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  • 1960- Festa do Centenário da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Gravatá do Ibiapina-PE (Série Pela Região)

    Hoje voltamos ao ano de 1960 e encontramos a comunidade de Gravatá de Jaburu (atual Gravatá do Ibiapina) em festa. Trata-se do Centenário da construção da Capela de Nossa Senhora da Conceição, feito atribuído aos moradores locais, sob a inspiração de Padre Ibiapina. Vejamos o convite original para esta celebração:

    Programação da Festa do Centenário - Arquivo Pessoal

     Em parte do convite lemos:

    "CONVIDAMOS todos os filhos e amigos de Gravatá de Jaburú e Exmas. famílias para a grandiosa festa do Centenário da Capela de Nossa Senhora da Conceição em Gravatá e a grandiosa obra social do Pe. Ibiapina, à realizar-se de 21 à 24 de janeiro de 1960.

    Esperamos de V. Excia. Colaboração dedicada, tomando parte ativa em todos os atos religiosos e cívicos e aguardamos vossa contribuição generosa para esta festa do Centenário de nossa querida terra. Com uma grande benção de Nossa Senhora agradece.

    Cônego Otto Sailer"

    Assinado pelo Cônego Otto Sailer, pároco de Taquaritinga do Norte, podemos observar neste convite que uma extensa programação foi desenvolvida nos dias 21, 22, 23 e 24 de janeiro de 1960. Muitos nomes de moradores da localidade podem ser encontrados entre os responsáveis pelas festividades.
    Este certamente foi um evento que marcou a memória de muitos moradores da região. Quando criança, nas conversas dos adultos da família lembro de escutar diversas referências a esta festa. Em tom de anedota lembro do hipotético diálogo entre dois compadres:
    - Mas cumpade, que festa tão bonita, a do centenário de Gravatá de Jaburu!
    - Pois é cumpade, não vejo a hora de participar da próxima festa do centenário de novo!!!
    As risadas eram inevitáveis e em seguida eram mostrados muitos detalhes do festejo, as roupas, as celebrações religiosas e profanas e, principalmente para os padrões da época, a grande queima de fogos realizada.
    Segue uma imagem atual da igreja de Nossa Senhora da Conceição de Gravatá de Ibiapina:

    Igreja Nossa Senhora da Conceição de Gravatá de Ibiapina - Taquaritinga do Norte - PE.
    Para finalizar, observemos o detalhe na fachada, onde está inscrito o ano de construção do referido templo: 1860.

    Fachada da Igreja Nossa Senhora da Conceição de Gravatá de Ibiapina - Taquaritinga do Norte - PE.
    Apesar de pertencerem a estados diferentes, Pernambuco e Paraíba, a proximidade de pouco mais de 40 km entre Gravatá deIbiapina - PE e Barra de São Miguel - PB ao longo da história sempre foi vencida por muitos moradores que, nas feiras e festas religiosas sempre mantiveram intensa rede de comunicações e trocas comerciais.

    João Paulo França, 17 de março de 2018.

    Fonte:

    Acervo pessoal

    Vamos viajar nos anos 1970 e 1980? Vamos de "misto"!


    Nosso site volta nesta data às décadas de 1970 e 1980. Por meio de acervo e informações do Sr. Eduardo Belo Barbosa, popularmente conhecido como "Eduardo do misto", podemos observar um dos meios mais populares de deslocamento da população interiorana em várias décadas passadas. Provavelmente muitos de nossos jovens nunca ouviram falar do "misto" e de sua importância econômica e social em nossa região. Com alegria, vejamos a imagem do "misto" do Sr. Eduardo:

    Acervo do Sr. Eduardo Belo Barbosa (Eduardo do "misto")
    Esta fotografia foi realizada no Sítio Pindurão, entre as cidades de Santa Cruz do Capibaribe-PE e Barra de São Miguel-PB. Na mesma estariam moradores barrenses como Antônio Simião, Zeca Belé, Sr. Bento, Mariquinha de Amaro de Chica.
    O Sr. "Eduardo do misto" ainda reside no Sítio Jaques, divisa de Caraúbas com Barra de São Miguel. Foi um personagem que marcou época na região Cariri fazendo a rota com este veículo para a cidade de Santa Cruz do Capibaribe, via Barra de São Miguel, na segunda-feira. De Caraúbas o mesmo fazia a linha para Campina Grande na terça e voltava na quarta-feira. Também saía na sexta e voltava no sábado. O mesmo recorda que fez viagens entre os anos de 1971 e 1983, ano que fez sua despedida da linha.
    Entre as centenas de passageiros que transportou lembra diversos moradores da região, como os senhores Santiago, João do Jaque, Artur Arruda, Amaro de Chica, Zé Beco, Adaulto, Antonio Simião, dentre outros.
    Tratando um pouco mais do caminhão "misto", com muita sensibilidade, Bernardo Issler faz o seguinte relato:

    "Por "gênese" é um caminhão com dupla finalidade: transporta carga e passageiros. A cabine ou "boleia" é modificada, dando lugar a três ou quatro filas de bancos, cada uma recebendo cinco ou seis passageiros. Esta improvisação ocupa metade do comprimento do veículo. O restante da carroçaria recebe a carga. Sua importância é maior do que se supõe à primeira vista. Partindo de uma localidade que convenciona ser sede das atividades, faz a "linha" uma ou duas vezes por semana à capital do estado ou centro regional, distantes muitas vezes mais de quarenta léguas. Uma tabuleta de madeira, pintada a capricho, indica, do alto do pára-brisas, o destino: Misto Orós-Icó ou tantos outros: Jaguaribe-Ruças, Floriano-Oeiras-Picos, Jucás-Iguatu, Moçoró-Açu, etc. O motorista é figura de relevo, importante, popular e respeitado pelo seu grande valor "social". Por onde passa todos lhe conhecem, acenam, cumprimentam. Traz notícias, recados, cartas, bilhetes, volumes, etc.. . Basta pedir — seo João, me faz o favor de entregar lá no Croata, pra Maria do Socorro. . . — é uma carta de amor, escrita em letras trêmulas e disformes que o saudoso "cassaco" pede que entregue à sua namorada. Êle está trabalhando, já há tempo, na estrada que o DNOCS está abrindo".

    A crônica completa sobre "o misto" pode ser acessada aqui  .

    Tem mais alguma referência no nosso transporte? Será um prazer compartilhar por aqui.

    João Paulo França, 07 de novembro de 2017.



    Fonte:

    Imagens e informações do Sr. Eduardo Belo Barbosa
    ISSLER, Bernardo. O misto. Disponível em:  http://www.consciencia.org/o-misto-pau-de-arara-na-regiao-nordeste-do-brasil . Acesso em: 07 nov. 2017.

    1922 - Padre Ignácio Cavalcanti (Série "Pela Região")

    A nossa série "Pela Região" nos apresenta hoje uma passagem pela cidade de Taperoá-PB. Todavia, o que nos interessa nesta imagem? Veremos logo mais, por hora, observemos o recorte da Revista Era Nova do ano de 1922:

    Revista Era Nova - 22 de outubro de 1921


     Na legenda é possível ler:

    S. esc. ver. o arcebispo d. Adauto, ladeado de frei Eustachio e padre Ignacio Cavalcanti, vendo-se de pé, da esquerda para a direita, clérigo Severino Miranda, padre Octacilio (Pimenta?), conego Vicente (?), conego José Bethanio e seminarista Antonio Miranda. Todos da archidiocese da Parahyba, por ocasião da visita pastoral aquela localidade em 27 de agosto do corrente anno.

    Padre Ignácio
     Esta passagem da Revista Era Nova de 1921 nos mostra uma fotografia pousada do arcebispo D. Adauto em uma visita pastoral na cidade de Taperoá-PB. Dentre aqueles que o rodeiam, destacamos o Padre Ignácio Cavalcanti (recorte ao lado).
    Antes da criação da Paróquia de São Pedro de Caraúbas, em 1923, a capela de São Miguel era ligada a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Cabaceiras, de onde vinham os padres para celebrar em Barra de São Miguel. Dentre estes sacerdotes, destacou-se na memória do povo o Padre Ignácio Cavalcanti, ou simplesmente "Padre Ignácio", que era o Vigário de Cabaceiras e de lá saia à cavalo para celebrar em todo o Município, inclusive, nas capelas dos atuais limites de Barra de São Miguel.

    Por fim, segundo nossas pesquisas, o Padre Ignácio Cavalcanti nasceu em 04 de junho de 1874 e faleceu em 16 de dezembro de 1955.

    João Paulo França, 30 de setembro de 2017.

    Fonte:

    Revista Era Nova. Edição de 15 de novembro de 1921 e do ano de 1922. Disponível em: http://www.cchla.ufpb.br/jornaisefolhetins/acervo.htm. Acesso em 10 de março de 2017.

    1921 - Mais uma olhada em Cabaceiras (Série "Pela Região")

    Com alegria, mais uma vez voltamos ao Município "mãe" de Barra de São Miguel, ou seja, a "velha" Cabaceiras, para conhecermos um pouco de sua arquitetura histórica.
    Em nossas pesquisas, encontramos a seguinte imagem:

    Revista Era Nova: 15 de setembro de 1921

    Como podemos observar no recorte, na legenda se lê: "Rua Epitácio Pessoa". Esta é mais uma preciosidade que encontramos na Revista Era Nova, da então cidade da Parahyba (atual João Pessoa).
    Casarões com belos frontões, calçadas delimitadas, rua sem calçamento e um bom número mudas de árvores alinhadas e protegidas por pequenas cercas, este é o cenário desta rua, pela qual certamente passaram muitas das histórias dos antepassados desta região caririzeira.

    João Paulo França, 15 de julho de 2017.


    Fonte:

    Revista Era Nova. Edição de 15 de setembro de 1921. Disponível em: http://www.cchla.ufpb.br/jornaisefolhetins/acervo.htm. Acesso em 10 de março de 2017.

    1923 - "Charanga" de Cabaceiras (Série "Pela Região")

    Continuando nossa passagem "pela região", hoje observaremos duas imagens que muito nos diz da cultura da década de 1920 no Cariri paraibano. 
    Vejamos o seguinte recorte da Revista Era Nova:

    Revista Era Nova - 01 de julho de 1923
    Nesta página do recorte se lê: "Em Cabaceiras Charanga Dr. Antônio Massa". Trata-se assim de um importante registro que nos mostra como eram conhecidas as bandas de música à época, ou seja, as "Charangas". Também vemos como a mesma era organizada, com fardamento e instrumental completos.

    Dividindo suas fontes conosco, o amigo Ginaldo Nóbrega nos mostra a mesma imagem, porém com mais detalhes, vejamos:

    Arquivo Ginaldo Nóbrega

    Na fotografia original percebemos mais um pouco da organização desta charanga cabaceirense: a mesma dispunha de uma sede com identificação, como é visivel na fachada da casa onde o fotógrafo registrou este instante. Infelizmente, no canto superior central do frontão o "tempo" apagou o registro da data da fundação desta banda musical.
    Fica ainda uma questão: quem seria o Dr. Antônio Massa?

    João Paulo França, 27 de junho de 2017.


    Fonte:

    Acervo particular de Ginaldo Nóbrega
    Revista Era Nova, 01 de julho de 1923. Disponível em: http://www.cchla.ufpb.br/jornaisefolhetins/acervo.html . Acesso em 10 de março de 2017.

    1921 - Caraúbas- PB (Série "Pela Região")

    Hoje temos uma imagem "rara" para o ano de 1921. Trata-se da paisagem natural do nomeado "Boqueirão dos Campos". Vejamos:  

    Revista Era Nova - 01 de outubro de 1921
     Na legenda da fotografia se lê: "Boqueirão dos Campos Caraúbas".

    Como podemos observar trata-se de um registro da Revista Era Nova, do ano de 1921, feita no leito de uma passagem d'água.
    Esta seria a região do local onde posteriormente foi construído o Açude dos Campos, no hoje Município de Caraúbas?

    João Paulo França, 03 de maio de 2017.

    Fonte:

    Revista Era Nova. Edição de 01 de outubro de 1921. Disponível em: http://www.cchla.ufpb.br/jornaisefolhetins/acervo/Era_Nova_1921_ano_I/ERA_NOVA_01_10_1921.pdf .Acesso em 10 de março de 2017. Atualizado em 04 de maio de 2017.

    1902 - A "Pedra da Pata" no "Almanak Litterario e Estatistico do Rio Grande do Sul" - Série "Pela Região"

    "Emquanto o viajante pára contemplando aquella admirável creação da natureza, ella, do cimo elevadíssimo da rocha de granito, qual esfinge egypcia, parece cheia de vida alçar o collo e o olhar embeber demoradamente na curva longínqua do rio". F. Cavalcanti (Cabaceiras – Parahyba)

    Esta descrição da "Pedra da Pata" feita por Faustino Cavalcanti está no Almanak Litterario e Estatistico do Rio Grande do Sul, do ano de 1902.

    Nesta matéria voltamos nossa atenção para uma das Comunidades mais antigas da região e que ainda há muito por conhecer de seu passado. Trata-se da comunidade da Pata. A seguir, vejamos uma imagem atual deste povoado:

    Fotografia 1 - Comunidade da Pata - Vista frontal - 28 de março de 2017
    Esta é a visão frontal da Comunidade da Pata a partir da chegada pela estrada de Barra de São Miguel- PB. Ao centro da fotografia, no alto do monte vemos a famosa "Pedra da Pata", que nomeia o lugar. Todavia, este povoado tem uma característica própria que é a sua divisão entre dois municípios: Barra de São Miguel, pelo lado sul da "Pedra da Pata" e, Cabaceiras, pela parte norte da referida formação rochosa.
    Há exatos cento e quinze anos, quando a Comunidade ainda não era dividida pelas águas da represa do Açude Epitácio Pessoa (o Açude de Boqueirão) e a divisão dos municípios de Barra de São Miguel e Cabaceiras ainda não existia, o viajante, "touriste", "Faustino Cavalcanti" fez a seguinte descrição do ambiente que o mesmo enxergou:

    Fotografia 2 - Página 162 do Almanak Literario e Estatístico do RS - 1902
    A seguir, apresentamos a Capa do Almanak Literario e Estatístico do Rio Grande do Sul do ano de 1902 e transcrevemos na íntegra as impressões narradas pelo autor na página 162:

    A PATA

    Capa do Almanak de 1902
    Demora a 12 kilometros desta villa de Cabaceiras, o trecho do rio Parayba, conhecido pela denominação que serve de epigraphe a estas linhas.
    Foi uma ribeira das mais ricas deste município, como diz o povo em sua gíria, quando quer designar esses núcleos pastoris e agrícolas das margens dos rios; agora, porem, devido as grandes secas, achasse em completa decadência.
    Ao longo das escarpadas e pedregosas margens do rio, na extensão de uns três quilômetros, restam ainda, como para atestarem a opulência passada, velhos casarões, curraes e cercados de pau a pique, luctando contra a acção devastadora do tempo.  
    Não podemos precisar a data da fundação de suas primeiras fazendas, que deve ter sido posterior à de Cabaceiras. 
    Da origem ao seu nome, como veremos em seguida, uma causa toda natural. 
    A poucos passos do barranco do lado esquerdo do rio, no centro da ribeira, eleva-se uma enorme rocha de granito em forma de pyramide, a qual pode ser vista do oriente, a 6 kilometros de distancia. 


    No cimo da rocha ligeiramente inclinada ao norte está colocada uma pedra de uns 10 metros de comprimento, recostada noutras menores, e que tem a mais exacta configuração de uma pata.

    Emquanto o viajante pára contemplando aquella admirável creação da natureza, ella, do cimo elevadíssimo da rocha de granito, qual esfinge egypcia, parece cheia de vida alçar o collo e o olhar embeber demoradamente na curva longínqua do rio.

    E faço ponto nestas apreciações de simples touriste, para não tomar maior espaço neste precioso Almanak.

    F. Cavalcanti (Cabaceiras – Parahyba)


    Ressalto mais uma vez que esta bela descrição foi publicada em 1902. Provavelmente o autor, Faustino Cavalcanti, descreveu o caminho que percorreu até a Comunidade da Pata pelo atual lado de Cabaceiras, todavia, o cenário que o mesmo enxergaria seria uno, afinal, a comunidade ainda não era dividida geograficamente (pelo açude de Boqueirão), nem politicamente (Pata de "Loló", do lado de Cabaceiras, e "Pata de Lula", pelo lado de Barra de São Miguel.

    Para concluir, vejamos o detalhe da "Pedra da Pata", que focamos pela chegada de Barra de São Miguel:

    Fotografia 3 - Pedra da Pata, vista pelo lado de Barra de São Miguel
    A separação política desta região aconteceu em 1961, com a emancipação do Município de Barra de São Miguel, todavia, os moradores e famílias que residem na região mantêm intenso contato, com a realização das mais diversas atividades econômicas, culturais e políticas, além das uniões familiares em ambos os lados do rio Paraíba.

    Em breve, postaremos mais relatos de viagens e impressões narradas por Faustino Cavalcanti na primeira década do século XX.

    João Paulo França, 03 de abril de 2017 (Atualizado em 04 de abril de 2017).

    Fonte:

    Almanak Litterario e Estatistico do Rio Grande do Sul - Organizado por Alfredo Ferreira Rodrigues. Disponível no site da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.