família, dona Teca, que chamavam Teca do Jaques, era esse o povo...depois da Festa de São Miguel era a maior festa, a de Nossa Senhora da Conceição" (Antônia Procópio)

Pelas palavras da Sra. Antônia Procópio na abertura desta nossa matéria, vemos como a data de 08 de dezembro marcou a memória e a tradição religiosa de Barra de São Miguel - PB. Neste sentido, nosso portal faz este resgate histórico neste dia, afinal, nas palavras de nossa entrevistada, esta era a "segunda festa boa aqui, depois da Festa de São Miguel".
A seguir, vejamos uma imagem barrense de Nossa Senhora da Conceição:

Imagem 1 - Acervo da Igreja São Miguel
A referida imagem pertence ao acervo da Igreja de Barra de São Miguel. É importante mencionarmos que a mesma ficava no lado esquerdo do Cruzeiro da Serra, ao norte da cidade. Segundo o Sr. Clemilton Truta, esta aparência atual é um trabalho artístico do artesão Lúcio Moura (Lúcio de Zé de Santo) que fez a restauração após a mesma ser trazida do cruzeiro para a igreja. Desde então, a imagem não voltou mais para o ambiente original.
Vejamos a seguir o Cruzeiro onde a imagem de Nossa Senhora da Conceição ficava:

Imagem 2 - Acervo particular em 22 de abril de 2015
Nos falando sobre a construção deste monumento, a Sra. "Dorinha de Bibi" nos diz: "O Cruzeiro da Serra deste lado de cá que tem Nossa Senhora foi seu Isbelo que fez, um velho que tinha aqui, não sei de onde ele era". Investigando um pouco mais esta história, neste dia 08 de dezembro de 2017, em entrevista, a Senhora Josefa do Nascimento Costa (Zefinha Costa) nos apresenta o seguinte relato sobre a devoção à Nossa Senhora da Conceição e a construção do monumento para a mesma em Barra de São Miguel:

"Manoel Velho, que era irmão da minha mãe, que morava em Vertentes, ele vinha de lá, não sei em que, se era a cavalo, só sei que ele vinha com uma Nossa Senhora da Conceição neste dia 08 de dezembro e fazia uma procissão lá de Tonheira, que não era ainda de Tonheira, vinha descendo aquela ladeira em procissão...ele vinha de Vertentes, era uma imagenzinha pequena assim (aproximadamente 50 cm) e ia para a igreja, era uma festa medonha, era bem muita gente, o povo do lugar esperava com fogos lá onde hoje é de Tonheira e de lá fazia esta procissão... eu era criança, lembro como se fosse hoje, devia ter o quê? Devia ter uns 08 anos, sou nascida em 1944...
Sobre a construção eu só me lembro que eu era menina e seu Isbelo morava ali no beco, do lado da casa de Maria de Mário...eu me lembro que foi ele que levou esta Nossa Senhora da Conceição para a serra...eu ouvia falar que foi por causa de uma promessa, ele foi o organizador da construção... depois lembro que houve uma reforma, que Maria de Pedro tinha uma devoção e começou a ajeitar lá... Cazuza Belé era pedreiro e foi quem fez esta reforma, mas parece que o nincho ficou pequeno e não coube a imagem da santa... lembro que lá tinha uma caixinha para as pessoas colocarem contribuição, era outro tempo...
Depois, com a santa na serra, todo dia 08 de dezembro tinha procissão para lá... a gente mesmo fazia a novena... aqui na rua também se rezava a novena de Nossa Senhora da Conceição a noite. Não tinha padre aqui, Padre Paulo morava lá em Sumé, aí Maria de Tereza, Glorinha Pinto, Guida Hóstio, Joanita, Maria da Paz, eu, a gente puxava a novena... Tinha também a mãe de dona Joanita, minha madrinha Maria, ela zelava muito lá o cruzeiro, limpava, varria, era tão limpinho a parte do lado de Nossa Senhora da Conceição.
Eu varri muito lá mais Maria Tereza, madrinha Maria já velha acompanhava a gente...tirávamos as pedras do caminho da serra, que tinha uma subida pelo outro lado... ali era estrada antigamente, até o filho de Tila morreu lá, num dia de domingo, um caminhão com uma carrada de palma subiu e quando desceu deu um tombo e ele caiu, falecendo na hora...
Bem, a gente limpava lá do outro lado que era pra ficar mais fácil pra o povo subir...até um dia a gente fez uma promessa, eu e Maria, porque as mães da gente estavam doentes, aí a gente combinou que se a mãe da gente melhorasse a gente subiria no dia de Nossa Senhora da Conceição até o cruzeiro de joelhos... pagamos a promessa, sem nada nos joelhos, que nesse tempo nem calça cumprida a gente usava..." (Zefinha Costa)


Este belo relato nos diz muito acerca desta tradição religiosa barrense. O fato da Sra. Zefinha Costa não lembrar do "pessoal do Jaques" e sua relação com esta história, é algo que a princípio se explica pelo fato da mesma ser mais jovem que a Sra. Antônia Procópio. Esta, nascida em 1923 tem uma memória afetiva de décadas anteriores a Sra. Zefinha Costa, nascida em 1944, com recordações a partir da década de 1950. Todavia, como podemos perceber em ambos relatos, as histórias se complementam e nos mostram um pouco do passado religioso local. A seguir, mais um ângulo do Cruzeiro de Nossa Senhora da Conceição:

Imagem 3 - Acervo particular em 22 de abril de 2015
A partir desta imagem 3 podemos esclarecer melhor que estamos tratando deste cruzeiro do lado esquerdo, tendo em vista que o do lado direito é o conhecido "Cruzeiro de Frei Damião", com construção mais antiga. Voltando ao monumento de Nossa Senhora da Conceição, como é visível, após anos em que a imagem foi retirada do local, uma nova foi posta no lugar, todavia, esta era de Nossa Senhora das Graças.
Ainda temos que realizar mais pesquisas para compreendermos melhor a forma como o dia 08 de dezembro era comemorado em Barra de São Miguel e em que período esta seria uma festa local com tamanha importância, ficando, na opinião da Sra. Antônia Procópio, atrás apenas da tradicional Festa de São Miguel. Também, ainda precisamos conhecer melhor o "Sr. Isbelo" e a motivação para construir às suas custas este monumento.
Para finalizar, observemos a paisagem que é possível contemplar do alto do Cruzeiro de Nossa Senhora da Conceição:

Imagem 4 - Acervo particular em 22 de abril de 2015
Tem imagens antigas ou informações acerca deste lugar de Barra de São Miguel? Será um prazer compartilhar no nosso portal. Entre em contato conosco: joaopaulo_franca@yahoo.com.br.

Por hora, vejamos um pouco da história mundial da devoção em Nossa Senhora da Conceição:

"O dia da festa da Imaculada Conceição foi definido em 1476 pelo Papa Sisto IV. A existência da festa era um forte indício da crença da Igreja na Imaculada Conceição, mesmo antes da definição do dogma no século XIX.
No dia 8 de dezembro de 1854, dia da festa, o Papa Pio IX, com a Bula intitulada Deus Inefável (Ineffabilis Deus), definiu oficialmente o dogma da Santa e Imaculada Concepção de Maria.
Assim está escrito na bula (documento papal) intitulada Ineffabilis Deus que o Papa Pio X proclamou: Em honra da Trindade (...) declaramos a doutrina que afirma que a Virgem Maria, desde a sua concepção, pela graça de Deus todo poderoso, pelos merecimentos de Jesus Cristo, Salvador do homem, foi preservada imune da mancha do pecado original. Essa verdade foi-nos revelada por Deus e, portanto, deve ser solidamente crida pelos fiéis." (Site Santos e ícones católicos)


João Paulo França, 08 de dezembro de 2017.

Fonte:

Acervo pessoal
Acervo da Igreja São Miguel de Barra de São Miguel.
Informações de José Clemilton Truta
Informações da Sra. Josefa do Nascimento Costa (Zefinha Costa) em entrevista no dia 08 de dezembro de 2017.
Informações da Sra Antônia Procópio em entrevista no dia 12 de março de 2017 (nascida 13 de julho de 1923)
Informações da Sra. Dorinha de Bibi em entrevista no dia 31 de maio de 2016.
Site Santos e ícones católicos. Disponível em: http://cruzterrasanta.com.br/historias-de-santos.aspx?idsanto=9#c. Acesso em 07 de dezembro de 2017.

2010 - Coral São Miguel de Barra de São Miguel na TV Itararé

Nesta data, nosso site recupera matéria sobre o Coral São Miguel de Barra de São Miguel - PB, apresentada na TV Itararé e disponível no youtube no dia 05 de novembro de 2010. Vejamos uma das imagens da reportagem:


Esta é a Sra. Guida Hóstio e seu depoimento é um dos destaques da reportagem, além de diversos trechos do DVD "Ora pro Nobis", da produtora Quebra panela, sob a direção do barrense André da Costa Pinto.

Vejamos a seguir a reportagem completa, com 3:20 minutos:


Com certeza este é mais um importante registro histórico de nossa tradição de belas vozes locais.

João Paulo França, 04 de dezembro de 2017.

Fonte:

TV Itararé. https://www.youtube.com/watch?v=4a9y1yZzfCs . Acesso em 21 de novembro de 2017.

1961 - Lei Estadual da Paraíba nº 2.305. Qual a sua importância?

Nosso site em mais uma análise do passado de Barra de São Miguel - PB trás uma interessante passagem da História local. Trata-se da Lei Estadual da Paraíba nº 2.305, de 17 de junho de 1961. Todavia, qual a importância desta legislação? Vejamos uma bela imagem a seguir, que de certo modo trás a pista da resposta para a nossa pergunta:

Imagem 1 - Rede Social de Evandro Pinto
A princípio não temos a informação acerca da pessoa que está no canto esquerdo da fotografia 1. Vemos a fachada da Igreja barrense em um período longínquo onde ainda temos a árvore que alguns dos moradores locais lembram como o "pé de fixo". Parte da parede do cemitério local ainda é visivel no lado direito da igreja.
Esta recordação pessoal acaba por nos mostrar como o lugar era conhecido no período da fotografia. A legenda: "LEMBRANÇA DA FESTA DE SÃO MIGUEL EM POTIRA" é uma interessante fonte do passado de Barra de São Miguel. Vê-se que o nome "POTIRA" foi utilizado por algumas pessoas, apesar de muitos moradores locais não se identificarem com tal nomenclatura, que foi imposta, segundo Luiz Casteliano, pelo Decreto-Lei Estadual nº 520, de 12 de dezembro de 1943. 
A seguir, vejamos a cópia e a transcrição da referida Lei estadual nº 2.305, de 1961, que restituiu o nome de "BARRA DE SÃO MIGUEL" a esta localidade:



Lei nº 2.305, de 17 de Junho de 1961

Restaura a antiga denominação de Barra de São Miguel, atual distrito de Potira.

O Governador do Estado da Paraíba:

Faço saber que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - O atual distrito de Potira voltará a sua denominação anterior de Barra de S. MIguel.

Art. 2º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Palácio do Governo do Estado da Paraíba, em João Pessoa, 17 de Junho de 1961; 72º da Proclamação da República.

Pedro Moreno Gondim

Em matérias posteriores voltaremos a esta temática da nomenclatura de Barra de São Miguel.

João Paulo França, 30 de novembro de 2017.

Fonte:

CASTELLIANO, Luiz Gonzaga. Castelo de Ilusões - prosa e verso. Rio de Janeiro: Gráfica do Exército, 1971.
PARAÍBA. Assembleia Legislativa. Lei nº 2.305/1961. Disponível em: http://www.al.pb.leg.br/leis-estaduais 
Rede Social de Evandro Pinto.

Nossa Senhora da Paz - Coral de Barra de São Miguel - PB.

"Nossa Senhora da Paz": um dos mais belos hinos entoados pelas senhoras do Coral Católico de Barra de São Miguel, PB é nosso destaque desta matéria acerca da tradição religiosa local. Inicialmente vejamos os componentes que participaram deste registro:

Imagem do DVD - Coral de Barra de São Miguel: "Ora pro Nobis"
Vozes da esquerda para a direita:
Vera Lucia do Ó
Maria Edite do Nascimento (Maria de Tereza) (In memorian) 
Josefa do Nascimento Costa (Zefinha Costa) 
Marilene Dantas Diniz 
Edizia Pinto  
Maria da Conceição (Lica) 
Maria do Socorro Costa (Socorro de Osvaldo)
Maria Margarida do Socorro (Guida Hóstio)
Maria do Socorro Costa e Silva

Órgão: Alisson França do Nascimento
Direção: André da Costa Pinto

A seguir, apresentamos o vídeo que tem a duração de 3:44 minutos e foi gravado na Igreja de São Miguel Arcanjo pela produtora Quebra Panela. Clique na imagem para escutar esta bela obra prima musical:


Segundo a descrição no Youtube, este vídeo foi Publicado em 23 de abr de 2012 e é um “Trecho do DVD do “Coral de Barra de São Miguel: "Ora pro Nobis", produzido pela Quebra Panela”. Até esta data de 23 de novembro de 2017 já foi visualizado 8.855 vezes.

Se desejar, colabore conosco acerca das memórias de Barra de São Miguel. Nos envie fotos, vídeos ou demais fontes de conhecimento de nosso passado.
João Paulo França, 23 de novembro de 2017


Fonte:
Canal Pqpanela. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=o8Xrjgls_1o . Acesso em 21 de novembro de 2017.
 

1976 - Lei Estadual de Criação do Distrito de Riacho Fundo - Barra de São Miguel - PB.

Nesta data nosso site volta sua atenção para o aconchegante Distrito de Riacho Fundo de Barra de São Miguel - PB. Em pesquisa no site da Assembleia Legislativa da Paraíba, encontramos a Lei Estadual nº 3.892 de 29 de dezembro de 1976, assinada pelo Governador Ivan Bichara Sobreira, que "Cria no Município de Barra de São Miguel o distrito de "Riacho Fundo" e dá outras providências". Por hora, vejamos uma imagem de 2014 da rua central do lugar:

Rua Central de Riacho Fundo - Fonte: Rede Social
A seguir, observemos a cópia da referida Lei Estadual 3.892/1976 que cria o distrito de Riacho Fundo:

Acervo da Assembleia Legislativa da Paraíba.
Segue a transcrição:

Lei nº 3.892, de 29 de dezembro de 1976.

Cria no Município de Barra de São Miguel o distrito de "Riacho Fundo" e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA PARAÍBA:
faço saber que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Fica criado o distrito de "Riacho Fundo", no município de "Barra de São Miguel", com sede na atual povoação do mesmo nome, elevada à categoria de distrito.

Art. 2º - O distrito de "Riacho Fundo" constituído pelo território do povoado do mesmo nome, passará a ter os seguintes limites: Direção Sul, partindo da propriedade "Tatu", no limite do Município de Boqueirão, seguindo pelo mesmo limite até a propriedade "Canudos", inclusive, daí na direção Oeste pela estrada de "Riacho de Santo Antônio" a "Riacho Fundo", até encontrar a Serra da Cruz, daí pelo divisor de águas da mesma serra até encontrar os limites do Município de Cabaceiras na propriedade "Cachoeira-Velha" e daí seguindo pela divisa com o Município de Cabaceiras na direção Norte (Riacho Bolão) até encontrar o Rio Paraíba e por este em direção Leste e a bacia do Açude "Epitácio Pessoa", encontrando a propriedade "Tatu".

Art. 3º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Palácio do Governo do Estado da Paraíba, em João Pessoa, 29 de dezembro de 1976; 88º da Proclamação da República.

Ivan Bichara Sobreira

Pela transcrição, percebe-se que praticamente toda a parte norte do território de Barra de São Miguel ficou pertencente ao distrito de Riacho Fundo. Em breve, trataremos desta divisão territorial na Lei Orgânica do Município, datada de 1990. 

João Paulo França, 18 de novembro de 2017.

Fonte:

Acervo de Rede Social
Acervo da Assembleia Legislativa da Paraíba. Site: http://www.al.pb.leg.br/leis-estaduais

Vamos viajar nos anos 1970 e 1980? Vamos de "misto"!


Nosso site volta nesta data às décadas de 1970 e 1980. Por meio de acervo e informações do Sr. Eduardo Belo Barbosa, popularmente conhecido como "Eduardo do misto", podemos observar um dos meios mais populares de deslocamento da população interiorana em várias décadas passadas. Provavelmente muitos de nossos jovens nunca ouviram falar do "misto" e de sua importância econômica e social em nossa região. Com alegria, vejamos a imagem do "misto" do Sr. Eduardo:

Acervo do Sr. Eduardo Belo Barbosa (Eduardo do "misto")
Esta fotografia foi realizada no Sítio Pindurão, entre as cidades de Santa Cruz do Capibaribe-PE e Barra de São Miguel-PB. Na mesma estariam moradores barrenses como Antônio Simião, Zeca Belé, Sr. Bento, Mariquinha de Amaro de Chica.
O Sr. "Eduardo do misto" ainda reside no Sítio Jaques, divisa de Caraúbas com Barra de São Miguel. Foi um personagem que marcou época na região Cariri fazendo a rota com este veículo para a cidade de Santa Cruz do Capibaribe, via Barra de São Miguel, na segunda-feira. De Caraúbas o mesmo fazia a linha para Campina Grande na terça e voltava na quarta-feira. Também saía na sexta e voltava no sábado. O mesmo recorda que fez viagens entre os anos de 1971 e 1983, ano que fez sua despedida da linha.
Entre as centenas de passageiros que transportou lembra diversos moradores da região, como os senhores Santiago, João do Jaque, Artur Arruda, Amaro de Chica, Zé Beco, Adaulto, Antonio Simião, dentre outros.
Tratando um pouco mais do caminhão "misto", com muita sensibilidade, Bernardo Issler faz o seguinte relato:

"Por "gênese" é um caminhão com dupla finalidade: transporta carga e passageiros. A cabine ou "boleia" é modificada, dando lugar a três ou quatro filas de bancos, cada uma recebendo cinco ou seis passageiros. Esta improvisação ocupa metade do comprimento do veículo. O restante da carroçaria recebe a carga. Sua importância é maior do que se supõe à primeira vista. Partindo de uma localidade que convenciona ser sede das atividades, faz a "linha" uma ou duas vezes por semana à capital do estado ou centro regional, distantes muitas vezes mais de quarenta léguas. Uma tabuleta de madeira, pintada a capricho, indica, do alto do pára-brisas, o destino: Misto Orós-Icó ou tantos outros: Jaguaribe-Ruças, Floriano-Oeiras-Picos, Jucás-Iguatu, Moçoró-Açu, etc. O motorista é figura de relevo, importante, popular e respeitado pelo seu grande valor "social". Por onde passa todos lhe conhecem, acenam, cumprimentam. Traz notícias, recados, cartas, bilhetes, volumes, etc.. . Basta pedir — seo João, me faz o favor de entregar lá no Croata, pra Maria do Socorro. . . — é uma carta de amor, escrita em letras trêmulas e disformes que o saudoso "cassaco" pede que entregue à sua namorada. Êle está trabalhando, já há tempo, na estrada que o DNOCS está abrindo".

A crônica completa sobre "o misto" pode ser acessada aqui  .

Tem mais alguma referência no nosso transporte? Será um prazer compartilhar por aqui.

João Paulo França, 07 de novembro de 2017.



Fonte:

Imagens e informações do Sr. Eduardo Belo Barbosa
ISSLER, Bernardo. O misto. Disponível em:  http://www.consciencia.org/o-misto-pau-de-arara-na-regiao-nordeste-do-brasil . Acesso em: 07 nov. 2017.