Prosseguindo nossa série sobre as passagens do bando de Antônio Silvino por Barra de São Miguel e suas adjacências, vejamos uma interessante nota que narra a passagem do cangaceiro nas fazendas Melancia, no atual território barrense; na fazenda Jacques, divisa contemporânea com o município de Caraúbas; e na "fazenda" Pará, no atual território pernambucano de Santa Cruz do Capibaribe, tudo isto no ano de 1907.
Vejamos o relato do Jornal Pequeno, de Recife:
Antonio Silvino
Escrevem-nos:
No encontro que Antonio Silvino teve com a força federal, comandada pelo sargento Ferreira, nas proximidades do povoado Queimadas de Campina Grande, recebeu o bandido, pequeno ferimento, correndo para a fazenda Melancia do major Aurelio da Barra de São Miguel, onde demorou-se três dias; dali refugiou-se na fazenda ‘Jaques’ de Pedro de Sant’Anna, quatro ou cinco léguas ao sul da fazenda ‘Melancia’; ali passando cinco dias seguindo para a fazenda Pará, três léguas acima, onde recebeu uma carta do capitão Joca de Jundiahy de Bom Jardim, dizendo-lhe que o amigo procurasse guardar-se até que o Sigismundo se retirasse do Governo, para então voltar a Bom Jardim e se executar o que já haviam combinado.
Na fazenda Pará, Antonio Silvino teve noticias do comboio de mercadorias do sr. Lucas Donato e pouco teve que se demorar para comsumar o atentado que cometeu contra a propriedade do mesmo sr. Lucas e do qual já todos os jornaes deram noticia.
Consumado o atentado acima falado, Antonio Silvino seguio para a Serra da Colonia, no Pajeú, terra de seu nascimento e de sua familia.
Este foi o relato descrito no periódico pernambucano "Jornal Pequeno". Sobre imagens dos locais dessa ação, reproduzimos a seguir uma fotografia do tempo presente, para ilustrar essa matéria:
Sede do Assentamento Bom Jesus - Barra de São Miguel |
Uma ressalva feita pelo sr. Murilo é que seu pai nunca fez referência que Antônio Silvino pernoitou nesta fazenda onde hoje é o assentamento, ou mesmo nas terras de seu avô, no sítio Melancia, tendo passado pelas imediações e que, apenas alguns dos cabras teriam ido por lá, pedir dinheiro.
Todavia, tendo em vista que seu pai era uma criança de 04 anos na época dos fatos, em 1907, é provável que soubesse apenas de histórias contadas pelos mais idosos que viveram na época, que podem ter silenciado sobre muitos fatos vivenciados no cotidiano.
João Paulo França, 31 de maio de 2021
ATUALIZAÇÃO em 07 de junho de 2021:
Como mencionado na matéria do Jornal Pequeno de 05 de julho de 1907, o bando de Antônio Silvino também passou pela fazenda Jacques, citada como de propriedade de "Pedro de Sant'Anna". Para termos noção visual desta localidade, dispomos a seguir de acervo e das informações enviadas pelo colaborador e familiar de Pedro Santana, o jornalista Eduardo Belo Barbosa Júnior. Vejamos:
Primeira casa da comunidade do Jacques - Acervo: Jornalista Eduardo Belo
Segundo o jornalista Eduardo Belo, essa é a primeira casa da Fazenda Jacques, logo, foi o local onde Antônio Silvino fez pousada em suas passagens pela propriedade. Ressalte-se que esta era a residência dos irmãos, Francisca, Fausto e Jóia, que posteriormente, passou a ser morada do seu avô, Oscar Cavalcante Neves, que era sobrinho dos três irmãos mencionados e filho de João Pedro de Santana.
A seguir, mais uma residência da localidade:
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Residência de João Pedro de Santana. Acervo: Jornalista Eduardo Belo |
Por fim, vejamos mais uma residência do sítio Jacques:
A casa apresentada nesta última imagem, era a residência do sr. "Ze Pedro", irmão de João Pedro de Santana. Destaque-se que as sólidas construções apresentadas são as três residências mais antigas do sítio Jaques, nomeado à época, 1907, apenas de Fazenda Jacques. Residência de 'Zé Pedro'. Acervo: Jornalista Eduardo Belo.
Agradecemos a inestimável contribuição do jornalista Eduardo Belo Barbosa Júnior, ao mesmo tempo que saudamos os familiares e descendentes dos pioneiros da comunidade do Jacques, que fica na divisa entre Barra de São Miguel e Caraúbas, por preservar e conservar seu patrimônio histórico e arquitetônico.
João Paulo França, 07 de junho de 2021.
Fonte:
JORNAL Pequeno. Recife, sexta-feira, 05 de julho de 1907. Ano 9, nº 149, p. 2.
Informações do sr. Murilo Corrêa de Araújo.
Informações e acervo de Eduardo Belo Barbosa Júnior.
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Muito louvadas suas informações meu caro João Paulo. Barra de São Miguel era porta principal para entrada de cangaceiros pernambucanos na região do Cariri Oriental. Formado territorialmente pelo antigo município de Cabaceiras-PB.
ResponderExcluirObrigado NCASTRO pelas palavras, incentivos e informações mencionadas. Continuemos a contar nossas histórias.
ResponderExcluirQue maravilha saber um pouco de história dessa região pois naci na cachoeira e não sabia nada disso
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