Casamentos no início do século XX em Barra de São Miguel - PB

O nosso portal de memórias é construído coletivamente com a contribuição dos leitores, seja com informações e arquivos pessoais, seja com fotografias e imagens de Barra de São Miguel. Todavia, não nos limitamos apenas a estas fontes e também pesquisamos em diversos meios digitais e arquivos físicos, como o Fórum, as Câmaras Municipais, os livros paroquiais, etc.

A introdução desta nossa conversa é para mostrar duas descobertas que realizamos recentemente, com o auxílio de muitas pessoas que administram ou simplesmente amam a pesquisa histórica.

Os leitores mais atentos devem lembrar destes dois casamentos que passamos a mostrar:

Casamento 01 - Na matéria A Primeira Fotografia no Município de Barra de São Miguel? (Acesse aqui) mostramos uma matéria do Jornal "O Malho" na edição nº 374 de 13 de novembro de 1909. Segue a imagem: 

Imagem 01

Após pesquisa no Livro de Casamentos da Paróquia de Cabaceiras, a qual a Barra de São Miguel pertencia à época da fotografia, encontramos o seguinte registro:

Imagem 02

 Neste documento de época, conseguimos fazer a seguinte leitura:

Aos vinte dois dias  de setembro de mil novecentos e nove, depois de feitas as proclamações de estilo, na Fazenda Bichinho, dei minha licença perante as testemunhas João Jorge Pereira Tejo e Octaviano Pereira Tejo, o vigário João Tavares de Moura assistiu ao recebimento matrimonial dos (?) Eduardo Ferreira filho legítimo de Quirino Eduardo Ferreira, falecido, e dona Joaquina da Conceição, com Maria Melchiades Ferreira Pedrosa, filha legitima de Pedro Ferreira Pedrosa e dona Maria Melchiades Pedrosa. O nubente é natural e morador na Freguesia de São João do Cariry, a nubente é natural e moradora nesta Freguesia. No dia seguinte celebrei missa pelos (?), e dei as bênçãos (?): para constar fiz este que assigno. Vigario José Cabral


Para facilitar a exposição nesta matéria, colocamos na mesma imagem o final da página 88 e o início da página seguinte, do citado "Livro de Casamentos da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e São Bento, de Cabaceiras". Com esta pesquisa complementar conseguimos ampliar nosso conhecimento deste evento retratado na imagem do jornal. 
Nos chama a atenção que o casamento aconteceu em 22 de setembro de 1909 e pouco tempo depois, em 13 de novembro do mesmo ano, já estava em uma das páginas do jornal carioca, "O Malho", o que certamente reforça nossa compreensão acerca da influência econômica e financeira da família Tejo na região. Por hora, esta continua a ser a imagem datada mais antiga que encontramos sobre Barra de São Miguel.


Imagem 03

Esta fotografia é do arquivo particular da Sra. Ermira Maria de Fátima Pinto e com as informações desta e da Sra. Maria das Dores Quirino (Dorinha de Bibi), conseguimos estimar sua datação na segunda década do século XX. Estas informações iniciais foram primordiais para encontramos o seguinte registro no "Livro de Casamentos da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e São Bento, de Cabaceiras":

Imagem 04
 Neste fragmento, podemos ler:

Aos desessete de Dezembro de mil novecentos e quatorze na Fazenda São Francisco perante as testemunhas Francisco Alexandre dos Santos e Luis Alves da Silva, casamento de Joaquim Quirino Ferreira e Maria Ferreira Canejo, ele filho legitimo de Quirino Eduardo Ferreira e Joaquina Maria da Conceição, natural e residente na Freguesia de S. João do Cariry; ella filha legitima de Francisco Ezequiel Pereira Canejo, falecido, e Theresa Pereira de Jesus, natural e residente nesta Freguesia. Para constar foi assento que assigno. Vigário José Cabral.

Mais uma vez optamos por unir os fragmentos do final da página 163, com o início da página seguinte do livro pesquisado. Com este documento chegamos enfim a datação correta da Imagem 03, que seria do dia 17 de dezembro de 1914.
Nos chama a atenção que, passados cinco anos de um casamento para outro, os cenários são diferentes, (Fazenda Bichinho, o primeiro e, Fazenda São Francisco, o segundo), mas há coincidência que os noivos são irmãos, no caso, Eduardo Ferreira e Joaquim Quirino Ferreira, são filhos de Quirino Eduardo Ferreira e Joaquina Maria da Conceição, ambos declarados como "natural e residente na Freguesia de S. João do Cariry".

Para concluir externamos nossos agradecimentos a todos que colaboraram com as imagens e informações, em especial, pelo incentivo e disponibilidade à pesquisa, agradeço ao Padre João Jorge Rietveld, que atualmente está a frente da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e São Bento de Cabaceiras.

João Paulo França, 12 de abril de 2017

Fonte:


Acervo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição e São Bento de Cabaceiras. Livro de Casamentos, número 04.
Acervo particular e entrevista com a Sra. Ermira Maria de Fátima Pinto em 10 de maio de 2016.
Entrevista da Sra. Maria das Dores Quirino (Dorinha de Bibi) em 31 de maio de 2016. 
Jornal “O Malho”. Casamentos no Interior. Rio de Janeiro, edição nº 374 de 13 de novembro de 1909, disponível em http://memoria.bn.br.

2004 - "Sangria" do Açude Riacho do Bichinho

Neste momento em que o caririzeiro faz suas preces pedindo as chuvas para a região, recordamos um ano muito "bom de inverno", que ainda permeia as lembranças dos barrenses: 2004.
Vejamos as fotografias daquele período:

Imagem 1 - Visão geral do Açude R. Bichinho (Arquivo Pessoal)
Como é visível na imagem 1, no ano de 2004 o Açude Riacho do Bichinho chegou a sua capacidade máxima, cobrindo "a pedra do meio" e juntando em sua parede os detritos trazidos pelas enchentes dos riachos que desaguam no reservatório.
Observemos de um novo ângulo a beleza natural da região do açude:

Imagem 2 - (Arquivo de Jeová Pinto)
Nesta imagem 2, feita a partir do antigo traçado da estrada para Campina Grande, podemos contemplar a paisagem completamente "verde" atrás da parede do açude.
Vejamos a fotografia seguinte:

Imagem 3 - (Arquivo de Jeová Pinto)
Este ângulo da imagem 3 é espetacular e nos mostra a correnteza do Riacho do Bichinho, que corre por trás da Rua São Miguel. Esta é a saída da cidade para Campina Grande, que por diversos dias ficou interditada em virtude da grande sangria do açude naquele ano de 2004.
Por fim, observemos mais uma fotografia:

Imagem 4 - (Arquivo de Jeová Pinto)
Esta imagem 4 é bastante emblemática e com certeza desperta a atenção dos barrenses que sonham com a "sangria do açude" para passar os dias a contemplar a vazão da água pelo sangradouro, ao mesmo tempo que comemoram com o tradicional banho nas águas correntes.

Nosso agradecimento ao Sr. Jeová Pinto pela cessão das belas imagens que captam um pouco do anseio anual do barrense: ver o açude "sangrando".

Tem imagens de outras "sangrias do açude"? Compartilhe conosco.

João Paulo França, 09 de abril de 2017.

Fonte:

Arquivo do Sr. Jeová Pinto
Arquivo pessoal

1902 - A "Pedra da Pata" no "Almanak Litterario e Estatistico do Rio Grande do Sul" - Série "Pela Região"

"Emquanto o viajante pára contemplando aquella admirável creação da natureza, ella, do cimo elevadíssimo da rocha de granito, qual esfinge egypcia, parece cheia de vida alçar o collo e o olhar embeber demoradamente na curva longínqua do rio". F. Cavalcanti (Cabaceiras – Parahyba)

Esta descrição da "Pedra da Pata" feita por Faustino Cavalcanti está no Almanak Litterario e Estatistico do Rio Grande do Sul, do ano de 1902.

Nesta matéria voltamos nossa atenção para uma das Comunidades mais antigas da região e que ainda há muito por conhecer de seu passado. Trata-se da comunidade da Pata. A seguir, vejamos uma imagem atual deste povoado:

Fotografia 1 - Comunidade da Pata - Vista frontal - 28 de março de 2017
Esta é a visão frontal da Comunidade da Pata a partir da chegada pela estrada de Barra de São Miguel- PB. Ao centro da fotografia, no alto do monte vemos a famosa "Pedra da Pata", que nomeia o lugar. Todavia, este povoado tem uma característica própria que é a sua divisão entre dois municípios: Barra de São Miguel, pelo lado sul da "Pedra da Pata" e, Cabaceiras, pela parte norte da referida formação rochosa.
Há exatos cento e quinze anos, quando a Comunidade ainda não era dividida pelas águas da represa do Açude Epitácio Pessoa (o Açude de Boqueirão) e a divisão dos municípios de Barra de São Miguel e Cabaceiras ainda não existia, o viajante, "touriste", "Faustino Cavalcanti" fez a seguinte descrição do ambiente que o mesmo enxergou:

Fotografia 2 - Página 162 do Almanak Literario e Estatístico do RS - 1902
A seguir, apresentamos a Capa do Almanak Literario e Estatístico do Rio Grande do Sul do ano de 1902 e transcrevemos na íntegra as impressões narradas pelo autor na página 162:

A PATA

Capa do Almanak de 1902
Demora a 12 kilometros desta villa de Cabaceiras, o trecho do rio Parayba, conhecido pela denominação que serve de epigraphe a estas linhas.
Foi uma ribeira das mais ricas deste município, como diz o povo em sua gíria, quando quer designar esses núcleos pastoris e agrícolas das margens dos rios; agora, porem, devido as grandes secas, achasse em completa decadência.
Ao longo das escarpadas e pedregosas margens do rio, na extensão de uns três quilômetros, restam ainda, como para atestarem a opulência passada, velhos casarões, curraes e cercados de pau a pique, luctando contra a acção devastadora do tempo.  
Não podemos precisar a data da fundação de suas primeiras fazendas, que deve ter sido posterior à de Cabaceiras. 
Da origem ao seu nome, como veremos em seguida, uma causa toda natural. 
A poucos passos do barranco do lado esquerdo do rio, no centro da ribeira, eleva-se uma enorme rocha de granito em forma de pyramide, a qual pode ser vista do oriente, a 6 kilometros de distancia. 


No cimo da rocha ligeiramente inclinada ao norte está colocada uma pedra de uns 10 metros de comprimento, recostada noutras menores, e que tem a mais exacta configuração de uma pata.

Emquanto o viajante pára contemplando aquella admirável creação da natureza, ella, do cimo elevadíssimo da rocha de granito, qual esfinge egypcia, parece cheia de vida alçar o collo e o olhar embeber demoradamente na curva longínqua do rio.

E faço ponto nestas apreciações de simples touriste, para não tomar maior espaço neste precioso Almanak.

F. Cavalcanti (Cabaceiras – Parahyba)


Ressalto mais uma vez que esta bela descrição foi publicada em 1902. Provavelmente o autor, Faustino Cavalcanti, descreveu o caminho que percorreu até a Comunidade da Pata pelo atual lado de Cabaceiras, todavia, o cenário que o mesmo enxergaria seria uno, afinal, a comunidade ainda não era dividida geograficamente (pelo açude de Boqueirão), nem politicamente (Pata de "Loló", do lado de Cabaceiras, e "Pata de Lula", pelo lado de Barra de São Miguel.

Para concluir, vejamos o detalhe da "Pedra da Pata", que focamos pela chegada de Barra de São Miguel:

Fotografia 3 - Pedra da Pata, vista pelo lado de Barra de São Miguel
A separação política desta região aconteceu em 1961, com a emancipação do Município de Barra de São Miguel, todavia, os moradores e famílias que residem na região mantêm intenso contato, com a realização das mais diversas atividades econômicas, culturais e políticas, além das uniões familiares em ambos os lados do rio Paraíba.

Em breve, postaremos mais relatos de viagens e impressões narradas por Faustino Cavalcanti na primeira década do século XX.

João Paulo França, 03 de abril de 2017 (Atualizado em 04 de abril de 2017).

Fonte:

Almanak Litterario e Estatistico do Rio Grande do Sul - Organizado por Alfredo Ferreira Rodrigues. Disponível no site da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

O time "Ouro Preto": do Sítio Logradouro para toda a Barra de São Miguel - PB (Parte 2)

Com alegria nesta data voltamos nossa atenção para o Sítio Logradouro, para conhecermos mais um pouco dos jovens que formavam o time do "Ouro Preto".
Antecipo os agradecimentos a Sra. Margarida da Silva ("Guida de Nena") que gentilmente cedeu a seguinte fotografia de seu acervo:

Imagem 1: Time do Ouro Preto do Sítio Logradouro

Segundo a Sra. Guida, na imagem se encontram:

Em pé da esquerda para a direita: Demar de Simplício, Assis Paca, Miro (irmão de Demar), Luizinho de João Diornio, Raimundo Henrique, João de Francelino e Luiz Henrique
Agachados: Cloves Cavalcante,  Zezé Pereira, Osvaldo Paca e Manuel de Francelino.

Não temos a data exata da fotografia, mas como já sabemos, esta equipe animou os campos da região de Barra de São Miguel na década de 1970.

Para conhecer um pouco mais da história do time do Ouro Preto, sugerimos a leitura do artigo O time "Ouro Preto": do Sítio Logradouro para toda a Barra de São Miguel - PB (Parte 1).

Tem uma imagem de Barra de São Miguel? Que tal dividir conosco?
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 João Paulo França, 28 de março de 2017


Fonte:

Acervo da Sra. Margarida da Silva - "Guida de Nena".