Cândido Casteliano: a nomenclatura da avenida principal de Barra de São Miguel nos dias atuais, todavia, quem foi este personagem histórico? Qual sua ligação com a cidade? Em que época viveu? Qual ou quais os seus legados? Estas e outras questões podem ser respondidas a partir do texto biográfico produzido pelo pesquisador José Silvio Gomes, que se encontra exposto no Museu Municipal David Ferreira. A seguir, expomos imagens de Cândido Casteliano e sua residência em Barra de São Miguel:
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Imagem 1 - Acervo do Museu Municipal David Ferreira |
Vejamos a imagem e a transcrição do texto "Cândido Casteliano", escrito em 2005 por José Silvio Gomes:
CÂNDIDO CASTELIANO
Nasceu em 03 de outubro
de 1875, no povoado de Barra de São Miguel, distrito de Cabaceiras, na então
província da Paraíba era filho de Marçal Bezerra da Silva e Joaquina Maria de
Jesus, mais conhecida por Tininha, eram seus irmãos, Joaquim Marçal, João
Marçal, Mássimo Bezerra, Marcelino e Maria Joaquina da Conceição, também
chamada de Mariazinha, esta se casou com Francisco Pinto da Silva, originando a
família Pinto da Barra de São Miguel.
Cândido se casou com Bazilissa, ela com 19 anos e ele com
20 anos, o casamento realizou-se na Capela de São Miguel, no ano de 1895.
Cinco anos depois, no ano de 1900, nasceria um menino
batizado com nome de Luiz e dois anos depois uma menina que a família chamava
de Lalinha. Ambos nasceram na casa de residência do casal, a primeira casa
construída no início da rua mais estreita, já que só havia uma única rua na
vila da Barra de São Miguel, esta bastante larga. Atualmente é a primeira casa
da rua Thomas de Aquino, situada em frente ao prédio da Prefeitura Municipal.
Era o mais importante comerciante da vila e na sua loja
anexa a casa residencial vendia fazendas (tecidos), miudezas (aviamentos),
ferragens e outros bens de consumo da época. Exercia o cargo de delegado de
polícia na vila de Barra de São Miguel, quando no dia 21 de maio de 1906, foi
vítima do famigerado cangaceiro Antônio Silvino, que o manteve refém durante
horas, com um punhal na sua garganta e estava decidido a sangrá-lo, mas a
súplica, que de joelhos sua mãe fizera diante do cangaceiro o salvou a vida.
Solicitou ao governo estadual uma força militar, mais bem
equipada e com mais homens, capaz de perseguir e prender Antônio Silvino, mas
não foi atendido.
Desprestigiado pelo próprio governo ao qual servia,
entregou o cargo de subdelegado e preocupado com a sua segurança pessoal, já
que a diminuta força policial da vila não teria condição de conter um novo
ataque dos cangaceiros. Neste mesmo ano de 1906, vendeu todos os seus bens
imobiliários e em companhia da sua mulher e dos seus dois filhos, deixou
definitivamente a vila da Barra de São Miguel e foi morar na cidade de Patos.
Do ponto de vista comercial foi uma decisão acertada, sobretudo pela posição
geográfica magnífica desta cidade, sem igual no sertão da Paraíba. No período
de 1909 a 1932, Patos passou de 173 para 1.110 casas, cresceu em média 8,42% ao
ano, de todas as cidades da Paraíba, só Campina Grande teve crescimento
semelhante, passou de 820 para 5.257 casas, cresceu 8,41% ao ano, enquanto a
vila de Cabaceiras, passou de 95 para 155 casas, cresceu em média 2,15% ao ano.
Bazilissa faleceu aos 37 anos de idade, na cidade de
Patos, no ano de 1913, deixando órfãos os menores, Luiz com 13 anos e Lalinha
com 11 anos e ele viúvo aos 38 anos de idade. Não sabemos de voltou a casar
novamente.
No ano de 1917 Luiz cursava o ensino médio na capital
paraibana, também chamada Paraíba, sendo escolhido o melhor aluno entre os 334
do Colégio Diocesano Pio X, onde era um dos internos, foi laureado com a
medalha do mérito escolar, que recebeu das mãos do presidente da Paraíba de
então, Camilo de Holanda. Neste educandário foi colega de Firmino Leite,
Oswaldo Trigueiro, Alcides carneiro e outros. Posteriormente foi estudar
medicina no Rio de Janeiro, onde se formou no fim do ano de 1926, casou-se com
Irma, uma portuguesa radicada no Brasil, tiveram filhos, morou e clinicou na
cidade maravilhosa, onde morreu nos fins dos anos 80 do século passado, mas
nunca esqueceu a casa onde nasceu e morou até os seis anos, a Capela de São
Miguel e o cruzeiro da sua frente, este segundo Cândido era a obra de seu irmão
Mássimo, o único marceneiro da Barra no fim do século XIX. As lembranças da sua
terra querida, as quais traduziu em versos estão no livro Castelo de Ilusões,
publicado no ano de 1971.
Ainda em vida, Cândido teve a grande alegria de saber,
que seu filho Luiz concluíra o curso de medicina, o primeiro da cidade de
Patos, como também o primeiro filho da Barra a formar-se médico.
Morreu na cidade de Patos, aos 57 anos de idade, no ano
de 1932
Por: José Silvio
Gomes, Santa Cruz do Capibaribe, 26 de setembro de 2005
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Fonte:
Acervo do Museu Municipal David Ferreira. Texto "Cândido Casteliano" de José Silvio Gomes.